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Brasília

Obras em três pontos tentarão aliviar EPTG

Arquivo Geral

20/12/2017 7h00

Intervenção será nas pontes sobre os córregos Samambaia e Vicente Pires e sobre viaduto de ferrovia. Fotos: Breno Esaki

Jéssica Antunes
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A menos de 13 meses para o fim do atual mandato de Rodrigo Rollemberg, o governo anunciou uma série de mudanças na mobilidade urbana do Distrito Federal, que vão desde a ampliação do tempo de integração até obras que prometem desafogar o trânsito em uma das rodovias mais congestionadas da capital: a Estrada Parque Taguatinga (EPTG). Apesar das iniciativas, população não vê solução para o caos.

Duas pontes e um viaduto da EPTG serão ampliados com o empenho de desafogar o trânsito problemático enfrentado por cerca de 140 mil veículos diariamente. Ali, seja dia útil ou não, há gargalos que travam o percurso. No entanto, as maiores dores de cabeça ainda não serão revistas pelo governo.

A intervenção será feita nas pontes sobre os córregos Samambaia e Vicente Pires e sobre o viaduto da ferrovia Centro-Atlântica, no Guará. Nos três trechos, as obras garantirão um aumento de cinco metros nos dois sentidos. Para o governador, isso “vai aumentar, e muito, a fluidez no trânsito”.

As obras devem custar R$ 4,9 milhões, financiadas por empréstimo firmado entre o GDF e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para o Programa de Transporte Urbano. O prazo para a entrega é de 120 dias, e vence em 19 de abril de 2018. Não há previsão de interdição de via durante a intervenção. “Vai trazer um benefício à população porque são três gargalos muito complicados na EPTG, estrangulamentos das vias que vão deixar de existir”, diz o secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno.

Israel Pinheiro esquecido

As duas pontes que serão ampliadas estão a menos de dois quilômetros de distância e ficam antes e depois do viaduto Israel Pinheiro, onde está o verdadeiro gargalo. Inaugurado em 2008, a promessa era que o elevado facilitasse o acesso entre a EPTG e Águas Claras, Park Way e Vicente Pires. Hoje, na prática, causa um nó no trânsito.

Na segunda-feira, após uma árvore caída bloquear e prejudicar o trânsito por 18 horas, o JBr. mostrou que o diretor do Departamento de Estradas e de Rodagem (DER) só vê solução para o problema com a construção de viadutos. Para Henrique Luduvice, são necessários dois conjuntos de viadutos nos pontos mais críticos ao custo de R$ 70 milhões cada – mas não há recurso. As obras anunciadas ontem, então, serviriam de cobertor curto para a mobilidade.

Para quem passa diariamente pela rodovia, as intervenções não minimizam os problemas. Corretor de imóveis, Wesley Ubiratan, 37 anos, mora em Vicente Pires há mais de duas décadas. “O sufoco não é nas pontes, é no viaduto que trava o acesso de todo mundo. O trânsito trava até ali, depois flui até perto da chegada de Taguatinga. Não se anda a mais de 30 quilômetros por hora em horários de pico”, reclama. Ele acredita que o anúncio é “politicagem”, diante da aproximação do ano eleitoral.

Uma hora a mais de integração

A integração do transporte por meio do bilhete único será ampliada de duas para três horas. Nesse período, o passageiro pode fazer até três viagens pagando o máximo de R$ 5. A medida deve beneficiar quem percorre grandes distâncias, mas, pela demora no trajeto, era impedido de utilizar o benefício de forma completa. A mudança vale a partir desta sexta-feira.

A ideia é beneficiar pessoas como a babá Isabela Maiara, 28 anos. Ela mora no Arapoanga, em Planaltina, e trabalha a quase 50 quilômetros de distância, no Lago Oeste. “Todos os dias pego pelo menos quatro ônibus e gasto R$ 20”, conta. A mulher faz baldeação no Colorado, onde pega o segundo transporte. Com o bilhete único que adquiriu ontem, ela fará o trajeto de ida e volta ao custo máximo de R$ 5 e poderá pegar até três coletivos no intervalo de três horas.

Transporte noturno

O serviço de transporte público noturno também sofrerá alterações a partir desta sexta-feira, com criação de linhas e ampliação de acesso. Um circular sairá do terminal de ônibus de Taguatinga Norte para Águas Claras das 23h às 3h30, e três linhas atenderão as regiões do Arapoanga, Paranoá Parque e Riacho Fundo I.

Em janeiro, outras intervenções acontecerão, com ampliação ao Sol Nascente, Lago Norte e Varjão. No mês que vem, os ônibus começam a operar das 23h às 5h.

Terminais rodoviários

Dezoito terminais de ônibus foram reformados ou reconstruídos no DF. O último foi o de Planaltina, após um ano e meio de espera. Ali, onde 91 mil pessoas transitam, há 40 linhas e a primeira reforma desde 1977 custou R$ 4,7 milhões.

Ontem, o GDF assinou uma ordem de serviço para intervenção no Terminal Rodoviário de Sobradinho. Ao custo de R$ 6,5 milhões, a obra deve beneficiar 100 mil pessoas que circulam diariamente no local. A previsão de entrega é no segundo semestre de 2018 e, até lá, haverá um terminal provisório.

Ponto de vista

As obras nas pontes são paliativas, mas a ação deve impactar positivamente a rodovia. É o que acredita o especialista em trânsito Márcio de Andrade. “Qualquer intervenção para que possa fluir mais é válida. Existe um estudo que diz que o trânsito tem memória e, se o veículo reduz a velocidade por segundos, aquilo vai se estender em um tráfego volumoso porque provoca um desencadeamento de retenção”, explica. Para ele, porém, o maior problema na EPTG está no viaduto Israel Pinheiro, onde “é preciso de um estudo para que se consiga fluidez considerável no gargalo de acúmulo de veículos”.

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