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Brasília

Rachadura assusta moradores da Asa Sul

Arquivo Geral

13/02/2018 7h00

Atualizada 12/02/2018 23h28

Foto: Kléber Lima

Raphaella Sconetto
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O desabamento de uma laje em uma garagem subterrânea na Asa Norte, seguida da queda de parte do viaduto no Eixo Rodoviário, no coração de Brasília, acendeu a luz amarela para outras edificações da capital federal. Na Asa Sul, uma rachadura existente há sete anos cresceu e chamou a atenção de moradores e especialistas. Apesar da ruptura ter uma forma impressionante, a Defesa Civil garante que não há risco de ruir. Os moradores do local se dizem tranquilos e se reúnem para fazer a reforma no prédio.

O bloco A da 112 Sul foi construído em 1968. Na época, o projeto de uma garagem subterrânea foi desenvolvido, mas acabou não indo para frente. Dessa forma, não há risco de repetição das cenas da laje que desabou sobre mais de 20 carros na 210 Norte na semana passada.

Segundo o morador José Samuel Vasconcelos, de 63 anos, a rachadura existe há sete anos, mas aumentou de tamanho nos últimos dias. O empresário alega estar tranquilo e não vê problemas estruturais maiores no prédio. “Não temos problema no prédio. Os apartamentos não apresentaram trinca, nem nada”, argumenta José Samuel.

O morador reforça que o síndico chamou um especialista para fazer uma vistoria no prédio após reclamações dos moradores. “Foi feita uma sondagem no piso há uns sete anos. No ano passado, o engenheiro fez análise e afirmou que era falta de compactação”, afirma.

Sonho

A tranquilidade do empresário é confirmada pelo professor da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em patologias de edificação, Dickran Berberian. “Um leigo deve estar sonhando que o prédio vai cair, mas a situação está muito menos terrível do que se imagina”, brinca. Segundo Berberian, o solo da região é colapsível. “Quando está seco, é duro. Quando vem água, desestabiliza. Esse aterro, onde está o piso, não foi bem compactado”, explica o especialista.

A solução seria então retirar 60 centímetros e ir compactando de 20 em 20 centímetros o solo. “Se compactar bem, tira os poros do solo e a água não afeta tanto. O ideal seria até colocar um pouco de cimento no solo para ficar mais imune”, finaliza Berberian.

Manutenção prevista

Em janeiro, os moradores do bloco A começaram a pagar uma taxa extra para a reforma do piso. O subsíndico Alan Ricardo Saraiva, no entanto, lembra que os últimos incidentes na cidade despertam um certo incômodo nos moradores. “Com esses eventos recentes, a gente sabe que aumenta a preocupação, mas já acertamos o pagamento da taxa para refazer o piso e compactar”, afirma o subsíndico.

Saraiva acredita que o piso que rachou foi um avanço do projeto original do prédio. “Não sei como foi feito esse trabalho, porque eu não morava aqui. Então é difícil julgar se teve algum erro, mas apresentou o problema e nós vamos arrumar”, esclarece. “Como não é uma situação crítica, a previsão é que a manutenção seja feita até o fim do ano. Vai ser para a segurança dos moradores e a própria questão de estética”, conclui.

A Defesa Civil vistoriou o espaço ontem e descartou risco iminente. Em nota, o órgão informou que notificou o prédio e solicitou ao responsável um laudo detalhado sobre a rachadura para melhor avaliação.

Ponto de vista

Todo síndico de condomínio passa a ter responsabilidade judicial com o que acontece no imóvel. É o que afirma a presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do DF (Crea), Fátima Có. “A Defesa Civil não consegue ir em todos os prédios de Brasília”, afirma Fátima Có.

O profissional responsável pelos laudos deve, segundo a presidente do Crea, estar regularizado na instituição. “As pessoas não podem ficar contratando leigos que cobram mais barato. É preciso uma inspeção séria, que tenha garantia”, recomenda. “Qualquer construção tem uma vida útil, varia de 50 a 100 anos. Assim como um ser humano, os prédios também precisam passar por um check-up. Se a gente não cuidar, essa vida útil vai reduzir”, finaliza.

Saiba Mais

Depois da Ponte do Braghetto e do viaduto do Eixão, a ponte Honestino Guimarães, que liga a Asa Sul ao Lago Sul, passou por inspeção ontem. A avaliação das forças de segurança é que a estrutura está fora de perigo, mas também receberá sensores de monitoramento.

A promessa é que em três meses sejam desenvolvidos projetos básicos para a manutenção da Ponte Honestino Guimarães. Após a conclusão deles, novas intervenções devem ocorrer para reforçar a estrutura.

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