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Brasília

PDT cobra apoio de Rollemberg

Arquivo Geral

23/11/2016 7h00

Leo Bijos e George Michel: PDT faz restrição a nomes na Câmara e a outras posturas do Buriti. Foto: Angelo Miguel

Francisco Dutra
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O PDT ameaça desembarcar do governo de Rodrigo Rollemberg (PSB). O estopim para o divórcio é a batalha pela presidência da Câmara Legislativa. A Juventude Socialista da legenda desaprova as movimentações do GDF para apoiar a eleição de um personagem da direita para o posto, a exemplo do deputado distrital Agaciel Maia (PR). Segundo o grupo, o Palácio do Buriti deveria bancar um nome da esquerda. Caso o Buriti mantenha a rota atual, a Juventude pretende levar o pedido de rompimento para a executiva regional da legenda.

Caso a questão chegue ao ponto de votação pela cúpula do partido, existe uma clara tendência para o desembarque oficial. Afinal, recentemente, o PDT declarou apoio oficial à candidatura do deputado distrital Joe Valle para o comando do Legislativo.
A disputa pelo Palácio do Planalto em 2018 também é componente na balança. O partido trabalha para lançar a candidatura de Ciro Gomes, enquanto o PSB nacionalmente ainda estuda qual posição adotará na corrida eleitoral, ponderando inclusive composições com a direita, à exemplo do PSDB.

Saiba mais

  • Com as devidas proporções, a gestão Rollemberg reprisa um drama vivido pelo governo de Agnelo Queiroz (PT). O ex-governador perdeu o apoio do PDT e do PSB no meio do mandato. Aliados de primeira hora nas eleições de 2010 e concorrentes diretos em 2014.
  • Dentro dos próximos dias, o PSB deverá fazer uma reunião para definir posição na disputa pela presidência da Câmara Legislativa. Para o partido, a eleição de aliado é uma prioridade.
  • Tendo dois deputados na Câmara Legislativa, o PDT participa do governo coordenando a vitaminada secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social.

“Quando o governador faz o gesto de eleger o candidato do PR, isso já começa a mostrar que não é um caminho que a gente queria e que foi acordado em 2014. É necessário que seja uma candidatura que reúna um diálogo. E não uma candidatura de um setor já organizado e atrasado do DF”, declara o presidente da Juventude Socialista do PDT/DF, Léo Bijos.

Do ponto de vista de Bijos, a candidatura do PR não representa os acordos selados na campanha de 2014 e será questionada pelos próprios eleitores de Rollemberg. “Vejo que o Rodrigo precisa reabrir o diálogo com o PDT e mostrar os compromissos que foram feitos em 2014 e o que a gente quer chegar em 2018. Está mais do que na hora desse governo começar a levantar”, enfatiza.

Ao lado do PSD e Solidariedade, o PDT compôs o núcleo a chapa majoritária de Rollemberg nas eleições passadas. O presidente regional do partido, Georges Michel lembra que os senadores Cristovam Buarque (PPS) e José Antônio Reguffe (sem partido), filiados à sigla naquele período, fizeram campanha para Rollemberg.

“O Rollemberg está com muita dificuldade na questão financeira, de gestão. E está procurando, como dizia Leonel Brizola: está costeando o alambrado. Está procurando outros setores para ganhar apoio desses setores. Eu acho que pode até ganhar apoio desses setores, mas não pode esquecer o apoio originário. Porque, do contrário, vai ficar perdido. A partir do momento em que escolhe um candidato do outro campo, isso nos preocupa. Como vamos ficar para o futuro?”, questiona Michel.

Hoje o PDT conta com mais de 18 mil filiados no DF. Deste total, aproximadamente 2 mil participam em diferentes graus de intensidade da Juventude Socialista. “Os jovens são mais radicais. Querem coisas mais rapidamente. Nó velhos, somos mais ponderados. Mas isso não quer dizer que nós não possamos concordar com a juventude à médio prazo”, alerta.

Militantes fazem restrições

O movimento do PDT vai além da pressão por apoio de uma candidatura de esquerda para a condução da Câmara. Desde o começo de 2015, partido coleciona uma série questionamentos ao governo Rollemberg. Por exemplo, a sigla é contra a postura agressiva do GDF em relação aos servidores públicos e não concorda com a ideia de contratar Organizações Sociais para as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Segundo Léo Bijos, o GDF está preso ao discurso da crise e ainda não encontrou criatividade para administrar o DF. O controverso decreto do Buriti para punir servidores em greve ainda repercute negativamente dentro do partido. Para o presidente da Juventude Socialista, o dialogo do Executivo com os movimentos sociais é precário.

“OSs é uma coisa que incomoda bastante a juventude. Porque nesse modelo a gente não acredita que vai salvar a saúde do DF. Não é que seja totalmente falido. Mas da maneira como querem implantá-lo não vai salvar a saúde. Para salvá-la precisamos de três pontos: onde as pessoas vivem, o que comem e onde vão trabalhar. Se a pessoa não se alimenta direito, não dorme direito, se não tem o mínimo de prevenção, ela vai ficar doente e inchar os hospitais”, argumenta Bijos.

Na perspectiva do grupo político de Rollemberg, o movimento do PDT é desproporcional. Um aliado de primeira hora chegou a dizer que o governo não se move recebendo ameaças e pressões.

Segundo aliados do governador, o apoio ao PR ainda não é concreto. Em reservado, garantem que Agaciel possuir todos atributos para ser presidente da Câmara, mas garantem que o nome do Buriti não está definido. O presidente regional do PSB, secretário de Turismo, Jaime Recena, não quis comentar o assunto. Todavia, fez questão de dizer que “o PDT tem bons espaços e faz um bom trabalho”, afirma.

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