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Brasília

Sem médicos, UPA de Sobradinho restringe atendimento

Arquivo Geral

20/06/2018 19h33

Foto: Angelo Miguel(Cedoc)

João Paulo Mariano
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Sem profissionais suficientes, a UPA de Sobradinho está com atendimento restrito. Os 11 pacientes que estavam internados – dez na sala amarela e um na verde – começaram a ser transferidos para o Hospital de Sobradinho (HRS) no último domingo (17). Nesta terça (19), os servidores foram informados da decisão, que causou causou surpresa. Entidades ligadas à Saúde indicam que a questão trará dificuldade para os pacientes que precisam de atendimento na clínica médica, já que essa especialidade era exclusiva da unidade. A Secretaria de Saúde nega que haverá fechamento e que apenas está fazendo remanejamento de pacientes para melhorar o atendimento.

O documento foi assinado pelo superintendente da região de Saúde Norte, Ricardo Tavares Mendes, e determina que “até que o RH da UPA seja restabelecido, os pacientes atendidos, com indicação de internação, serão removidos compulsoriamente para o HRS ou para o hospital de origem”. A Secretaria de Saúde aguarda a nomeação do concurso de emergencista, que deve ocorrer no período de 45 dias.

Além disso, o Samu foi orientado a não encaminhar mais nenhum paciente para a UPA. Os doentes devem ser levados para os hospitais de Planaltina e de Sobradinho. A última unidade deve sofrer um acréscimo grande no atendimento, já que o seu pronto-socorro começará a atender os pacientes graves classificados em vermelho e laranja. Para reforçar, os enfermeiros e técnicos de enfermagem serão realocados para a reabertura de leitos no pronto socorro do HRS. Na UPA, restarão apenas a equipe de enfermagem nas salas vermelhas e na sala de medicação.

Falta de pessoal
A UPA de Sobradinho foi inaugurada em setembro de 2014 e contou com dinheiro do governo local e do federal. No início, havia 32 médicos para dar apoio à clínica médica. Mas, de um tempo para cá, muitos profissionais saíram. O memorando nº 126/2018 alerta que os problemas da unidade começaram após o término do contrato temporário de muitos profissionais e a saída de dez médicos que pediram exoneração em apenas um ano.

Atualmente, o local contava com 16 médicos, metade do quadro inicial. Sendo que três deles encontram-se de atestado médico por período entre 30 e 60 dias, e uma profissional de licença maternidade. Segundo uma enfermeira que pediu para não ser identificada, os servidores entram de atestado porque não têm condições de trabalhar com um déficit dessa magnitude.

“Antes a gente sofria apenas com a falta de materiais pequenos, já que a estrutura era boa. Uma das melhores. Mas, de uns seis meses para cá, com o atendimento precário e restrição [de atendimento] na porta, ficou mais difícil de trabalhar”, afirma a profissional. Ela lembra que, muitas vezes, havia um médico para cinco pacientes em observação na sala vermelha, e ainda inúmeros outros buacando atendimento de clínica médica.

Ela garante que, desde ontem, a UPA permanece fechada, sem nenhum atendimento e sem nenhum paciente internado. “São muitos leitos que permanecerão fechados”, alerta. A indicação da chefia para os servidores é que haverá atendimento na porta apenas em alguns dias e que permanecerá desta forma até setembro, pois, em julho, novos médicos devem ser contratados e resolver o problema.

A profissional lembra que já ocorreu de pacientes se revoltarem com a falta de atendimento e ameaçarem os servidores. Em abril deste ano, por exemplo, um paciente, que passou horas à espera de médico, quebrou vidros da UPA depois de não conseguir atendimento.

Com poucos médicos, os leitos foram esvaziados

Falta de servidores é problema crônico

Em nota, o Sindicato dos Médicos (Sindmédicos-DF) alega que a situação da UPA de Sobradinho não é muito diferente da situação da UPA de Ceilândia e outras unidades de saúde do DF. A falta de servidores, em especial médicos, é crônica. “Mais da metade dos concursados aprovados no concurso de 2014 e empossados a partir de 2015 não permaneceu no serviço público, dadas as condições de trabalho adversas e condições degradantes de assistência aos pacientes”, acusa.

Já o Sindicato dos Auxilares e Técnicos em Enfermagem do distrito Federal (Sindate-DF) repudia o fechamento, mesmo que parcial, de qualquer serviço de saúde, haja vista que a população pode ficar desassistida.

A Secretaria de Saúde esclareceu que não há qualquer plano para fechar a UPA de Sobradinho ou qualquer outra unidade e que trabalha para reforçar o quadro de profissionais. Ainda informou que todos os médicos clínicos do último concurso foram aprovados e que não há mais cadastro reserva. A partir de agora, os pacientes que necessitam de internação serão encaminhados para o hospital, com abertura de leitos extras. “A UPA continua aberta para atendimento de clínica médica, com equipe da sala vermelha e sala de medicação”.

“A Secretaria de Saúde trabalha para restabelecer o quadro de profissionais, com a nomeação de médicos emergencista. Na próxima sexta-feira, haverá nova reunião para reavaliação das medidas adotadas”, conclui. A pasta abriu, em março, edital para contratação de 294 médicos, sendo 45 emergencistas. O resultado deve ser homologado até o início de julho.

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