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Brasília

Petistas dominam orçamento milionário na educação da Era Bolsonaro

Arquivo Geral

21/01/2019 20h23

Divulgação

Uma guerra de bastidores vem colocando o Ministério da Educação (MEC) em polvorosa. De um lado está o ministro colombiano Ricardo Vélez Rodriguez. Do outro, quadros técnicos indicados pelo Governo de Transição de Bolsonaro. No meio disso, o poderoso Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), com seu orçamento que chega à metade dos R$ 122 bilhões que a pasta terá para gastar neste ano. No fundo, acolhidos com amor, carinho e proteção política pelo ministro, nomes intimamente ligados aos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

O último lance desta batalha ocorreu semana passada, quando o presidente interino do FNDE, João Antonio Lopes de Oliveira, numa canetada, fez a alegria dos poderosos  grupos educacionais brasileiros que bebem na generosa fonte do Financiamento Estudantil. Mesmo sem poder sequer estar no cargo, já que sua nomeação é uma atribuição da Casa Civil e não do ministro nascido em Bogotá, Lopes liberou nada menos que R$ 3 bilhões (ou quase 5% do orçamento anual do fundo) para as instituições particulares.

Lopes não está no cargo por acaso. Funcionário de carreira, cresceu na instituição no Governo Lula, quando foi alçado à condição de chefe, sendo mantido na gestão de Dilma. A gestão Temer foi um pequeno momento de afastamento do poder, quando foi mantido apenas como um técnico de carreira. Agora, no governo Bolsonaro, o ex-filiado ao PT foi apadrinhado pelo amigo Eli Valter Gil Filho, diretor de Ações Educacionais do fundo, seu maior lobista.

Eli tem forte parceria com as universidades particulares, clientes preferenciais do FNDE. Ocupou a direção do webAula S/A, um parceiro e tanto da Kroton Educacional S/A, do milionário e ex-ministro Walfrido Mares Guia, que esteve na pasta do Turismo nos quatro primeiros anos do Governo Lula, a quem emprestaria jatinhos e faria outras ações de amigos íntimos. Não por acaso, a Kroton engoliu, nos governos petistas, gigantes como a Anhanguera Educacional e tentou fazer o mesmo com a Estácio, só sendo parada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), na administração de Michel Temer. A Kroton também é uma das maiores credoras do FNDE graças aos livros didáticos que publica. Essa é justamente outra área de atuação de Eli Valter Gil Filho, além da verba de mais de R$ 4,5 bilhões para a merenda escolar, sendo que R$ 1,5 milhão têm ido para o MST a título de agricultura familiar, além de recursos ainda não estimados para inclusão digital.

A parceria de Eli Valter Gil Filho e do ex-petista João Antonio Lopes de Oliveira foi consolidada depois que, o colombiano Ricardo Vélez colocou a nomeação de Carlos Alberto Decotelli numa espécie de limbo. No dia 10 deste mês, um dia depois de uma reunião com Eli Valter Gil Filho, o ministro da Educação fez uma limpa no FNDE, afastando nada menos que sete funcionários de carreira do órgão. Quase todos eram indicados e nomes de confiança de Decotelli, egresso da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e com forte proximidade ao núcleo de militares que cerca o presidente Jair Bolsonaro.

Com o vácuo de poder no FNDE, A dupla Gil e Lopes dominou a cena. Com isso, trouxeram de volta para o cargo de coordenador-geral dos Programas de Livro outro integrante da era petista, José Carlos Wanderley Dias de Freitas. Servidor de carreira do fundo desde 1991, ele o presidiu entre agosto de 2011 e agosto de 2013, até ser flagrado em um grampo da Operação Sinapse. Na ocasião, ele alertava Irineu Mário Colombo, reitor do Instituto Federal do Paraná (IFPR), que havia uma investigação sobre R$ 6,6 milhões em repasses irregulares na instituição. É bom lembrar que José Carlos Wanderley Dias de Freitas foi guindado à presidência do FNDE pelo ex-ministro Fernando Haddad, derrotado nas urnas por Bolsonaro.

 

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