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Brasília

Time formado por moradores de rua treina para disputar tradicional torneio de futsal do DF

Arquivo Geral

16/11/2017 7h00

Jogadores já treinaram em campo de terra batida e de grama, mas agora se preparam em local próprio para futsal. Foto: João Stangherlin

Pedro Marra
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A38ª edição do Torneio Arimateia de Futsal – tradição no Distrito Federal – poderá ser histórica com a participação do primeiro time formado por moradores de rua. O Taguá Pop foi a primeira equipe a fazer a pré-inscrição e também a primeira formada por moradores de rua na competição, que ocorre entre 17 de dezembro e 7 de janeiro.

O responsável por juntar os 15 jogadores é o servidor público Wendell Viana, 40 anos, que organiza o projeto social Futebol Cidadão no Centro Pop de Taguatinga. Mais de 120 moradores de rua passam por ali por dia, e o projeto foi criado em fevereiro para combater o uso de drogas. Mas os jogadores ainda precisam de chuteiras e uniforme, além de pagar a taxa de inscrição no valor de R$ 1.100.

“A gente usou o esporte para tirar essa galera da rua e integrá-la à comunidade. Alguns jogadores treinam descalços de vez em quando. A gente conseguiu trocar as bolas de futsal por de society e estamos fazendo rifa. Nós servidores vamos doar R$ 100 para completar o valor”, conta o coordenador. Segundo Wendell, mais de 30 pessoas já passaram pelo projeto. No Centro Pop, os frequentadores podem circular durante o dia, mas não podem dormir ali.

A equipe treina reunida desde maio último, mas os treinamentos foram intensificados há um mês. Eles são levados pela van do centro até um ginásio para treinarem das 9h às 11h, todas as terças e quintas-feiras. Luciano Nunes é o treinador das ‘pessoas em situação de rua’ como ele mesmo reforça.

“Morar é para quem tem um chuveiro, fogão, de fato reside numa casa. As pessoas costumam criticá-los falando que não quiseram trabalhar. Todos eles têm um histórico, estão à margem da sociedade e possuem histórias difíceis”, analisa.

Luciano reconhece a expectativa e traça o estilo do time. “Imagina aquela arquibancada vendo eles jogarem, é algo inédito no DF. A melhor defesa é o ataque, essa será a nossa tática”, conta, aos risos.

Respeito

Ele tem nome de lateral pentacampeão mundial, mas é goleiro. Roberto Carlos do Nascimento é natural de Vitória (ES), onde foi montador hidráulico, passou por Belo Horizonte (MG) em busca de emprego até chegar a Brasília em 2012. Completou o Ensino Médio e se graduou em contabilidade. Neste ano, ele deu a ideia – numa roda de prosa do Centro Pop – de ter alguma atividade de lazer com futebol. A ideia virou coisa séria e o goleiro está ansioso. “Iremos competir para ser uma pedra no sapato dos adversários, e também mostrar que o morador de rua tem de ser respeitado”, comenta o homem em situação de rua.

Saiba mais

  • Para ajudar a equipe, entre em contato no telefone 9 8463-0041 (Wendell).
  • O torneio é realizado há 31 anos, motivado por uma brincadeira entre amigos na infância. Tornou-se um evento tradicional no DF, onde circulam cerca de 100 mil pessoas.

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