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Exposições de Goya e Ohtake chegam à capital

Arquivo Geral

10/01/2018 18h29

Gravuras fazem parte da coleção Disparates, últimas obras gráficas de Goya, e retratam violência, sexo e críticas ao clero e ao absolutismo. Foto: Divulgação

Larissa Galli
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A Caixa Cultural abriga, a partir de hoje, duas importantes exposições. Ares internacionais chegam com as obras do espanhol Francisco Goya na exposição Loucuras Anunciadas, que fica em cartaz até o dia 4 de março. A mostra é composta por um conjunto de 19 gravuras – última obra gráfica do artista e que revela seu período mais obscuro. Já Cor e Corpo, que também abre hoje, na Galeria Principal, reúne 48 obras que traçam a história de Tomie Ohtake.

Realizadas entre os anos de 1815 e 1820, inspiradas pela luz da lua e com a técnica produzidas em chapas de metal, as gravuras de Goya fazem uma crítica ao poder absolutista, à violência do estado, à opressão religiosa e às instituições da época. “Goya fez a gravuras e deixou as chapas e algumas provas em um baú”, explica a curadora Mariza Bertoli. “As gravuras só foram impressas por volta de 1860”.

As gravuras expostas são a primeira tiragem das obras. Pela cronologia, o artista se encaixa no movimento Romântico, mas Mariza destaca as várias facetas do pintor. “Ele é naturalista, realista e possuiu também características do Expressionismo – movimento que nasceu 100 anos depois – nas gravuras de Loucuras Anunciadas“, conta. Segundo ela, o artista foi responsável por modernizar a arte espanhola.

A série de obras recebeu o nome de Disparates, marcada por loucuras anunciadas de difícil interpretação, versões oníricas, sexo e alguns momentos de júbilo. As gravuras estão distribuídas conforme o tema e apelo simbólico. A primeira da série é Disparate Fúnebre, o que, segundo a curadora, pode ser interpretado como o momento de renascimento artístico de Goya.

Interação

As fantasias de Francisco Goya não ficam apenas entre as molduras dos quadros. Pensando na interatividade com o público, a exposição oferece máscaras e asas para que os visitantes se sintam dentro de uma gravura do espanhol. Além disso, duas grandes gravuras foram impressas para que as pessoas se fotografem diante das imagens.

Uma delas conta com sacos, assim como na gravura original intitulada Os Ensacados, que, de acordo com a curadora, busca mostrar como se sentem as pessoas oprimidas. Na exposição, os visitantes podem entrar dentro de sacos para aumentar a experiência estética da obra da arte. A outra é uma reprodução de Disparate da Lealdade.

O artista perdeu a audição aos 46 anos e algumas das gravuras de Loucuras Anunciadas refletem a sensação de surdez do espanhol.

Nipo-brasileira ganha retrospectiva

Arte abstrata de Tomie é representada, na mostra que chega a Brasília, por 40 gravuras, cinco pinturas e três esculturas. Foto: Divulgação

A japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake (1913-2015) é um ícone do abstracionismo brasileiro. Artista que conjugava cores fortes com traços que ressaltam aos olhos e esbanjam delicadeza plástica, ela chega à cidade por meio da exposição Tomie Ohtake: Cor e Corpo. A retrospectiva entra em cartaz hoje e fica aberta até o dia 4 de março, também na Caixa Cultural.

A carreira da artista é exposta em 48 obras, sendo 40 gravuras, cinco pinturas e três esculturas. “Cor e Corpo é uma tentativa de mostrar a obra de Tomie Ohtake a partir das três linguagens que ela mais se dedicou: pintura, gravura e escultura. Desse modo, tornou-se uma exposição potente, tanto para apresentar a artista para aqueles que não a conhecem, quanto para aprofundar alguns aspectos para quem já está familiarizado com a produção”, resume Carolina De Angelis – que assina a curadoria da mostra com Paulo Miyada.

Traços que pulsam

Combinação de cores ousadas, contornos irregulares que se manifestam por atos como o de rasgar papéis e deixar suas rebarbas. O detalhe diferencia a obra. Em outra fase da artista, uma delicadeza expressa em linhas finas que se cruzam, sobrepõem-se, discutem e dialogam em superfície aquosa.

As obras de Tomie se destacam ainda por revelarem elementos pulsantes da natureza e volumes que se assemelham a elementos vivos. Os desvios, tremores e abaulamentos às formas geométricas quebram a rigidez das estruturas. Tudo isso pode ser conferido em Cor e Corpo.

As 40 gravuras englobam serigrafias, litografias e gravuras em metal. Já nas três imensas esculturas há delicadeza, manualidade e fluidez. Um dos detalhes é a forma como estas se equilibram no solo e causam sensação de suspensão. “As esculturas se movimentam quando alguém as toca. As estruturas metálicas são frutos de torções, dobras e voltas realizadas previamente pela mão da artista em pequena escala, e depois transplantadas da maneira mais fiel possível em dimensão escultural”, destaca Carolina.

Ohtake iniciou sua carreira quase aos 40 anos, produzindo continuamente por mais de 60 anos. Viveu 101 anos, morrendo em 2015. A artista recebeu 28 prêmios, participou de 20 bienais internacionais e realizou 120 exposições individuais ao redor do mundo.

Serviço:

Loucuras Anunciadas

De hoje a 4 de março. Na Caixa Cultural (Setor Bancário Sul. Visitação de terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. Informações: 3206-9448. Classificação livre.

Cor e Corpo

De hoje a 4 de março. Na Caixa Cultural – Galeria Principal. Visitação de terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. Informações: 3206-9448. Classificação livre.

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