Amanda Karolyne
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A Corregedoria-Geral de Polícia concluiu as investigações sobre a morte do motorista da Caixa Econômica Federal, Luís Cláudio Rodrigues Figueiredo, 48 anos, no interior da 13ª Delegacia de Polícia, em Sobradinho. De acordo com o diretor da Divisão de Investigação, delegado Marcelo Zago, Luís cometeu suicídio por enforcamento. O corpo foi localizado em uma cela da delegacia no dia 14 de julho, horas após ser detido por embriaguez ao volante e ter colidido contra o carro de um policial militar. Luis chegou a fazer o teste do etilômetro, conhecido como bafômetro, que chegou a 1,35 miligrama de álcool por litro de ar expelido.
A família chegou a comparecer à delegacia para buscá-lo, pagando fiança no valor de R$ 1.200. Porém, chegando à cela, um dos agentes encontrou o corpo de Luís, com os pés encostados no chão e joelhos flexionados. As investigações apontam que ele se enforcou com a própria camiseta, que estava presa ao duto de ventilação. Um dos familiares da vítima se identificou como enfermeiro e tentou prestar os primeiros socorros, mas apesar das tentativas, Luiz Cláudio já não apresentava sinais vitais.
O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML), onde foi confirmada a morte por asfixia por constrição cervical. O corpo de Luís apresentava lesões em algumas regiões como na perna, cotovelo, dorso, glúteo e nos pulsos. “Todas as lesões foram compatíveis com o momento de contenção que foi realizada na prisão, e o algemamento realizado posteriormente”, garantiu Zago.
Sindicato lamentou ocorrido
- Em nota, o Sindicato dos Policiais Civis do DF lamentou a morte e reforçou que há vários anos faz alerta sobre a falta de efetivo nos plantões e a ausência de estrutura física na corporação, o que segundo o sindicato prejudica os atendimentos.
- Ainda de acordo com o texto, o alerta para o risco de morte de policiais e de cidadãos que eram atendidos nas delegacias, em razão da falta de efetivo, falta de procedimentos e de falta de estrutura adequada, ficou registrado durante a realização da Operação VIDA, há cerca de 3 anos.
A tese de suicídio é contestada pelos familiares. Parentes garantem que Luís não tinha histórico de depressão ou problemas psiquiátricos e nem fazia uso de drogas. De acordo com o delegado, os resultados da autópsia psicológica, realizada por peritos da Instituto de Psiquiatria Forense da Polícia Civil, apontaram que Luís realmente não tinha uma tendência suicida. “Entretanto, o momento era muito propício para um suicídio por impulso. Devido às circunstâncias em que ele se encontrava, como a de estar em situação vergonhosa, ter batido o veículo do presidente da Caixa e estar embriagado, foi concluída em laudo técnico a depressão pós alcoólica”, disse o delegado. “Os efeitos do álcool fazem com que a pessoa não consiga ter absoluto domínio sobre si”, completou o diretor-geral da PCDF, Eric Seba.
Em 10 anos, 18 casos
O caso é semelhante ao que ocorreu com um homem de 43 anos que foi encontrado morto na última segunda-feira (14), dentro de uma cela da 27ª Delegacia de Polícia, no Recanto das Emas, supostamente enforcado com a calça que usava. Giovânio Alves da Silva havia sido preso por volta no domingo (13) por dirigir sob influência de álcool.
De acordo com Seba, entre 2007 e 2017, ocorreram 12 casos de suicídio consumado e seis tentativas em delegacias do DF. Comentando também sobre o caso da 27ª DP, Seba explica que deixar as pessoas nuas nas celas é considerado tortura psicológica, e caracterizado como maus-tratos. “Temos os dados de que 90% dos enforcamentos acontecem com as próprias vestes”, informou.
A divisão de arquitetura da Polícia Civil vinha fazendo estudo sobre as celas das delegacias. De acordo com Seba, planejam fazer instalação de sistema de tela em locais onde as pessoas, de alguma forma, possam atentar contra a própria vida. O planejamento é de que essas telas sejam instaladas primeiramente na 27ª DP. “Estamos também com um projeto em fase final de licitação para instalar sistema de câmeras”.
