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Brasília

‘Queremos uma mudança da política do DF’, diz herdeiro do Giraffas que lançou pré-candidatura ao GDF

Arquivo Geral

12/12/2017 7h00

Foto: Kléber Lima

Millena Lopes
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Aos 37 anos, o empresário Alexandre Guerra se apresenta como pré-candidato ao Governo do DF, pelo Partido Novo. Formado em direito e atualmente membro do conselho de administração do Giraffas, rede de fast food criada pelo pai em 1981, ele promete ser a mudança que a sociedade anseia na política. Filiado ao Novo, partido que diz abrir mão de recursos públicos para financiamento de campanha e da própria legenda, o empresário critica campanhas milionárias e o que chama de “jogo sujo” na política. Ele será lançado hoje, à noite, junto com outros 21 nomes, pré-candidato ao Palácio do Buriti. E tem pela frente o desafio de se tornar conhecido e encontrar partidos com afinidade ao projeto dele e que pensem como o Novo.

Por que um empresário vai se aventurar pela política?

Porque precisamos mudar esse País. Estamos há anos sendo prejudicados e não são só os empresários. O País inteiro é prejudicado pela forma com que os políticos estão gerindo o País. É por essa indignação em relação à corrupção e à ineficiência da gestão pública, que eu decidi participar do processo de mudança. Ficar sentado no sofá, reclamando do que acontece, não é suficiente, é preciso fazer acontecer. Eu encontrei isso através do Novo, que é a única plataforma de efetiva mudança. O Novo propõe bandeiras e ações que nenhum outro partido propõe. O partido é contra o fundo partidário e o fundo eleitoral, porque é um absurdo desviar bilhões do cidadão para financiar privilégios e um processo eleitoral caríssimo. A gente é contra as coligações da forma como elas são feitos. Não vamos fazer coligação sem ter ideologia alinhada com a nossa e não vamos fazer negociação de compra de tempo de televisão ou loteamento de governo. Nosso estatuto veda que pessoas eleitas para o legislativo assumam cargos, como secretarias ou ministérios. Um eleito pelo Novo não pode nem sequer indicar ou nomear pessoas para o Executivo, justamente porque essa mudança que a gente quer, através de uma gestão pública mais eficiente, precisa ser mudada na gênese da corrupção e da ineficiência.

O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi eleito graças a um discurso de que não era político profissional. É esse tipo de discurso que vai nortear sua campanha?

Nosso discurso é de novas propostas, a gente quer fazer uma mudança sistêmica em relação à eficiência e enxugamento de despesas, com uma visão mais para as necessidades básicas do cidadão: saúde, segurança, educação e geração de empregos por meio da iniciativa privada. Eu acho que o Doria foi por um caminho diferente do que o que a gente vai seguir. Queremos uma mudança da política partidária.

De que forma que sua experiência de gestor bem sucedido pode contribuir para o sucesso de um mandato?

A gente precisa se cercar de pessoas capacitadas e isso é parte fundamental da iniciativa privada, em que você seleciona as pessoas pela competência e pela meritocracia. Outro aspecto muito importante é ter objetivos a serem seguidos na gestão pública para gerar resultados. Isso é básico no setor privado e, muitas vezes, é negligenciado setor público, onde vemos secretarias sem nenhum planejamento ou prioridade. A gente tem um governo que existe como um fim em si e não como meio de realizar alguma coisa, existe para sustentar as pessoas que estão ali dentro e não parar gerar resultados efetivos para a população que precisa. Temos uma carga tributária absurda e não é entregue contrapartida.

Você acha que a crise de bons políticos faz com que os empresários migrem para a gestão pública?

No Partido Novo, temos empresários, microempreendedores e servidores públicos. O Novo é também um partido de empresários, mas não é só de empresários.

Você disse que as coligações serão feitas por afinidade ideológica. Que partidos estão na mira do Novo?

Hoje, não tem nenhum partido na nossa mira e não há conversas com outros partidos. Vamos lançar uma chapa de pré-candidatos a deputados distritais, federais e senadores 100% do Novo. Nosso movimento, neste momento, é independente. O que não quer dizer que não poderemos coligar no futuro. Mas esta não é nossa prioridade.

Alguns partidos já se colocaram na disputa, com um ou mais nomes disponíveis para prováveis candidaturas. Como você avalia este cenário e os possíveis adversários?

É difícil dizer, porque a briga neste jogo sujo da política é tão difícil até para os próprios postulantes. Eu não entendo esse jogo e, sinceramente, acho que todas essas pessoas vão ter que fazer um esforço grande de conseguir liderar esse jogo que envolve dinheiro e troca de favores. É um tipo de jogo sujo, que é desonesto desde a origem.

E em relação ao governo de Rodrigo Rollemberg, que, certamente, deve ser um adversário?

Não preciso nem fazer avaliação, a sociedade já está fazendo por mim. Eu não vejo avanços nestes quase quatro anos. A gente está numa situação de desespero. Uma proposta de mudança que foi plantada quatro anos atrás foi jogada no lixo, quando o governo foi loteado.

Quando estava na campanha, Rollemberg também dizia que inauguraria uma nova forma de se relacionar com os políticos…

É muito difícil você inaugurar uma nova forma de se relacionar, quando isso não é feito antes da campanha. Não dá para atuar de um jeito na campanha e querer mudar depois. Eu sei que é muito mais difícil mudar isso, mas vamos fazer o certo.

O que esperar de uma gestão de Alexandre Guerra?

A gente espera uma gestão eficiente e enxuta, um Estado preocupado com as necessidades básicas do indivíduo, que é saúde, segurança e educação. Queremos também destravar as barreiras que têm no setor privado, para trazer investimento para a cidade e gerar emprego e riqueza. O Novo acredita basicamente em uma coisa: o indivíduo é o agente de transformação da sociedade. O Estado não pode ser um fim em si, ele tem de ser um meio.

Você já tem plano de governo?

A gente está juntando pessoas competentes para criar um diagnóstico e, depois, um plano de governo. Isso vai ser construído até março ou abril do ano que vem.

E sua campanha, como será custeada, por autofinanciamento?

Eu não acredito em autofinanciamento, acho que não existe propósito que deveria ir para a frente, se for financiado por uma única pessoa. Quem financiará são as pessoas que estão cansadas da política como ela é hoje e queiram contribuir. Esperamos ter o maior número de doadores dessa campanha, mas com o menor dinheiro. Queremos procurar um maior número de pessoas que vão doar pouco para este projeto. Não vamos fazer uma campanha milionária, como alguns candidatos fazem por aí.

Algumas ideias defendidas pelo Partido Novo coincidem com o discurso do senador Reguffe, que está sem partido. Tem alguma conversa para trazê-lo para o partido?

Admiro o Reguffe há muito tempo, conheço ele há muitos anos e acompanho o trabalho dele. Ele é um exemplo de político que teve sucesso fazendo uma política diferente e talvez isso reforce nossa capacidade de ter sucesso no nosso projeto. Já conversamos com ele, mas não tem nada avançado nesse sentido.

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