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Brasília

Primeira brasiliense morre após sofrer parada cardíaca

Arquivo Geral

10/09/2016 12h33

Atualizada 25/10/2016 18h22

Brasília Maria Costa Góis com a filha Grazielle gois.Crédito: arquivo pessoal

Andrei Helber
Especial para o Jornal de Brasília

Morreu na madrugada deste sábado (10), por volta de 3h30, Brasília Maria Costa Góis, de 56 anos, a primeira pessoa a nascer na capital federal. A pioneira estava internada desde a última quarta-feira (7) em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Regional de Santa Maria, onde não resistiu a uma parada cardiorrespiratória. Antes de ser internada, ela passou quatro dias à espera de uma vaga de UTI com suporte dialítico, pois precisava urgentemente de hemodiálise. Enquanto o leito não aparecia, Brasília recebia tratamento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Recanto das Emas. A família dela precisou ir à Justiça para conseguir a transferência.

Perceptivelmente abalada, Karine Galvão, companheira da filha mais velha de Brasília há três anos, contou, por telefone, que a sogra acumulou complicações nos rins e no pulmão, além de registrar queda de pressão frequentemente. “Acredito muito na vontade de Deus, mas se ela [Brasília] tivesse sido transferida rapidamente para uma UTI, com certeza, teria feito diferença no tratamento a ponto dela ganhar sobrevida”, desabafou.

A filha de Brasília, Grazielle Góis, 21, não conversou esta manhã com a nossa reportagem pois negocia a despedida [enterro] da mãe. Brasília deve ser sepultada neste domingo (11), no cemitério de Taguatinga. Ela morava há doze anos na quadra 510 do Recanto das Emas, mas trabalhou durante três décadas como auxiliar administrativo no Hospital de Ceilândia, o que a levou a se encantar tanto pela região quanto por Taguatinga, ambas bem próximas. A primeira brasiliense deixa outro filho, de 15 anos.

Problemas psiquiátricos

A ilustre brasiliense, que era aposentada, sofria com problemas psiquiátricos e tomava três tipos de remédios controlados, diz a filha: “Ela tinha esquizofrenia, transtorno bipolar e de ansiedade”. O tratamento teria sido interrompido há três anos, por falta de vaga no Hospital Pronto Atendimento Psiquiátrico (HPAP), onde era atendida.

Com dores nas costas, Brasília procurou a UPA do Recanto das Emas, onde mora com os dois filhos, o marido e uma sobrinha. “Quando falei que achava que poderia ser nos rins, ela ficou agitada”, revelou, anteontem, a filha, lembrando que a mãe era fumante há mais de 30 anos e foi diagnosticada recentemente com doença pulmonar obstrutiva crônica, além de ser diabética e hipertensa.

Faltam vagas na rede pública

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou que Brasília Góis estava internada na sala vermelha da Unidade de Pronto Atendimento, onde recebia atendimento com suporte semelhante ao de uma UTI, enquanto aguardava transferência para leito de terapia intensiva “que atenda às necessidades do quadro clínico”.

A pasta reconhece que a mulher aguardava uma vaga desde sábado, quando entrou na fila de regulação de leitos de UTI. “Desde então, a Central de Regulação tem feito buscas ativas para atender a demanda”, diz o texto.

Conforme a nota, a pasta alegou que ampliou a busca por leito de UTI também na rede privada não contratada, seguindo a recomendação judicial que foi recebida.

A secretaria informou ainda que Brasília Góis seria encaminhada ao leito de terapia intensiva tão logo houvesse disponibilidade de vaga com as especificações necessárias.

Ordem judicial

Já passava das 20h da última quarta-feira (7), 50 horas depois de a ordem judicial ser expedida, quando uma viatura do Samu fez a transferência da paciente, segundo a Secretaria de Saúde informou. O relatório médico, que foi entregue à família, indicava que Brasília Góis estava com quadro de “choque séptico com foco urinário e pulmonar”.

O laudo, expedido no início desta semana, indicava a necessidade de UTI “com suporte dialítico” com urgência.

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