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Brasília

Polícia Civil cumpre novos mandados contra a máfia das funerárias

Arquivo Geral

17/11/2017 8h34

Breno Esaki/Jornal de Brasília

A Polícia Civil do DF realiza, desde as primeiras horas desta sexta-feira (17), a segunda fase da Operação Caronte. A ação tem por objetivo desarticular uma organização criminosa composta por funerárias do DF, com a finalidade de obter vantagens ilícitas. São cumpridos 21 mandados de busca e apreensão em várias regiões administrativas do DF, além de 11 mandados de condução coercitiva, a maioria contra donos de funerárias.

O médico Agamenon Martins Borges, preso na primeira fase da Caronte, já está livre. Responsável por fornecer atestados de óbito para funerárias envolvidas no esquema, ele pagou fiança de R$ 937 e responderá ao processo em liberdade provisória. A decisão se estendeu a outros oito envolvidos. Um continua preso e dois agentes funerários seguem foragidos.

 

Além de Agamenon, estão livres Cláudio Barbosa Maciel, Cláudio Barbosa Maciel Filho e Augusto César Ribeiro Dantas, de funerárias de Taguatinga; Jocileudo Dias Leite e Samuel Aguiar Veleda, vigilante e auxiliar de serviços gerais do Hospital Regional de Taguatinga, respectivamente; Conrado Augusto de Farias Borges, sobrinho e assistente do médico.

Breno Esaki/Jornal de Brasília

Breno Esaki/Jornal de Brasília

Em liberdade, os réus têm de cumprir medidas cautelares. Eles têm de comparecer à Justiça mensalmente até o fim do processo a partir de 10 de dezembro, e não podem deixar o DF por mais de 30 dias sem autorização. Em caso de desrespeito, voltam a ser presos.

Máfia das funerárias

Dois grupos criminosos ligados ao ramo de serviços funerários de Taguatinga e Samambaia (Pioneira, Universal e Santa Cruz), atuavam interceptando o rádio da polícia atrás de mortes naturais. Com dados das famílias, chegavam antes do IML, se passavam por agentes públicos e ofereciam o serviço. Segundo investigadores, criminosos afirmavam que o processo seria mais rápido e “menos doloroso”.

Assim, conseguiam convencê-las a cancelar a solicitação do Rabecão, o serviço de recolhimento de mortos do IML. Em outra frente, tinham informantes em hospitais, de onde partiam as notícias de mortes. Eles foram desarticulados e presos pela Corregedoria-Geral da PCDF, com apoio do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).

Histórico

O doutor Agamenon Martins Borges já prestou serviços ao IML e foi demitido da instituição na década de 1990, por motivos não informados pela Polícia Civil. No ramo da medicina, ele foi dono de uma clínica em sobradinho, aberta em 1996, médico sanitarista no Hospital Regional do Guará e passou em concurso do Hospital das Forças Armadas em 2009.

Formado também em direito, Borges tem registro ativo na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/DF). Em 1994, foi candidato a Deputado Distrital pelo PSDB na chapa que tentou eleger Maria de Lourdes Abadia. Na legenda, também atuou como membro-titular do Conselho de Ética e Disciplina. Em 2002, prestou concurso para Juiz substituto do Tribunal de Justiça do DF. Nos governos Roriz e Abadia, em 2006, atuou como administrador-regional do Paranoá. Ele ainda responde a um inquérito por homicídio.

Caronte

Na mitologia grega, Caronte e? o barqueiro do Hades, que carrega as almas dos rece?m-mortos sobre as a?guas dos rios Estige e Aqueronte, que dividiam o mundo dos vivos do mundo dos mortos. Uma moeda para paga?-los pelo trajeto, geralmente um o?bolo ou da?naca, era por vezes colocado dentro ou sobre a boca dos cada?veres, de acordo com a tradic?a?o funera?ria da Gre?cia Antiga. Segundo alguns autores, aqueles que na?o tinham condic?o?es de pagar a quantia ou os corpos na?o haviam sido enterrados, tinham de vagar pelas margens por cem anos.

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