Jéssica Antunes e Matheus Venzi
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O viaduto que desabou em uma das pistas mais movimentadas do Distrito Federal não passou por manutenção nos últimos quatro anos. A informação foi dada pelo próprio governador Rodrigo Rollemberg (PSB) ao visitar o local do desastre na manhã desta terça-feira (6). Para especialistas, a ausência de manutenção pode ser considerada negligência e responsável pela queda da estrutura. Não há vítimas.
“Brasília é uma cidade que está envelhecendo. Desde o início do governo fizemos manutenção em oito viadutos – seis receberam reforço de estrutura, mas este não”, disparou o governador à imprensa momentos após a queda da estrutura no Eixão Sul. A declaração foi seguida por vaias da população. Em grupo de trabalho, os órgãos responsáveis pelas obras do GDF vão montar plano emergencial para manutenção do viaduto. Todos os órgãos do governo que podem ajudar do ponto de vista técnico foram acionados: Defesa Civil, Novacap e Corpo de Bombeiros.
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A região é de grande movimento diário de pedestres e veículos, mas, por sorte, ninguém passava no momento. Após varreduras, o Corpo de Bombeiros descartou a possibilidade de vítimas. Ao menos quatro carros foram atingidos. O Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) não registou nenhum tremor de terra e a estrutura interna da área da capital.
Sinais do desastre
“Uma estrutura não cai sem avisar. Sempre tem sinais, rachaduras, fissuras, deformações”, avisa o engenheiro civil Eduardo Nóbrega de Oliveira. Ele classifica a situação do local calamitosa e afirma que se estende a outras áreas. “Os equipamentos urbanos de Brasília têm cerca de 50 anos e o Estado, por razões diversas e desconhecidas, não fornece manutenção adequada. A situação é de urgência e não dá para empurrar com a barriga”, analisa.
Para o especialista, faltou inspeção. “Se o GDF ao menos fizesse isso perceberia o risco iminente. Há negligência”, opina Eduardo Nóbrega de Oliveira. Ele aponta que o mesmo viaduto tem falhas e sinais de desgaste e considera a situação crítica: “Pode desabar mais!”.
Presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Distrito Federal (Crea-DF), Fátima Có afirmou, ao Jornal de Brasília, que é preciso se antecipar aos problemas. “Temos levantamentos de que não só esse como outras obras do governo com problemas. Estaremos o mais rapidamente possível buscando as áreas diagnosticadas ao menos a olho nu para mostrar que é preciso recurso de recuperação das obras existentes”, afirma.
Inicialmente, ela também aposta na falta de manutenção como responsável do desastre no Eixão Sul. “O diagnóstico técnico só é possível após perícia, mas há grau de infiltração, ferragem exposta e tudo indica que foi falta de recuperação”, aponta. O Crea e outras entidades de engenharia já apontaram irregularidades naquele ponto.
Obras recomendadas
Um relatório feito pelo Sindicato de Engenharia e Arquitetura (Sinaenco) em 2011 alertou que 9 de 11 viadutos e pontes do DF precisavam de reparos e obras de manutenção com urgência. Entre eles, estava justamente o que passa sobre a Galeria dos Estados.
Em 2013, uma auditoria do Tribunal de Contas do Distrito Federal detectou fragilidades em diversos monumentos de Brasília, entre elas mesmo o viaduto. Na oportunidade, a equipe de vistoria recomendou que a obra fosse reformada.
No local funciona uma churrascaria. Ao menos quatro carros ficaram presos sob o viaduto, dois deles totalmente destruídos. Oito viaturas do Corpo de Bombeiros estão no local. De acordo com a Defesa Civil, outras partes do viaduto estão comprometidas. Sob o via que caiu, há grande fluxo de carros, que passam pela viaduto para acessar o Setor Comercial Sul e o Setor Bancário Sul.
O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), foi até o local logo após o desabamento. Ele admitiu que o viaduto que desabou não havia passado por manutenção. “Felizmente não houve vítima, isso é o mais importante. São viadutos antigos. Desde o inicio do nosso governo fizemos manutenção em oito viadutos, seis tiveram reforço da estrutura, infelizmente esse não recebeu manutenção. Brasília é uma cidade que está envelhecendo”, alegou.
