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Brasília

Ser mãe: o sonho de mulheres de viver a maternidade

Redação Jornal de Brasília

12/05/2019 6h33

Ser mãe

Aline Rocha, especial para o Jornal de Brasília
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Mãe: Lugar onde uma semente teve origem e cujo desenvolvimento proporcionou aperfeiçoamento e ramificações. Algumas mulheres sonham em ser mãe, gerar uma criança em seu ventre e trazê-la ao mundo. Uma parcela dessas mulheres, em algum momento da vida, passou por dificuldades para conceber a criança e, diversas vezes, passam por tratamentos de fertilização in-vitro ou tratamentos hormonais.

Ana Clara Silva Lobo, 39 anos, passou por essa situação, mas deu a volta por cima. Mãe de dois filhos, Isadora, 8 anos, e Lorenzo, 6 meses, Ana conta que teve que passar por tratamento para conseguir engravidar pela primeira vez. Lutou pelo seu sonho por mais de dois anos. A endometriose e a baixa ovulação dificultaram o processo, fazendo com que exames e idas à clínicas fossem constantes. “Cheguei ir a uma clínica de fertilização. O tratamento era muito caro e como eu tinha baixa ovulação. Não podia ser doadora para baixar o custo do tratamento. Fiz o cadastro lá no HMIB, onde a fila era gigante. Era desesperador essa situação. Rezava muito e acreditava que um dia daria certo. Fiz uma videolaparoscopia em maio e em junho engravidei de uma linda menininha”, conta.

Ana Clara Silva Lobo com o marido e filhos. Foto: Arquivo Pessoal

Ana Clara relembra que tinha medo de tentar o segundo filho, por causa de toda a ansiedade e sofrimento que passou durante a primeira gravidez. Após sete anos, em um período de intervalo para colocar o DIU, engravidou sem planejar. “Eu queria muito o segundo filho, só não tinha coragem de encarar. Minha filha pedia demais uma irmã, e assim veio um irmão, que estamos apaixonados e curtindo muito”, explica.

Mãe duas vezes

A vovó Manoela Tabalipa, 59, é mãe de nove moças, três biológicas e três de adoção, além de nove netos. Ela conta que acredita ser uma boa mãe e que o relacionamento com cada filha é diferente, se adequando à personalidade de cada uma. “Para mim e para os meus valores eu acredito sim que sou uma boa mãe,  mas não sou perfeita. Filho não vem com manual então errarmos tentando acertar e muitas vezes nos sentimos muito culpadas pelas nossas falhas. Acredito que existe muitas formas de amor, mas o amor de mãe é incondicional, insubstituível! A gente está bem quando o filho está feliz”, explica. Ela conta que seu sonho é vê -las crescendo, amadurecendo e evoluindo como ser humano a cada dia.

Manoela Tabalipa (centro) e suas filhas. Foto: Arquivo Pessoal

Uma de suas filhas, Erika Tabalipa, é cirurgiã dentista e tem 36 anos. Erika, assim como sua mãe, sempre teve o sonho da maternidade. Ela explica que o fato de ter uma “super mãe” e um companheiro participativo, o sentimento sempre foi presente.

Erika Tabalipa e sua filha. Foto: Arquivo Pessoal

A cirurgiã teve dificuldades para engravidar e fez tratamento por dois anos para obter resultado e conseguir engravidar de um menininho. “Durante todo esse processo o que me marcou muito foi durante o nascimento do meu filho.  Ele estava chorando assim que nasceu e quando falei com ele, ele simplesmente me reconheceu como mãe dele e parou de chorar na hora. Foi surpreendente ver ele como ele já me reconhecia como mãe e como ele se sentia seguro comigo ao seu lado”, relembra.

Ela conta que tenta ser uma boa mãe a cada dia, plantando honestidade, empatia, solidariedade e amizade no coração de seu filho. Após o tratamento, Erika manteve dois embriões congelados e pretende tentar dar um irmãozinho ao seu filho.

Nem tudo vem no tempo que queremos

A manicure e dona de salão, Rita de Cassia Amorim, 34 anos, ainda não conseguiu engravidar. Ela explica que já fez dois tratamentos para gravidez, mas não conseguiu em nenhum deles. “Eu tenho endometriose profunda, já fiz duas cirurgias. O processo de inseminação não é fácil, mas fiz o que podia fazer para conseguir engravidar. Tudo que os médicos mandaram fazer, eu fiz, mas infelizmente eu não consegui”, relembra.

Rita de Cassia Amorim e sua mãe. Foto: Arquivo pessoal

Ela conta que sempre teve o apoio do marido e da família. Sua mãe sempre foi uma inspiração e ela quer ter um filho para ser uma mãe igual para a criança. Para sua família, ela já é considerada mãe. “Todo ano, no dia das mães, minha mãe me dá presente, porque ela acha que eu já sou mãe de coração, de alma. Ela acredita que eu já sou mãe de tanta luta que eu já tive por querer ser mãe. Meus afilhados, meus sobrinhos, todos me dão presente de dia das mães. Acredito que Deus está esperando a hora certa”, conta, esperançosa.

Reprodução assistida  

A ginecologista e obstetra, Cinara Costa Gusmão, é especializada em reprodução humana pela Rede Latino Americana de Reprodução Assistida (Rede LARA) e trabalha no Hospital Materno e Infantil de Brasília (HMIB). Ela convive com mulheres e suas famílias, que tem o sonho da maternidade, diariamente, tanto na rede pública quanto na particular e atende, em média 180 famílias por mês.

A médica conta que é gratificante ver a evolução de suas pacientes. Algumas voltam a fazer o tratamento com ela, e levam as crianças para ela conhecer. “É muito sentimento envolvido. Trabalhar com reprodução humana para mim é o início de tudo, início da vida. Acho muito gratificante trabalhar com a ciência da tecnologia e conhecimento humano até trabalhar com a questão emocional do casal envolvido”, conta emocionada, “Eu amo muito o meu trabalho! Até me emociono em falar”.

Formada em 2001, Cinara começou a trabalhar com reprodução assistida em 2005, e relembra um dos casos que mais a marcou. “São muitas histórias emocionantes, mas uma bem marcante foi de uma paciente que perdeu os 4 filhos e o marido em um acidente de carro, teve depressão, deu a volta por cima e recomeçou a vida. Iniciou um novo relacionamento, com dificuldade para engravidar. Procurou o serviço de reprodução e hoje consegue ter uma vida com uma nova família e um filho”.

Para ela, o sentimento mais presente nessas mulheres que buscam a maternidade é a vontade de criar o sentimento único entre mãe e filho, o laço afetivo. “Depois do amor de Deus creio ser o maior amor do mundo. As mulheres que muito desejam ser mães acredito que são impulsionadas por este amor”, finaliza.

A data

No Brasil, o dia das mães foi comemorado pela primeira vez em 12 de maio de 1918, em Porto Alegre. Desde então, em todo segundo domingo de maio, famílias de todo o país comemoram o amor e o carinho da figura familiar materna e a maternidade.

Ser mãe é assumir o dom da criação, da doação, do amor incondicional. É assumir o amor, a coragem, a força, a alegria e a sabedoria de criar uma criança. Ser mãe é não medir esforços para o bem e para a felicidade da família.

Falando em tantas mães, não podia deixar de falar da minha, que largou tudo pela criação de três filhas. Hoje, 20 anos depois, já vê o resultado de uma criação amorosa e dedicada.

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