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Brasília

Quadrilha do DF falsificava boletos para enganar vítimas que compravam pela internet

Arquivo Geral

19/06/2018 15h51

Foto: Divulgação/PCDF

Matheus Venzi
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Duas pessoas foram presas, nesta sexta-feira (19), suspeitas de integrar uma quadrilha que provocou prejuízo estimado em R$ 6 milhões a sites de vendas. A dupla foi localizada no Cruzeiro Velho. Os demais integrantes da associação criminosa, no entanto,  estão foragidos. A Polícia Civil acredita que pelo menos mil pessoas foram vítimas do bando.

De acordo com a Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (CORF), os golpes eram aplicados por meio da falsificação de boletos que eram emitidos por e-mail. “A vítima pagava um falso boleto para a quadrilha enquanto acreditava estar comprando alguma coisa”, revelou o delegado responsável pelo caso, Rodrigo Carbone.

Segundo Carbone, o grupo descobria que a vítima havia recebido um boleto por e-mail referente a compra de algum objeto por meio de um site. Com os dados em mãos, a quadrilha fazia a compra de outro item com valor parecido e gerava um outro boleto, que também era original. A falsificação, conforme explicou o delegado, acontecia no próximo passo.

“Nesta etapa, a associação criminosa se passava pela fornecedora do produto e mandava outro e-mail para a vítima, alegando que havia cometido um erro no cálculo do valor do pagamento. Em seguida, mandavam a nova via, falsificada, para o comprador. Com isso, a vítima acreditava que estava pagando o objeto adquirido, mas estava comprando o item que seria entregue para a quadrilha”, explicou Carbone.

Ainda de acordo com a corporação, todos os objetos comprados eram entregues em um endereço no Cruzeiro. A Polícia Civil acredita que pelo menos 15 mercadorias eram entregues diariamente no local.  “Percebemos que os nomes dos beneficiados eram diferentes, mas o endereço era sempre o mesmo. Por isso, monitoramos o local e identificamos duas mulheres responsáveis por receber as mercadorias.”

As suspeitas foram presas em flagrante no interior da residência. Além da dupla, dois homens foram identificados como membros do grupo e estão foragidos. Um deles seria o líder.

Na residência, foram encontradas  aproximadamente 19,2 mil garrafas de cerveja, 200 celulares lacrados, mais de 20 notebooks, placas de vídeo de computadores, televisores, entre outros objetos. Ao todo, o valor das mercadorias é estimado em R$ 700 mil. “O que mais chama atenção é que, nesse golpe, eles conseguiam adquirir a nota fiscal. Ou seja, era mais fácil colocar os produtos para revenda”, comenta Carbone.

Foto: Divulgação/PCDF

Agora, as investigações se concentram em identificar demais membros e  vítimas da quadrilha. “Acreditamos que pessoas de todo o Brasil podem estar envolvidas”, reforçou o delegado. As suspeitas irão responder por receptação, associação criminosa e estelionato. A pena pode chegar a oito anos de prisão.

Fuga

O homem, apontado como chefe da quadrilha, possuía uma loja de artigos de pesca em um shopping de Brasília. Segundo o delegado, ele conseguiu fugir após descobrir sobre a operação. “Os vizinhos perceberam uma movimentação estranha na casa e ligaram para ele na tentativa de saber o que estava acontecendo. O homem estava em sua loja e fugiu desesperadamente. O medo era tanto, que ele não se deu nem ao trabalho de fechar o estabelecimento. Deixou tudo aberto”, expõe Carone.

Empresário enganado

Uma das vítimas da quadrilha, um empresário de 30 anos, conta como foi enganado. “Tenho um estabelecimento comercial onde fazemos compras diárias. Eu compro a mercadoria e recebo o boleto para pagar em até dez dias. Em uma dessas compras, com um fornecedor novo, nosso setor comercial recebeu um e-mail de que o boleto estava errado por um erro no cálculo do imposto. Então, eles mandaram outra via e pagamos o combinado”, relata.

No dia seguinte ao pagamento, a fornecedora ligou para a empresa informando que o pagamento não havia sido feito. “Eu achei estranho e mandei o comprovante de pagamento para eles. Foi nesse momento que eu descobri tudo. Percebi que tinha pago um boleto para outra pessoa. Peguei o máximo de informações possíveis sobre a origem do boleto e procurei a delegacia”, diz.

O empresário reconhece o prejuízo. “Era uma compra de vinhos no valor de R$ 5,3 mil para vender no meu estabelecimento. Só que acabei pagando R$ 4,4 mil em um computador para uma pessoa que nem conheço. Mesmo com o ressarcimento, a dor de cabeça é grande”, desabafa.

Caminhão com os itens apreendidos (Foto: Matheus Venzi/Jornal de Brasília)

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