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Brasília

Vice-governador teria conhecimento de um suposto esquema de propina no GDF

Arquivo Geral

16/07/2016 12h34

Facebook/Renato Santana

Uma gravação em poder do Ministério Público, revelada pela reportagem do jornalista Ary Filgueiras, da revista IstoÉ, mostra que o vice-governador do DF, Renato Santana (PSD), pode saber de um esquema de pagamento de propina no GDF, que ocorreria, segundo ele, na Secretaria de Fazenda, com repasse de 10% pelas empresas prestadoras de serviços. Nas falas divulgadas, Santana não deixa claro quem são os beneficiários do esquema, soltando no ar um evasivo “ele autorizou”.

Na conversa de quase uma hora e meia, Santana fala com a presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde de Brasília (Sindsaude), Marli Rodrigues, em encontro supostamente realizado em um apartamento de Águas Claras. Na gravação, Marli critica o projeto de transferência da gestão dos hospitais para as chamadas Organizações Sociais (OSs) e reclama de não ser atendida pelo secretário de Saúde, Humberto Fonseca. Santana diz não participar do processo na área da saúde e faz críticas ao governador pela implantação do sistema e pela falta de recursos.

A parte mais comprometedora vem quando Marli revela saber de uma suposta operação que desvia dinheiro do GDF.

“Você tem conhecimento do pagamento de propina na Saúde de 30%? Você tem conhecimento disso?”, afirma Marli.

“Dez eu tenho da Fazenda”, afirma. Santana completa: “Hoje, eu tô assistindo essa p… toda. Até porque, zero de envolvimento. Autorizou a pagar 10% de propina. Eu não autorizei, mas o assunto chegou para mim. Eu me sinto… seria um escroto de não te falar”.

“Tá desse nível? Então, você tem que perguntar pra ele se autorizou 30% de propina. Você tem conhecimento disso? Dez por cento você tem conhecimento?… Sabe o que eu acho? Eu vou abrir essa p… Eu vou abrir essa p… A propina corre solta ali. Se você conhece 10%… Tem muita gente envolvida nessa história. Sim, eu estou falando da Saúde. Agora, se partir para outros locais que a gente também conseguir identificar, você vai encontrar muitas coisas mais, entendeu? Então, fique longe de tudo isso”, completa Marli.

Mais adiante, Renato Santana critica a gestão da Saúde. “Infelizmente, eu vou dizer pra você: todos os movimentos que foram feitos na saúde, aí esquece corrupção, do ponto de vista administrativo, de modelo, até agora, foi só atropelo, pô. Fez uma reestruturação uma bosta. Se foi de propósito ou não, aí eu não sei.”

Vice-governador divulga nota

Em uma nota de dois parágrafos, o vice-governador classifica a gravação como ilegal e diz ter feito seu papel.

“O vice-governador Renato Santana repudia ter sido alvo de gravação ilegal de conversas com terceiros. Assim que teve conhecimento de suposta cobrança de 10% por pagamentos efetuados na Secretaria de Fazenda, reportou imediatamente as denúncias para o próprio governador Rodrigo Rollemberg e permanecerá seguindo essa conduta às possíveis práticas inadmissíveis à conduta no serviço público.

Com relação aos relatos da presidente do SindSaúde, a dinâmica será semelhante, desde que ela aponte os agentes objeto da denúncia trazida durante a gravação. O vice-governador se sente absolutamente à vontade em fazer as auto-críticas, a maioria delas fruto do que ele recebe como feedback da população nas ruas. Como servidor público há mais de 20 anos, a postura de apontar supostos desvios de conduta é ainda mais latente, fruto do compromisso com a coisa pública que fez quando entrou para os quadros do GDF por meio de concurso público.”

Celina convoca distritais

Após a divulgação da reportagem, a presidente da Câmara Legislatva, deputada Celina Leão (PPS), decidiu interromper o recesso dos distritais e convocou uma reunião extraordinária da Mesa Diretora da Casa com membros da CPI da Saúde e demais parlamentares na próxima segunda-feira (18), às 10h, na sala da presidência, para analisar as denúncias veiculadas pela revista sobre a existência de um suposto esquema de pagamento de propinas no âmbito do GDF.

Leia mais: Rollemberg divulga nota e anuncia investigações

Secretaria de Saúde ataca o SindSaúde e nega irregularidades

 

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