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Brasília

Racionamento e hiperinflação ameaçam mercados do DF por desabastecimento

Arquivo Geral

24/05/2018 21h42

Arquivo Pessoal

Rafaella Panceri
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A greve dos caminhoneiros afetou o abastecimento de comida em supermercados, hipermercados e centros de distribuição do Distrito Federal nesta quinta-feira (24). Na Ceasa-DF, o preço dos produtos no varejo subiu. Sacos de batatas que custavam R$100 chegaram a R$160 e as caixas de tomate saíram por R$130 – custavam R$50. Supermercados indicaram racionamento.

Gerentes atestaram falta de itens perecíveis e temem pelo faturamento, prejudicado desde a última segunda-feira (21). Em outros centros de distribuição, os estoques estão em baixa. Uma unidade do Carrefour, na Asa Norte, instalou uma placa na loja, limitando a compra dos clientes a cinco unidades do mesmo item. Já no Extra, também na Asa Norte, outra placa indicava a indisponibilidade de alguns produtos, mas sem indicar racionamento.

Rafaella Panceri

Compras limitadas

O Carrefour informou, em nota, que acompanha os movimentos dos caminhoneiros e a negociação com o governo. “O abastecimento segue sem muitos problemas nas lojas, em função dos volumes de estoques”, declarou a empresa. Ela garantiu buscar alternativas para atender ao maior número de clientes possível, como negociar com fornecedores locais — solução em andamento.

A reportagem do Jornal de Brasília confirmou a existência das placas de racionamento nas unidades Carrefour do Shopping Boulevard e da 512 Norte (Carrefour Bairro). Nesta última, porém, o gerente decidiu declinar a limitação de cinco unidades por item. Durante a tarde, os clientes já compravam livremente.

O Grupo Pão de Açúcar, formado por Pão de Açúcar, Assaí e Extra, além de Casas Bahia e Ponto Frio, garantiu não haver racionamento em nenhuma das lojas e busca a mesma estratégia para evitar a medida: procurar fornecedores locais.

Pessimismo

Em unidades do supermercado Big Box, os gerentes estão pessimistas. Na Asa Norte, produtos de hortifrutigranjeiros não chegaram nesta quinta e a previsão é de que na sexta-feira (25) as prateleiras estejam vazias. No Sudoeste, a próxima semana deve ser de escassez. O subgerente Peterson Fernandes disse que todos os produtos perecíveis estão em falta. “Cerca de 80% dos fornecedores não vieram hoje, mas não vamos limitar as vendas. Está tudo liberado para os clientes”, informou.

Para o Sindicato dos Supermercados do DF, não há necessidade de estocar alimentos, porque os varejistas têm reservas sobressalentes. O Sindicato dos Atacadistas, por outro lado, prevê reflexos no abastecimento de supermercados e outros pontos do varejo. Pelo menos vinte empresários já foram afetados pela greve. “Várias empresas prometem não operar para evitar prejuízos ainda maiores, caso a situação não se normalize até a próxima segunda-feira (28)”, informou, em nota.

João Stangherlin

Distribuição parada

Diretor da Pereira Distribuição, em Taguatinga, Denilson Pereira afirma que o estoque conta com 30% do volume normal. “Houve dias em que as mercadorias não cabiam no depósito”, lembra. A situação atual é “crítica”, segundo ele. Com fornecedores em outros estados, ele lamenta que várias carretas estejam presas em estradas do país. “É um protesto legítimo, mas que gera prejuízo. Meu faturamento está parado”, reclama.

Fornecedor de sucos, macarrão, biscoitos e bebidas para estabelecimentos do DF, ele conta que tem apenas um dos cinco caminhões disponível. “Os outros estão presos nas estradas, mas prefiro manter esse aqui, como garantia”, conta. Para o empresário, é desvantajoso liberar a carreta. “Caso ela fique presa, preciso pagar R$ 120 de diária ao funcionário”, analisa. Ele prevê que, se a greve terminasse hoje, a situação voltaria ao normal em seis dias.

Alta no preço

Segundo a Ceasa-DF, as entregas de mercadorias provenientes de outros estados, cujas distâncias são superiores a 200 km, foram prejudicadas. Houve redução de 60% no número dos caminhões e carretas que chegam ao centro de distribuição.

O preço da batata (saco com 50 kg) passou de R$100 para R$160 reais. O do tomate (caixa com 20 kg) passou de R$50 para R$130. Os únicos produtos a não sofrerem aumento foram os fornecidos por agricultores do Distrito Federal: folhagens, goiaba e morango, de acordo com a Ceasa-DF. Banana nanica, mamão formosa, melão e outros alimentos produzidos em regiões distantes, apresentaram subidas de preço, mas em menor escala.

A Ceasa-DF informou, via assessoria de imprensa, que caso o bloqueio das estradas continue, é possível que os preços praticados sigam em alta. Após o fim das manifestações, o abastecimento de hortifrúti deve ser normalizado em poucos dias e os preços tendem a diminuir, segundo o centro de distribuição.

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