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Brasília

Polícia procura taxista que matou a mulher: “Homem perigoso”

Arquivo Geral

06/08/2018 15h52

Foto: Reprodução

Raphaella Sconetto
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A vizinhança da Quadra 405 do Recanto das Emas, onde uma mulher de 58 anos foi morta a tiros pelo marido no domingo (5), está assustada. Um dia depois do crime, poucos abriram os portões. No asfalto restou uma tímida marca de sangue. A casa da vítima, Marília Jane de Sousa Silva, amanheceu limpa, com o carro dela na garagem e cadeados trancando as portas. O taxista Edilson Januário de Souto, 61 anos, ainda estava foragido até a publicação desta reportagem. O crime é tratado como feminicídio.

De acordo com o delegado da 27ª Delegacia de Polícia, Sérgio Bautzer, há suspeita de que Edilson tenha passado o domingo bebendo. Quando chegou em casa, discutiu com a esposa por um motivo desconhecido. Eles brigaram e o taxista pegou uma arma dentro do cofre da residência. O homem atirou quatro vezes.

“Pela dinâmica, Marília tentou fugir de dentro da residência, mas um tiro, fatal, acertou no tórax dela. Uma vez que ela estava desfalecida, o marido retirou o corpo da entrada da casa, tirou o carro dele e ainda guardou o dela. Depois, trancou o portão e fugiu”, detalha Bautzer. O crime aconteceu por volta das 20h30 de domingo (5).

Delegado explica a dinâmica, ainda preliminar, do crime. João Stangherlin/Jornal de Brasília

Logo após os disparos, um bombeiro, que não teve a identidade revelada, passava pelo local e viu o corpo de Marília. “Ele arrebentou o portão para prestar os primeiros-socorros. Não conseguiu reanimá-la, mas ainda acionou a viatura do Corpo de Bombeiros para tentar mais uma vez. Ela não resistiu e veio a óbito no local”, explica o delegado.

Arma registrada

O taxista possui o registro de uma arma da década de 1990. Provavelmente, o revólver é o mesmo usado no crime. “Na residência há um cofre. Possivelmente ele guardava a arma ali. Nos anos 1990 a posse de arma era muito comum porque era a própria Polícia Civil quem expedia o registro. O registro é de antes do Estatuto do Desarmamento”, pondera o delegado. O registro foi apreendido, mas a corporação não localizou o armamento.

Na ficha criminal de Edilson consta uma ocorrência de ameaça – aparentemente sem relação com a esposa. Não havia medidas protetivas com base na Lei Maria da Penha nem ocorrências dele contra a mulher no Distrito Federal.  “Mas ele é considerado é uma pessoa perigosa, mesmo sendo idoso. Está armado e nossas equipes estão no encalço dele”, destaca Bautzer.

A casa amanheceu limpa e com as portas trancadas. João Stangherlin/Jornal de Brasília

Vizinhos reservados

O casal, que possui pelo menos duas filhas, era visto como reservado pelos vizinhos. O pintor Santiago Luiz, 49 anos, conta que viu Edilson e Marília poucas vezes. “Eles não moram aqui há muito tempo”, resume. No entanto, ele alega que o taxista era mais fechado. “Era anti-social principalmente com as crianças. Não deixava ninguém brincar na porta da casa deles”.

No domingo, o pintor chegou a ouvir os disparos da arma, mas acreditou ser uma brincadeira das crianças da rua. “Achei que era bombinha, que não era nada demais. Abri o portão e não vi nada, não tinha ninguém na rua. Aí voltei para dentro de casa”, lembra.

“Quando descobri, foi um susto. Achei que tinham matado gente no meio da rua, porque aqui é perigoso e tem vários assaltos. Não imaginava que era algum vizinho que tinha morrido dentro de casa. Às vezes, uma palavra errada, na hora errada, pode ter desencadeado tudo isso”, especula.

Procurado

Edilson Januário de Souto segue foragido. Ele fugiu no táxi, um Chevrolet Spin de cor prata. A placa do carro é OVS-7431. Por isso, a Polícia Civil pede para quem visualizar o veículo nas ruas ligar no 197.

Saiba mais

A cada ano, mais de um milhão de mulheres são vítimas da violência doméstica no Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme informações de 2015, a Lei Maria da Penha contribuiu para a diminuição de cerca de 10% na taxa de homicídios contra mulheres praticados dentro das residências das vítimas.

A Lei do Feminicídio foi sancionada em 2015 e colocou a morte de mulheres no rol de crimes hediondos. Em dezembro daquele ano aconteceu a primeira condenação no DF, por crime ocorrido no Riacho Fundo.

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