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Brasília

Verba indenizatória: Chico Vigilante é o campeão de gastos no primeiro semestre

Arquivo Geral

16/08/2017 7h00

Atualizada 15/08/2017 21h50

Chico Vigilante: sozinho, distrital petista teve despesa superior a R$ 150 mil com verba indenizatória, que serve, em tese, para despesas com o mandato. Foto: Myke Sena

Francisco Dutra
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Os gastos com verba indenizatória na Câmara Legislativa alcançaram o patamar de R$ 1.545.093,78 no primeiro semestre deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2016, houve uma queda nos gastos, pois deputados distritais sacaram nos seis primeiros meses do ano passado R$ 1.771.364,80. Ou seja, uma redução de 12,78%. Mesmo assim, para o projeto Adote um Distrital, autor do levantamento, é um desembolso elevado para os cofres públicos assolados pelo crise financeira.

O parlamentar líder no gasto é Chico Vigilante (PT), com o gasto de R$ 147.405,87. Em segundo lugar, Rodrigo Delmasso (Podemos) sacou R$ 132.178,37. A medalha de bronze ficou para Juarezão (PSB), cujo desembolso foi de R$ 127.633,16. “Defendemos o fim de qualquer privilégio. Não faz sentido. Nenhum trabalhador no Brasil tem R$ 25 mil para gastar com transporte, alimentação. Porque os deputados têm?”, questiona o coordenador do Adote, Olavo Santana.

Pelas contas da pesquisa, a maior parte dos gastos foi destinada para aluguel de veículo e combustível, sendo de aproximadamente R$ 700 mil. “Os deputados gastam muito com deslocamento. Mas a produção da Câmara é muito baixa, o que torna esse deslocamento absurdo. Os gastos com publicidade também são elevados. Toda essa despesa é substancial. No ano passado o DF destinou para a construção de unidades básicas de saúde foi de R$ 3 milhões. A Câmara gastou metade disso”, complementa Santana.

Chico Vigilante confirma as cifras divulgadas pelo Adote. No entanto questiona as intenções do projeto. “Quero saber quem banca o Adote um Distrital. Até onde sei, eles são ligados a partidos políticos. Alguns membros disputaram eleições. Infelizmente, as eleições já começaram”, rebate o parlamentar.

O deputado argumenta que gasta pouco com gasolina. A maior parte do desembolso é para a manutenção do escritório político do gabinete popular que mantém na Ceilândia. “Vejo uma motivação política. Eu, por outro lado, fiscalizo para valer o GDF. Nunca vi eles fiscalizando o governo. E te digo: dá muito trabalho fiscalizar realmente o GDF”, alfineta Vigilante.

Saiba mais

  • Confira os parlamentares com gastos de verba indenizatória superiores a R$ 100 mil. Robério Negreiros (PSDB): R$ 124.751,60; Claudio Abrantes (sem partido): R$ 123.678,42; Lira (PHS): R$ 106.505,22; e Ricardo Vale (PT): R$ 102.589,01;
  • A seguir a lista de quem desembolsou entre R$ 100 mil e R$ 70 mil. Julio César (PRB): R$ 99.300,28; Rafael Prudente (PMDB): R$ 91.496,75; Cristiano Araújo (PSD): R$ 81.006,77; Bispo Renato Andrade (PR): R$ 79.090,51; e Luiza de Paula (PSB): R$ 73.540,42.
  • Por fim, os nomes com saques abaixo de R$ 70 mil. Wasny de Roure (PT): R$ 62.277,75; Liliane Roriz (PTB): 52.240,00; Wellington Luiz (PMDB):
    R$ 48.800,00; Telma Rufino (PROS): R$ 31.994,63; Raimundo Ribeiro (PSDB): R$ 27.650,00; Sandra Faraj (SD): R$ 20.373,36; e Israel Batista (PV):
    R$ 12.581,66.

Delmasso chancela os números e nega qualquer ilegalidade. “Não sou empresário. Não tenho outra fonte de recursos. Uso a verba para manter o meu escritório político com o projeto do gabinete itinerante”, relata o distrital. Segundo o parlamentar, aproximadamente 10 mil pessoas foram atendidas.

Para justificar o desembolso, Delmasso relata que o mandato produziu 3.772 proposições, 45 propostas de emenda à Lei Orgânica, 41 projeto de lei complementar, 225 projetos de lei, 137 projetos de decreto legislativo, 14 resoluções, 2348 indicações de demandas populares ao Executivo, 817 requerimentos de informação, 136 moções, 9 recursos contra projetos rejeitados em comissões. “Gasto, dou resultado e presto contas em detalhes”, crava o distrital.

Cinco poupam o erário

Apenas cinco parlamentares não sacaram um centavo da verba indenizatória. Conforme a pesquisa, o erário foi poupado por Agaciel Maia (PR), Celina Leão (PPS), Chico Leite (Rede), Reginaldo Veras (PDT) e o presidente da Câmara, Joe Valle (PDT).

Desde que assumiu o comando da Casa, Valle prega a redução dos gastos com verba indenizatória. O parlamentar implantou uma série de medidas para frear os gastos direta e indiretamente.

Segundo o coordenador do Adote, o programa continuará fiscalizando os gastos parlamentares, semestralmente. Não se restringindo à verba indenizatória.

“A Câmara fornece as informações. Mas os dados não chegam redondos. Na verdade nunca chegaram. Passamos dois dias traduzindo tudo”, relata Olavo Santana.

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