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Astronautas enfrentam alienígena de Marte em ‘Vida’

Arquivo Geral

20/04/2017 7h00

Atualizada 19/04/2017 23h04

Foto: Divulgação

Eric Zambon
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Nos primeiros minutos de Vida, o diretor Daniel Espinosa (que, apesar do nome, é sueco) apresenta um ótimo plano-sequência (quando não há cortes na cena). Dessa forma, ele introduz os personagens de diferentes nacionalidades e ainda estabelece o ambiente claustrofóbico da nave onde os astronautas enfrentarão uma criatura alienígena.

Por essa sutileza e outros exemplos de boa direção é que Vida se diferencia dos blockbusters comuns. O próprio orçamento do longa, 58 milhões de dólares, está abaixo do custo médio para grandes produções. Mesmo assim, não é um filme de nicho. É um sci-fi eficiente em casar o clima de tensão de Alien com o ritmo cadenciado de Perdido em Marte. Não à toa, o diretor Espinosa admitiu, em entrevistas, ter se aconselhado com Ridley Scott, responsável pelas duas obras supracitadas.

Na trama que estreia hoje nos cinemas, uma equipe de astronautas formada por David Jordan (Jake Gyllenhaal), Ekaterina Golovkina (Olga Dihovichnaya), Hugh Derry (Ariyon Bakare), Miranda North (Rebecca Ferguson), Rory Adams (Ryan Reynolds) e Sho Murakami (Hiroyuki Sanada) precisa analisar uma amostra de vida do planeta Marte. O serzinho aparentemente inocente, apelidado de Calvin, no entanto, se mostra uma criatura hostil e inicia uma disputa com a tripulação pelo oxigênio e água da nave.

Apesar do longa ser ambientado no espaço, o enredo tenta fazer paralelo com conflitos globais da atualidade. O personagem de Gyllenhal, por exemplo, é um médico e ex-militar horrorizado pelo que presenciou durante seu serviço na Síria. Ele prefere ficar dois anos literalmente fora da órbita a encarar os “oito bilhões de filhos da puta na Terra”, como revela a certo ponto.

Todos os personagens têm backgrounds interessantes e geram empatia no espectador. O japonês Sho Murakami, por exemplo, se torna pai no meio da missão, então é difícil não torcer por ele.

Saiba mais

  • O diretor Daniel Espinosa revelou ter tido bastante liberdade criativa no processo de concepção e filmagem da obra, sem interferências de executivos da Sony Pictures. Ele comparou sua situação à de James Mangold em Logan.
  • O sueco Daniel Espinosa, cujo nome foi dado por sua mãe chilena, detesta continuações. Então apesar do final sugestivo de Vida, o público não deve esperar por uma sequência. Pelo menos não nas mãos do cineasta.
  • Espinosa e Ryan Reynolds já trabalharam juntos em Protegendo o Inimigo, de 2012, na estreia do diretor em Hollywood, após relativo sucesso na cena sueca.

Cinema provocador

Conforme Espinosa, essa técnica de caracterização foi inspirada pela escola dinamarquesa de cinema. Basicamente, na fase de pré-produção, cada ator é informado do passado de seu personagem, mas esse conhecimento não é compartilhado com os demais. O objetivo dessa técnica é extrair reações genuínas de todos envolvidos nas cenas. Em Vida, isso é cristalino e a química dos astronautas é um ponto forte.

O monstro Calvin também merece elogios. Tanto no design quanto na movimentação, ele provoca angústia a cada segundo. A inteligência do organismo, capaz de se adpatar às condições mais extremas, está muito além da dos humanos retratados. Mas tudo isso é mostrado como parte da natureza da criatura. Ele não é motivado por qualquer sentimento que não seja sobrevivência. Quem nutre ódio pelo ser são os protagonistas.

Nesse ponto, o roteiro de Paul Wernick e Rhett Reese – os mesmos de Deadpool – é muito bem trabalhado. Calvin raramente toma iniciativas violentas, ele apenas reage aos estímulos que recebe. Os responsáveis por torná-lo violento são justamente os tripulantes.

Para quem ficar horrorizado ao conferir o filme, a má notícia: ele foi baseado em criaturas reais de Marte…

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