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Brasília

Ponto de uso de drogas, terminal no P Norte é demolido nesta quarta (23)

Arquivo Geral

23/05/2018 15h24

Demolição de terminal em Ceilândia. Foto: Divulgação/Administração Regional de Ceilândia

Pedro Marra
Especial para o Jornal de Brasília

Abandonado e tomado por usuários de drogas, o antigo terminal de ônibus do P Norte, em Ceilândia, está em demolição nesta quarta-feira (23). Segundo a administração da cidade, dois tratores para demolição e dois caminhões para retirada do entulho farão o trabalho até o fim do dia. Desde as 11h a estrutura passa pela derrubada, que começou pelos banheiros e área administrativa. Um estacionamento deve ser construído no local.

Desde a desativação, em fevereiro deste ano, o terminal virou ponto de drogas e de circulação de moradores de rua, com cacos de vidro pelo chão esburacado, sapatos largados, roupas sujas e fiação de energia solta. A Secretaria de Mobilidade é a responsável pelo terreno.

Demolição de terminal em Ceilândia. Foto: Divulgação/Administração Regional de Ceilândia

Na matéria publicada pelo Jornal de Brasília nesta semana, o Transporte Urbano (DFTrans) explicou, por meio de nota, que “a interrupção das operações aconteceu porque o local estava em condições inadequadas de uso. E estava programada a desativação em função da inauguração do terminal da QNR e da reforma do terminal do Setor O”.

Assim, duas linhas foram remanejadas para o terminal do Setor O, e nove para o da QNR. “O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) tem realizado a limpeza frequente próximo ao local, tais como no estacionamento e na praça da Bíblia. O entulho próximo a área será retirado ainda esta semana”, informou a Administração de Ceilândia. A pasta alega que não há prejuízo aos usuários. Mas a realidade é diferente, como o JBr. apurou.

Demolição de terminal em Ceilândia. Foto: Divulgação/Administração Regional de Ceilândia

Prejudicados

Moradora do P Norte Bruna Almeida, 19 anos, pegava ônibus no terminal. Agora, aguarda na parada da praça. “Os ônibus estão demorando cerca de 40 minutos. Quando eu passava perto, podia utilizar o banheiro e beber água. Agora, vejo usuários de droga e traficantes com frequência”, denuncia.

Quando o terminal funcionava, o estudante da UnB de Ceilândia João Victor de Souza, 18 anos, já sabia o horário que pegaria a condução. “O ritmo mudou. Agora, demoro até uma hora para pegar meu ônibus para a UnB. Ficou perigoso. Não tem tido ronda aqui”, relata. A mãe do estudante, Maria da Conceição, 56 anos, reclama. “De vez em quando, eu o espero na esquina”.

O comércio em frente também tem enfrentado dificuldades diante do abandono. Ronaldo Retz, 50 anos, é dono de um lava a jato. Com a situação atual, ele perdeu metade dos clientes.

“Se continuar assim por muito tempo, provavelmente a gente vai ter de fechar também, igual a outros dois comerciantes. A gente fazia cerca de 15 lavagens por dia. Agora, apenas 7. Para recuperar o lucro, tenho de fazer promoções para motoristas de aplicativos de transporte”, explica.“A clientela fiel é o que tem salvado a minha pele”, conta a dona de ateliê Eva Dantas, 56 anos. Ao fim do mês, ela lucrava mais de R$ 3 mil antes da desativação. Agora, pouco mais da metade. “E ainda tenho de pagar conta de água, luz e aluguel. Era muito bom ter o terminal aqui na frente porque os cobradores e motoristas pediam para eu costurar o uniforme”, complementa.

Breno Esaki

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