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Denise Fraga dá vida a uma mulher que busca vingança a alto custo

Arquivo Geral

20/07/2018 7h00

Atualizada 19/07/2018 20h48

Divulgação

Beatriz Castilho
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Em meados do século passado, o dramaturgo e romancista Friedrich Dürrenmatt colocou no papel um debate sobre natureza humana. Era 1956 quando o suíço, à época com 36 anos, arquitetou um ambiente tragicômico para discutir ética, vingança e dinheiro. No texto, a trama se desenrola em “algum lugar no centro da Europa”. Mas poderia ser em qualquer outro lugar, como mostra a adaptação brasileira do romance, A visita da velha Senhora, protagonizada por Denise Fraga.

O espetáculo está em cartaz no Teatro da Unip (913 Sul) neste final de semana. Hoje e amanhã, as sessões acontecem às 21h; no domingo, às 18h. Com 120 minutos de duração e 19 pessoas na equipe, a montagem, que tem direção de Luiz Villaça, chegou a receber indicações aos prêmios Shell e Aplauso Brasil, em diferentes categorias.

Enredo

A história começa quando uma milionária volta à sua cidade natal, a fictícia Güllen, um local humilde assolado em uma crise econômica. Trazendo uma proposta complexa, ela propõe doar 1 bilhão ao município (a moeda não é especificada, podendo ser deduzida como a nossa), caso alguém mate seu antigo ex-namorado, Alfred Krank.

Em entrevista ao JBr, Denise Fraga, que interpreta a personagem central, Claire Zachanassian, conta um pouco mais sobre a história: “A princípio, todos rejeitam a ideia, e ela diz que pode esperar. Então, esperando, você começa a ver o que as pessoas estão dispostas a fazer com esse bilhão – lembrando que o dinheiro seria dividido na metade entre a cidade e as famílias”.

O eixo central do enredo surge a partir dessa vingança, planejada por Claire, que tem um passado traumático. Quando ainda jovem, ela foi abandonada grávida pelo ex-namorado – agora ameaçado de morte – e acabou embarcando em um casamento arranjado.
“Muitas pessoas focam nisso, a mulher abusada, mas o ódio não é algo bom”, analisa a atriz, refletindo. “Na verdade, esse plano não deixa a personagem mais feliz. Falamos muito de necessidade de justiça, mas esquecemos que generosidade às vezes nos faz melhor”.

Abordagem ainda atual

Com 30 anos de carreira, Denise já atuou em dezenas de filmes, oito séries e diversos espetáculos teatrais. Uma das maiores referências de seu trabalho é o talento cômico, que também marca presença no espetáculo.

Mesmo imersas na tensão original da temática, as situações são retratadas com ironia e comédia, característica que Denise vê como positiva. “Acredito no humor como um agente poderoso”, destaca. “É algo revolucionário porque, através dele, podemos falar qualquer coisa. O humor abre a cabeça, porque ninguém ri do que não entende, então ele faz isso, abre a trilha do pensamento.”

Denise diz que A visita da velha senhora difere de todos os trabalhos que já fez. “Sempre fico animada com o que estou fazendo na hora, e parece que a cada título eu venho com a empolgação de algo novo que descobri. Como intérprete, transformo a mensagem que vai abrir a cabeça e ganhar um espaço no peito de cada um”.

Contemporaneidade

O drama, originalmente intitulado A visita, estava para sair do papel desde 2012. Mas permanece, segundo atriz, muito atual: “É louco como a peça ficou extremamente favorável para este momento. Ela fala sobre um eterno dilema da humanidade: o quanto nós temos que nos submeter para o ganha-pão. Parece até uma peça encomendada para os dias de hoje”.

A participação do público, lembra a atriz, é fundamental na construção da trama, mesmo que de forma discreta. “A direção de Luiz inclui a plateia como cidadã pela forma como ele fez a peça”, explica. “Quando Claire questiona, a pergunta é jogada na plateia também.” Vale conferir.

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