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Brasília

Polícia prende homens que mataram moradores de rua a pedradas

Arquivo Geral

19/10/2018 17h24

18ª Delegacia de Polícia de Brazlândia. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília.

Rafaella Panceri
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Dois crimes de homicídio com características idênticas foram elucidados pela Polícia Civil do Distrito Federal em Brazlândia nessa quinta-feira (18). A equipe de investigação procurava por dois moradores de rua, acusados de matar dois homens com uma pedrada na cabeça enquanto eles dormiam. Um episódio ocorreu no dia 11 de agosto, o outro, um mês de depois, a pouco mais de 1 km de distância do primeiro local.

A Polícia Civil suspeita que a pedra utilizada tenha sido a mesma, e efetuou a prisão dos autores na Feira Permanente da Vila São José (área de Brazlândia), na quinta, pela manhã e à noite. Caso condenados, ambos vão responder pelo crime de homicídio qualificado e podem ficar presos por um período de 12 a 30 anos.

“Como não conseguimos a prisão em flagrante, corremos atrás das provas e conseguimos o mandado de prisão preventiva na quarta-feira (17) à noite”, conta o delegado da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia), Adval Cardoso.

Nilton Santana, vulgo Doda, foi preso na noite dessa quinta-feira (18). Foto: PCDF/Divulgação

Ele dá detalhes sobre a madrugada do dia 11 de agosto, quando o primeiro homicídio ocorreu — na quadra 38, ao lado da igreja Luz do Mundo. Nilton Jordan Xavier Santana (vulgo ‘Doda’), 29, se desentendeu com a vítima, Alair Bernado da Silva, Barrosinho, 42, e esperou que ele dormisse. “Ele pegou uma pedra de cerca de 20 quilos, feita de concreto e cimento, e jogou em cima da cabeça dele. Rachou o crânio e toda a massa encefálica ficou exposta. Uma cena muito feia”, descreve o delegado.

Crime idêntico
Um mês depois, foi a vez de Ivonei Pereira da Silva, 54, matar Gilnei Gomes da Silva (vulgo ‘Zoio’), 33, da mesma maneira — na quadra 37, ao lado da Feira Permanente da Vila São José. Ele foi preso em flagrante. Para o delegado, não é coincidência. “São todas pessoas do mesmo meio, alcoólatras que vivem na rua. Eles têm parentes, mas não ficam em casa. Perambulam como zumbis pela rodoviária, pela feira. Sempre há brigas. Registramos ocorrência de agressão física com frequência”.

O chefe da 18ª DP salienta que a pedra utilizada nos dois episódios é muito semelhante. “Chamou a atenção por ser grande e pesada, como se fosse de concreto. No primeiro crime, não encaminhamos para a perícia. No segundo, sim. Estava cheia de sangue”, detalha.

A família de  Gilnei Gomes compareceu à delegacia quando ele foi preso. “Choraram muito, disseram que tentaram de tudo para que ele se recuperasse. Ele ficou internado em uma clínica de Planaltina, mas fugiu e voltou para a rua”, compartilha o delegado.

Adval Cardoso, delegado da 18ª DP, dá detalhes sobre os dois crimes. Foto: Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Omissão
“O Estado atua com omissão total. A polícia faz o trabalho de enxugar gelo. Denunciamos para o Centro de Referência em Assistência Social [Cras], unidade que deveria dar apoio, mas muitas vezes a pessoa não quer ir. Quando quer, não tem vaga ou estrutura. A gente prende e, quando é um pequeno delito, a pessoa volta para a rua”, critica Adval Cardoso.

“Os comerciantes e os moradores são quem pagam o pato. Essas pessoas fazem suas necessidades e sexo em público, além de usar drogas. Ficam perto de locais com grande aglomeração de pessoas para praticar furtos e ganhar algo para conseguir a bebida”, narra.

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