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Brasília

Passagem aérea baratinha: consumidores do DF se unem após erro de empresa

Arquivo Geral

27/07/2017 6h30

Olavo Braga, Karina Souza e Pamela Peres Foto: Breno Esaki

Matheus Venzi
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O que era pra ser uma compra vantajosa acabou virando dor de cabeça. Consumidores do Distrito Federal e de várias cidades brasileiras estão revoltados com a indecisão da companhia aérea espanhola Air Europa, que chegou a cancelar as passagens aéreas promocionais para Paris, com preços a partir de R$ 1.012. A empresa alegou por meio de nota oficial que os bilhetes, vendidos na manhã da quarta-feira da semana passada, foram erroneamente disponibilizados no sistema. Mas, depois de tanta confusão, ontem a companhia anunciou que vai honrar o compromisso – para o alívio dos clientes.

Os compradores, que não têm nada a ver com o erro, alegam que a empresa havia divulgado a princípio, seja por e-mail, Facebook ou até por telefone, que honraria o valor com os consumidores que haviam emitido o bilhete eletrônico. Porém, na sexta-feira, a companhia voltou atrás e decidiu cancelar tudo. Ontem, porém, a compra voltou a valer. A empresa chegou a dizer que todos que tiveram os bilhetes emitidos seriam reembolsados. Entretanto, os compradores querem o que lhes foi prometido: a viagem.

Antes da palavra final da empresa, os consumidores do Distrito Federal decidiram se unir contra a companhia. Eles criaram um grupo com mais de 100 pessoas em uma rede social para discutir e tomar providências sobre o caso. A professora Pamela Peres, 25 anos, é integrante do grupo e afirma que estava procurando promoções de passagens quando se deparou com essa oferta. “Sempre tinha o costume de olhar sites de viagens, vi que o preço estava em conta e decidi comprar duas passagens pra janeiro de 2018. Elas custaram R$ 2.032”, conta Pamela.

Frustração
A professora planejava viajar com uma amiga. Adquiriu as passagens e recebeu a confirmação de compra e o número dos bilhetes eletrônicos. Porém, depois, um e-mail na manhã do dia 21 afirmou que os detalhes do voo em questão tinham sido alterados. Quando foi conferir, a consumidora viu que tudo foi cancelado.

Ela já entrou com uma ação no Juizado Especial Cível, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) e tem audiência marcada para o dia 4 de setembro. “Eu só vou ter quatro meses para tentar resolver tudo até a data da minha viagem”, desabafa.

Um banho de água fria
A servidora pública Karina Souza, 28 anos, queria realizar o sonho de infância sua mãe: visitar a capital francesa. Ela comprou duas passagens, por cerca de R$ 2.100 no total, para julho do ano que vem. Mas ela ficou surpresa com o cancelamento. “Era o dia do aniversário de 53 anos da minha mãe. Eu comprei [as passagens] como um presente e para realizar o sonho dela. Fiquei bastante chateada com a atitude da empresa e vou entrar com uma ação por danos morais também”, completa a servidora.

Já o servidor Olavo Braga, 33, queria passar o réveillon em Paris e se mostrou extremamente chateado com a situação. “Perdi tempo. Comprei as passagens, debitaram no cartão todas as parcelas, taxa de embarque, recebi o bilhete eletrônico… Quando eu já estava pensando em reservar passagens da França para Amsterdam eles cancelaram”, comenta.

Não desistir
Mesmo com toda a situação, Olavo avalia que os consumidores devem continuar buscando ofertas. “Fiquei decepcionado com a empresa e com a situação, mas acho que não devemos perder a esperança. Quando aparecer novamente [outra oferta], tem que ir lá e comprar. Se eles se recusarem a oferecer o serviço a gente tem que cobrar”, recomenda.

Nos três casos, os bilhetes vendidos tinham como ponto de partida o Aeroporto Internacional de Guarulhos, com escala no Aeroporto de Madri. Na sequência, eles seguiriam para a França.

Foto:Breno Esaki

Foto:Breno Esaki

Ponto de vista
Segundo o diretor do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo no DF (Ibedec), José Geraldo Tardin, o consumidor não tem culpa do erro da Air Europa. “Se ela vendeu o bilhete, independentemente de ter sido um erro ou não, não pode voltar atrás. Tem que honrar o compromisso”, declara. Na opinião do diretor sobre o caso, os consumidores estão assegurados pelos artigos 30 e 35 do Código de Defesa do Consumidor. Contudo, ele diz que as pessoas não podem se aproveitar disso. “É lógico que, quando uma empresa comunica um erro sem ter causado prejuízo ao consumidor, esse consumidor não pode tirar vantagem”, explica.

Amanhã
Procon vai se reunir com companhia aérea

Ao Jornal de Brasília, o Procon-DF informou que vai se reunir com o gerente geral da Air Europa amanhã, às 11h30, para definir como dará prosseguimento ao caso. As possibilidades variam: a empresa pode fazer um acordo e honrar os compromissos ou pode ser multada pelo órgão. Resta saber se, após a última declaração da companhia, algo vai mudar de novo.

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