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Brasília

Presidente da Riachuelo, Flávio Rocha, diz que empresariado ‘precisa sair da moita’

Arquivo Geral

18/10/2017 7h00

Flávio Rocha defende a redução da regulação do mercado no País e que cada empresário tenha um “propósito“. Foto: Rose Brinck/Divulgação

Jorge Eduardo Antunes
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Um dos controladores do Grupo Guararapes Confecções e CEO da rede Riachuelo, Flávio Rocha defendeu ontem (17), em palestra aos membros do grupo empresarial Lide Brasília, que a categoria deixe de ser composta por “empresários-moita”, que não têm participação na vida pública, para se transformar em “empresários-cidadãos”, com voz ativa na vida política e na defesa do livre mercado.

Travando intensa batalha judicial com o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Norte (veja no Saiba Mais), Rocha atacou a gestão do PT, que, segundo ele, criou um “cerco burocrático e um ciclo de hiper-regulação econômica” que entravou o crescimento das empresas e do país. Também defendeu que cada empresário descubra um propósito para suas corporações, afirmando que o seu foi revelado ao conhecer o espanhol Amancio Ortega, que disputa com Bill Gates a primazia de ser o homem mais rico do mundo e é dono do poderoso conglomerado têxtil Inditex, controlador da rede de lojas Zara – acusada, em 2011, de manter, no Brasil, 15 pessoas produzindo roupas em condições degradantes de trabalho. Segundo Rocha, Ortega construiu “uma rede de pleno emprego na Galícia”.

Revelando que a cada emprego em uma loja têxtil gera outros cinco ao longo da cadeia produtiva, Flávio Rocha revelou que “a Riachuelo tem hoje 40 mil funcionários, sendo 25 mil na operação do varejo, o que significa que há mais 125 mil pessoas trabalhando pelo mundo para abastecer as quase 300 lojas da rede”. A rede de empregos em terras nacionais já foi maior, pois anteriormente 90% das peças comercializadas nas unidades eram de fábricas brasileiras, mas a baixa competitividade acabou com 13 mil empregos, levando parte da produção para a China e o Paraguai – onde seu grupo está prestes a se tornar um dos maiores empregadores individuais.

Negando ter pretensões de retomar a carreira política, já que foi deputado federal entre 1987 e 1995, mas cercado de parlamentares do seu estado, o Rio Grande do Norte, o empresário fez críticas duras aos monopólios estatais, comparados a um presunto pendurado em uma sala repleta de moscas; à “pequena elite que se apropriou do estado” e que hoje controla quase 50% do PIB, dizendo que “o carrapato ficou maior que o boi”; ao excesso de tributação; e ao que chamou de sociedade do litígio – as 3 milhões de ações que ingressaram na Justiça do Trabalho em 2016. Também criticou a formação educacional do País, que não prepara alunos para o capitalismo, e ao “populismo típico da esquerda”, que aumentou “conflagrou ainda mais o país”.

“O empresário-cidadão tem a obrigação de disseminar as relações positivas de causa e efeito do livre mercado, defendendo um projeto de país próspero. A mudança vem de baixo para cima e está na cabeça do eleitor, que libertou-se da condição de súdito do governo e busca cidadania”, concluiu.

Saiba mais

  • No Rio Grande do Norte, a procuradora Ileana Neiva Mousinho, do Ministério Público do Trabalho (MPT), entrou com ação civil pública contra o Grupo Guararapes exigindo reconhecimento do vínculo empregatício entre a empresa e empregados das oficinas de costura do projeto Pró-Sertão, além de cobrar indenização de R$ 37,7 milhões das lojas Riachuelo por terceirizar parte da produção.
  • De acordo com Flávio Rocha, o grupo tem bom relacionamento com o MPT em todo o País e o projeto era inspirado na rede construída por Amancio Ortega na Galícia, prevendo a construção de 300 fábricas em cidades do semiárido do Rio Grande do Norte. O entrave veio na 61ª, com a ação tendo como base a tese de subordinação estrutural, “que anula conquistas da Lei da Terceirização”, segundo Rocha.
  • Ele argumenta que a ação é de “um agente da lei contra a lei” e que o Pró-Sertão tem apoio de empregados do grupo e das oficinas de costura. Além disso, alega que se a tese do MPT do Rio Grande do Norte prosperar, pode ameaçar outras cadeias produtivas, como a da indústria automobilística.

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