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Brasília

Solidariedade reergue creche após incêndio

Arquivo Geral

21/02/2018 7h00

Atualizada 20/02/2018 22h09

João Stangherlin

Ana Clara Arantes
[email protected]

Com a ajuda de doações, as atividades na creche Alecrim, na Estrutural, foram retomadas ontem. A instituição pegou fogo após a explosão de um forno industrial, no último dia 7, mas, graças à união da comunidade, foi recuperada a parte perdida da unidade em apenas 19 dias – cozinha, despensa e parte do refeitório.

De acordo com Luiz Antônio de Souza, gerente de Fiscalização da Defesa Civil, o espaço está apto para funcionar. “Foram recuperadas as calhas, tubulações, adequaram a escada, que não estava dentro do padrão, e fizeram a instalação de novos extintores e placas de sinalização. Foi feito um trabalho de qualidade”, enfatiza.

Cerca de 90 crianças estavam no local no momento do acidente, mas ninguém saiu ferido. Maria de Jesus Pereira de Sousa, 32 anos, fundadora e coordenadora da instituição, revela que a vizinhança foi essencial no momento do incêndio. “Tiramos as crianças da creche e levamos todas para fora. Nesse momento, funcionários de uma loja de brinquedos próxima acolheram as crianças e ajudaram a apagar o fogo”, relembra.

Patrícia Ramos, 30, é publicitária e trabalha na empresa. Ela conta que, quando perceberam a fumaça, os funcionários da Cia Toy pegaram mangueiras do hidrante do local e auxiliaram no momento do incêndio. “Percebemos as crianças acolhidas em um bar próximo e as acomodamos aqui. Fizemos uma mobilização e compramos um lanche para elas, que ficaram aqui até o fim do expediente”.

A publicitária conta também que fizeram um post na internet pedindo ajuda e doações para a creche. “Era uma maneira que tínhamos de ajudar”, afirma.

“Sou extremamente grata a todos que nos ajudaram. Sem eles tudo seria mais difícil”, conta Maria. Além disso, enquanto a creche era reformada pela empresa Reveste Engenharia, as crianças foram acolhidas por vizinhos.

Gratidão define o sentimento

A creche existe há quase nove anos. A ideia surgiu quando a filha de Maria foi diagnosticada com cardiopatia e necessitou de cirurgia. Nesse período, a mãe, que era catadora, parou de trabalhar no lixão para cuidar da filha. Foi a partir daí que ela teve a ideia de ajudar as colegas de profissão. “Eu nem imaginava que desse fato poderia surgir a creche. Mas, como eu comecei a cuidar das crianças, não tive mais como parar e virou tudo que é hoje”, diz Maria.

São dez voluntários fixos na unidade, sem contar as pessoas que trabalham por algumas horas. Os voluntários fazem de tudo, cuidando das crianças e ajudando na cozinha, na limpeza e na manutenção da instituição.

Tânia Maria Vieira Neto, 42, é cuidadora voluntária há cinco anos. “Dou banho, cuido das crianças e auxilio onde precisar”, conta. Durante a reforma, ela permaneceu no local para ajudar no que fosse necessário.

Para Tânia, ver uma parte da creche destruída foi muito difícil. “Doeu muito. Na hora, minha maior preocupação eram as crianças. Queria tirá-las daqui logo”. Por isso, ver a instituição reformada tão rápido foi inacreditável. “O que mais quero é ver as crianças voltando o mais rápido possível. Elas já fazem parte da minha vida”, revela.

Outra pessoa que ajudou na reforma foi Cristiano Moreira Andrade, 44. O funcionário público é voluntário da instituição desde 2012 e ajuda com arrecadação de alimentos e dinheiro. Além disso, sempre vai brincar com as crianças. Ele soube do incêndio por meio da imprensa e logo se mobilizou nas redes sociais, pedindo ajuda.

“Um dos meus amigos tinha acabado de contratar uma empreiteira para sua casa e conversou com o proprietário. O dono conversou com os funcionários, que decidiram trabalhar incansavelmente durante a folga de Carnaval”, relata. Cristiano se entristeceu ao ver os estragos do incêndio, mas nada se compara ao sentimento de esperança renovada com a mobilização da comunidade: “Ver como as pessoas ajudaram o próximo proporciona um sentimento de fé na humanidade”.

Como ajudar

Toda a equipe da Creche Alecrim é composta por voluntários. A existência do local depende exclusivamente das doações de pessoas e de entidades. As doações são necessárias para garantir desde a alimentação das crianças até o aluguel do espaço. A instituição, sem fins lucrativos, atende 107 crianças em situação de vulnerabilidade.

Para ajudar, basta entrar em contato com Maria de Jesus por meio dos telefones (61) 3465-6005 ou 99575-0755.

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