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Bocadim mistura festival de música e festa julina

Arquivo Geral

20/07/2018 17h03

Divulgação/ Julia Rodrigues

Beatriz Castilho
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Tomando o centro da capital como palco, Bocadim Festivalzin LGBTQ+ reverbera resistência e luta por diversidade com muita arte e tradição (ou quase). A ideia, nascida há 4 anos, se moldou e atualmente ganha uma forma híbrida. Mesclando celebrações julinas com festival de música, a festa acontece hoje e amanhã na Funarte (Eixo Monumental).

Com sons que vão do brega ao rock, atrações de diversas regiões do país englobam a programação. Hoje, Verónica Decide Morrer (CE), Jaloo (PA) e Letrux (RJ) tocam no local. Amanhã, acontecem shows de Johnny Hooker (PE/SP) e Aíla (PA).

Se estreando na capital, Aíla traz a turnê de seu segundo álbum “Em Cada Verso Um Contra-Ataque” para os palcos. Ansiosa, a paraense conta, em entrevista ao JBr, que preparou algo diferente. “Por ser a primeira vez que vamos nos olhar nos olhos, eu e o público de Brasília, quero trazer umas duas músicas do primeiro disco também, como Proposta Indecente e Todo Mundo Nasce Artista”.

Com uma pegada estética forte, o disco foi lançado em 2016, e expõe um mix de referências musicais – base para letras que trabalham temas como orientação sexual e feminismo. “Arte é revolução. O maior sentido de fazer arte hoje, pra mim, é transformar o agora, é mover, fazer refletir, cutucar, contra-atacar. O disco reflete a minha origem e minha vontade de mostrar um Pará mais político”, aponta.

Nascida em Terra Firme, periferia de Belém, começou a cantar pela cidade, há 10 anos. ”Encontrei na música uma facilidade maior para me expressar e me conectar com o mundo, de dialogar com o meu entorno”. Se apresentando em um festival LGBTQ+, a cantora caracteriza o evento como urgente e necessário. “Super acredito em iniciativas que fazem a diferença no planeta, que abrem pontes de conexão e diálogos pra transformação do nosso agora”, aponta.

Quando questionada sobre uma possibilidade de parceria com Johnny Hooker, Aíla lança: “Quem sabe não rola uma conexão maior depois dessa troca de energia de tocar no mesmo dia, né? Essa vida é uma surpresa, tudo pode acontecer”.

Nos dois dias, a Mostra Sêla fica responsável pela abertura da festividade, a partir das 18h. Trazendo nomes e DJs da cidade para os palcos, focando na visibilidade feminina. Além disso, nos dois dias, as brasilienses do Chinelo de Couro (DF) e a Quadrilha Desgovernada animam o arrasta-pé da folia.

Organização e luta

Tudo surgiu em 2014, quando um grupo de amigas, interessadas em dança de salão, buscavam um espaço seguro para se exercitar. “Na época a homofobia era ainda maior, então quando íamos dançar rolava um incômodo. Queríamos então montar um lugar com mais tolerância. No final, não conseguimos criar a oficina, mas fizemos um forró quinzenal que gerou a festa julina LGBTQ+”, conta Dayse Hansa, 37, coordenadora geral do Festival.

Esperando 1000 pessoas em cada dia, o Bocadim deste ano é considerado, pela organizadora, como a maior edição já realizada. “Penso que se coloca como um pequeno festival que se insere na agenda musical de pequenos festivais da cidade. Mas o legal, é que é um festival engajado”.

Voltado para a luta da comunidade LGBTQ+, o evento não deixa de lado questões de gênero, sendo uma das maiores frentes deste ano. “Em todas as áreas da organização do evento temos figuras femininas. No geral focamos na questão da sexualidade, mas queremos empoderamento feminino total, porque a labuta é a mesma”, aponta a Dayse.

Buscando visibilizar e pautar questões que desconstroem diferenças, Dayse reforça que o evento é aberto para todos os gêneros, raças, etnias e orientações sexuais. “Fazemos uma festa tradicional porém desconstruída. Quem for na Funarte vai conferir uma festa colorida, do bem, para que todos nossas diferenças nos somem e floresçam”, conclui.

Oficinas

A equipe do Bocadim também preparou ações formativas, sendo possível conferir, no evento, o Espaço Ativismo, para debates, e oficinas, com trabalhos durante o festival. “Penso muito na questão de ‘o que vem depois da visibilidade?’. Uma das grande problemática é a de ser colocar no mercado formal de trabalho. Todas as pessoas precisam trabalhar“, aponta Dayse.

Bocadim Festivalzim LGBTQ+

Local: Funarte Brasília (Eixo Monumental – Setor de Divulgação Cultural, Lt 2) –

Horário: das 18h às 2h

Ingressos: R$ 15 (meia) e R$ 30 (inteira)

Informações: 98136-3035 ou www.facebook.com/bocadimdetudo/

Classificação 18 anos.

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