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Aloísio Brandão lança livro de contos em show com Clara Telles no Clube do Choro

Arquivo Geral

29/08/2016 18h04

Divulgação

O Clube do Choro é a próxima parada dos cantores e compositores Aloísio Brandão e Clara Telles. Eles fazem, neste sábado (03), a partir das 21h, o show de lançamento do livro de contos “Desacontecenças”, de Brandão. Os dois serão acompanhados pelos instrumentistas Luiz Duarte (violão), Daniel Baker (piano), Doni Alcântara (contrabaixo acústico) e Chico Abreu (percussão).

Pai e filha, Aloísio Brandão e Clara Telles vêm com um trabalho identificado pelo refinamento de suas composições, a maioria delas, autoral. Dono de uma obra densa, de rica elaboração, com melodias sinuosas e ritmo complexo e pouco convencional, Brandão, que é, também, escritor e jornalista, busca marcar as suas músicas pelos arranjos plenos de detalhes. Outro aspecto relevante são as suas letras, que trazem uma poesia madura e inquietante.

No show deste sábado, Aloísio Brandão (voz e violão) levará composições autorais. Algumas são parcerias com a filha Clara Telles. O repertório da apresentação inclui, ainda, parceria com Luli e Lucina, Tom Tavares, Vicente Sá, Climério Ferreira, Flávio Faria, Afonso Gadelha, Ivan Braga e Sérgio Duboc. Brandão é baiano da pequena Santana dos Brejos e mora em Brasília há 38 anos.

Revelação

Considerada uma das revelações da música brasiliense, Clara Telles foi buscar em Ella Fitzgerald pérolas para o seu repertório. A jovem cantora, que venceu o prêmio da TV Globo de melhor intérprete da banda Guns N’ Roses, também garimpou no Jazz contemporâneo algumas obras para a apresentação no Clube do Choro, a exemplo de “That man”, da holandesa Caro Emerald.

Interprete personalíssima, de grande extensão vocal e expressiva desenvoltura no palco, Clara Telles traz, sempre, um repertório exigente. Além de obras autorais, como “Cicatriz”, e de beber no Jazz, ela canta obras de Caetano (“A Bossa Nova é foda” e “Abraçaço”) e de Luli e Lucina (“Coração aprisionado”), e dá a essas composições a sua interpretação vibrante e comovente.

Os dois compositores realçam as companhias que terão no palco (Luiz Duarte – violão, Daniel Baker – piano, Doni Alcântara – contrabaixo acústico e Chico Abreu – percussão). “São alguns dos maiores músicos de Brasília em seus instrumentos. Eles têm grande formação acadêmica, muita bagagem, além de sabedoria e sensibilidade enormes. Fazer um show com eles é prazeroso e remete à qualidade”, lembram Aloísio Brandão e Clara Telles.

O show terá a participação do compositor Gadelha Neto. A convite do parceiro Aloísio Brandão, ele falará textos curtos de autoria do próprio Brandão, escritos exclusivamente para o show. Brandão tem escrito textos para shows, CDs e DVDs, a exemplo dos que fez para o Cais Trio, grupo integrado pelo cantor Leonel Laterza, o violonista Paulo André Tavares e o pianista Daniel Baker.

O livro

“Desacontecenças” sai pela Editora Penalux, de São Paulo, e reúne 20 contos longos pertencentes ao gênero realismo fantástico. Os textos falam de pessoas e fatos que aconteceram, ou não, em sua pequena Santana dos Brejos, localizada no Oeste da Bahia, e que, de acordo com o autor, só puderam ser vistas com olhos de ver o invisível. “A cidade existe mesmo que não existisse, e é um estuário de um fantástico vivo, pois está no dia-a-dia das pessoas”, explica.

O livro traz um olhar atento às coisas miúdas, às pessoas que foram ficando encantadas, aos fatos que não ocorreram. Brandão deu a tudo isto uma dimensão sobre-humana, reconstruiu tramas e espacialidade e desconectou, muitas vezes, o tempo da cronologia. Acabou trazendo um buquê de histórias fantásticas para dentro do seu livro prenhe de literatura.

Esse verdadeiro laboratório do fantástico ajudou Brandão a parir personagens, como Álvaro, um rapaz que leva uma vida normal e pacata. Mas algo o faz diferente: o seu coração, havia meses, parara de bater. Álvaro levitava e o seu rosto deu para aparecer em quadros das casas da cidade. “O rosto de Álvaro” é um dos contos que integram o livro.

“A loja de memórias” é outro texto encantador e terno. O conto fala de Seu Vivaldo, que herdou do pai uma próspera loja de tecidos, dos anos 50 a 70, até que a chegada das roupas prontas e baratas levou o estabelecimento à falência e ao fechamento das alfaiatarias. Hoje, a loja não passa de prateleiras completamente vazias. Mas Seu Vivaldo, bem vestido e perfumado, continua abrindo o estabelecimento, invariavelmente, às 8 horas e fechando às 18 horas, e as pessoas não deixaram de ir à loja para comprar. O que, se não há mais nada, ali, para vender?

Incansável, Seu Vivaldo já não tem pressa de fazer girar o seu capital, não tem medo de uma nova onda fabril soterrar as suas mercadorias, nem de o tempo envelhecê-las ou tirá-las da moda. As suas mercadorias ficaram encantadas como ele próprio, e já não gritam mais por tesouras, agulhas e dinheiro. Não são tementes ao tempo, porque este já não existe mais, ali. Seu Vivaldo, agora, vende memórias.

Já em “O endireitador de sonhos”, Brandão traz a instigante história do Velho Carmelo, um homem rude que se especializara em enxergar os sonhos das pessoas. Quando eram ruins e recorrentes, tipo pesadelos, o Velho Carmelo os endireitava e os devolvia como sonhos bons e prontos para serem sonhados. O endireitador sabia, também, arrancar de dentro dos sonhos coisas materiais que atormentavam os sonhadores, e as consertava.

Ilha cultural

“Desacontecenças” apresenta a cidade como uma ilha cultural regida por outra noção de tempo, espaço e existência, e que continua alimentando a memória amorosa do autor. “Para textualizar a memória amorosa, Aloísio Brandão mobiliza o seu amor estético, transmitido não apenas com recordação, mas como realidade viva”, explica, no texto da orelha do livro, João Vianney Cavalcanti Nuto, doutor em Letras pela USP e professor de Teoria da Literatura da UnB.

O poeta e jornalista brasiliense Vicente Sá, que assina a apresentação de “Desacontecenças”, observa que a literatura sertaneja nordestina – tanto a oral, como a escrita e musical – sempre foi puxada para o fantástico. “É, aí, em que Aloísio Brandão apresenta-se como uma nova janela literária”, acrescenta o poeta. Ele destaca que o diferencial dos contos de Brandão é o texto pleno de literatura que dialoga com a poesia. E arremata: “Desacontecenças’ é de um fantástico lírico suave e sem horrores”.

Para a cantora e compositora Luli, parceira de música de Aloísio Brandão e que formou com Lucina uma dupla bem-sucedida, que assina pérolas da MPB, a exemplo de “Bandolero”, sucesso na voz de Ney Matogrosso, o autor de “Desacontecenças” escreve e compõe “como quem tece uma renda barroca”.

A pintura da capa do livro é de autoria do artista plástico Ribamar Fonseca. O show de lançamento terá a participação do jornalista e compositor Gadelha Neto, apresentando textos curtos de Brandão, escritos para o espetáculo.

Sobre o autor

As lembranças mais remotas que Aloísio Brandão tem de si são do seu envolvimento precoce com o que ele denomina de pré-poesia e com a música, em Santana dos Brejos, no sertão baiano, onde nasceu e se criou, até os 17 anos. Arriscava versos menino, ainda. Passou a infância e a adolescência ouvindo histórias surreais dos mais velhos e, desde então, intuía que a palavra seria definitiva em sua vida. É formado em Jornalismo e mora, há 36 anos, em Brasília, onde atua como jornalista profissional. Este é o seu livro de estreia no conto.

Serviço:

Data: 03 de setembro
Hora: a partir das 21h
Local: Clube do Choro
Ingressos: R$ 30 e R$ 15 (meia); vendidos antecipadamente na bilheteria do Clube do Choro ou pelo site http://www.clubedochoro.com.br/
Classificação indicativa 14 anos

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