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Cinema: vestindo a camisa da sétima arte

Arquivo Geral

25/09/2018 22h30

Atualizada 26/09/2018 20h46

Divulgação

Jorge Eduardo Antunes
[email protected]

Ser cineasta no Brasil não é tarefa das mais fáceis. Que o diga o carioca Fernando Benévolo. Aos 53 anos, ele decidiu, por amor à arte, fazer um filme apenas com a cara e a coragem. Para isso, vestiu a camisa da cultura. E muita gente também se vestiu com ela. Literalmente. Fernando decidiu levar à telona O Poderoso Chefão – Ou Quase Isso, peça cômica de teatro encenada no Rio, no Teatro Miguel Falabella, há três anos. Para viabilizar o projeto, nada de Lei Rouanet: a produção será paga apenas com a venda de camisetas.

O longa tem estimativa de gastos na casa dos R$ 380 mil. E já está entrando na fase de filmagem. “Um bom filme, um filme honesto, pode ser feito com R$ 500 mil, R$ 700 mil”, afirma Fernando. Ele explica que, devido ao baixo orçamento e por conta da imagem que a Lei Rouanet tem no atualmente no País, decidiu encarar o desafio de um grande crowdfunding. “A lei está muito desgastada e mal falada, e não quero me envolver politicamente com isso”, diz.

As camisetas que financiam o filme saem a R$ 60. “Mandei fazer e comecei a vender, mas me perguntava: por que alguém vai comprar uma camisa? E com qual objetivo? Para ajudar o Fernando?”, questionou-se. Foi aí que teve a ideia de fazer uma pré-estreia com a presença dos primeiros 500 apoiadores, com um coquetel. E as camisetas começaram a sair ainda mais rápido.

Com bom relacionamento com muitos maçons, Fernando Benévolo viu o projeto deslanchar. “Tenho camisas vendidas na Itália, Estados Unidos, Cingapura, Canadá e Chile. Graças aos irmãos e cunhadas, que estão comprando e ajudando, pois isso é o que está fazendo o filme se viabilizar”, resume. O objetivo é vender 1.200 camisas, para poder lançar o filme em fevereiro ou março do ano que vem.

Produção adiantada

Paralelo a isso, Wolf Maya, outro antigo amigo, doou a Benévolo a locução do texto de abertura do filme. Alguns atores também o procuraram, para fazer parte da produção e ajudá-lo na divulgação da venda das camisetas. Atualmente, Fernando já tem pronta a locação, e está na fase de montagem dos cenários.

“Meu sócio, Wagner Rotta, escreve. Eu sou o executor. Ele é autor da peça e estou roteirizando. A história se passa em 1930 e terá o Al Capone, que será vivido pelo Márcio Tadeu, ator da TV Globo, que fez Avenida Brasil e Êta Mundo Bom!”, diz. “O elenco não está fechado e ainda busco um astro para uma participação especial”, completa.

As gravações começam no mês que vem. “Será uma cena com Elliott Ness falando em seu escritório da nova quadrilha que está atormentando a cidade. E aí ele mostra Al Capone. Só que a quadrilha não é convencional. O bando é todo atrapalhado”, adianta o diretor.

Para mostrar como vai funcionar esta parte do bando, ele usa como referência a antiga série Agente 86. “O filme é centrado em três gângsteres, Epídamo, Erósono e Robledo, de personalidades diferentes. Robledo ficou surdo quando jovem, mas escuta quando quer, especialmente se estiver fazendo palavras cruzadas”, conta. “Os outros dois se acham gênios do crime, um julgando-se o maior arrombador de cofres e o outro, o bandido mais inteligente”.

A comédia tem ainda um casal mais sério, Kit e Polly Barberon. Polly, a rainha dos disfarces, aparece sempre do nada, terá números musicais e será a principal personagem feminina da história. “Já Kit é braço direito de Al Capone, usada por ele para corromper a justiça e a política de Chicago, além de administrar os cassinos”.


Números

1.200
camisetas serão vendidas para viabilizar a produção do filme
380 mil
é o orçamento estimado de O Poderoso Chefão – Ou Quase Isso



Distribuição, uma das maiores dificuldades

Mesmo tendo uma carreira com passagens, na TV Globo, como ator e assistente de direção, Fernando Benévolo se prepara para encarar a segunda grande dificuldade de fazer um longa-metragem: a distribuição do filme. “Consegui com um amigo brasileiro, que tem uma empresa de exibição de filmes pela web, em Nova York, a primeira exibição e distribuição por lá”, conta.

No Brasil, ele vai fazer pré-estreias regionais. “Vou fazer no Rio, São Paulo e Brasília, onde já recebi muito apoio, assim como no Espírito Santo”, revela. Para homenagear os financiadores, o diretor vem fazendo um arquivo fotográfico dos compradores de camisas. “Vou fazer uma homenagem a meus grandes patrocinadores. Teremos um filme de agradecimento ao final, com os compradores de camisas no lugar das logomarcas”.

Anos globais

Fernando está no mundo artístico desde os anos 1980, quando fez o Tablado, importante escola carioca de atores, e integrou o Grupo Capitães de Areia. Começou na Globo na novela Top Model (1989), atuando depois no papel de Eduardo na série As Noivas de Copacabana (1992), quando conheceu o amigo Miguel Falabella. Também atuou em Deus nos Acuda, Cobras & Lagartos e Labirinto.

Mas logo se apaixonou pelo backstage. Pós-graduou-se em roteiro e foi assistente de direção. Abriu a empresa Água na Boca Produções Artísticas e Cinematógraficas, fazendo peças pelo Rio, em parceria com Wagner Rotta. Os dois também têm um trabalho de conscientização social em relação a álcool e drogas, com peças que levam a comunidades carentes do Rio.

“Se em cada comunidade e/ou escola em que apresentarmos o projeto, uma criança ficar fora do mundo das drogas, nossa missão estará completa”, ressalta Benévolo. Para isso, apresentam o espetáculo Histórias de Um Garrafeiro, em instituições de ensino, desde 2006, com o objetivo de alertar adolescentes e jovens sobre os perigos do uso destas substâncias.

Serviço

Como ajudar

A compra das camisas pode ser feita por meio da página facebook.com/opoderosochefaoouquaseissoofilme/ ou pelo telefone (21) 98121-3930. Cada camisa custa R$ 60.

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