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Brasília

“O que vai ser de mim sem a minha filha?”, lamenta mãe de jovem encontrada morta no Lago Paranoá

Arquivo Geral

02/04/2019 21h02

Atualizada 03/04/2019 16h39

Edivânia Ribeiro, mãe de Natália Costa, deixa delegacia bastante comovida. Foto: Vítor Mendonça / Jornal de Brasília.

Ana Karolline Rodrigues
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Após dar depoimento sobre o caso da jovem encontrada morta no Lago Paranoá na segunda-feira (1º), a mãe de Natália Ribeiro dos Santos Costa, 19 anos, deixou a 5ª Delegacia de Polícia (Asa Norte), nesta terça (2), bastante comovida. “O que vai ser de mim sem a minha filha?”, lamentava Edivânia Ribeiro, de 47 anos. Para ela, não há dúvidas de que a menina foi assassinada na noite do último domingo (31). Porém, de acordo com os investigadores da Polícia Civil do DF, ainda não é possível afirmar  se o caso foi crime ou afogamento, mas nenhuma hipótese é descartada. A corporação aguarda pelo laudo do Instituto Médico Legal (IML) e por outros depoimentos para chegar a uma conclusão.

Segundo Edvânia, a jovem era acostumada a frequentar clubes e praias e sabia nadar. Ela, então, desacredita da hipótese de afogamento apresentada pelos investigadores. “Eles [polícia] sugeriram que poderia ser afogamento, mas minha filha é acostumada a ir em clube, mar, praia. Minha filha não iria se afogar sozinha, ela sabia nadar”, disse. Para a mãe de Natália, a menina foi assassinada. “Isso eu tenho certeza, se foi afogamento, alguém afogou ela”, considerou.

Ainda de acordo com ela, o suspeito de assassinar a jovem, Wendel Yuri de Souza Caldas, poderia ser conhecido da menina, situação diferente da versão do rapaz. “Eu creio que era conhecido, porque ela me falava que tinha um amigo que morava na Asa Norte”, disse a mulher. Segundo acredita, a história contada por ele sobre os fatos da noite de domingo (31), não é verídica. “Eles estavam saindo para o clube fechar e ele foi, chamou minha filha para a margem do lago, e depois subiu sozinho. Minha filha não subiu com ele. Ele falou que ela já tinha ido embora, deixando a bolsa dela. Ele mentiu, eu sei que ele mentiu”, afirmou.

Natália Ribeiro. Foto: Reprodução.

Bastante comovida, a mãe da menina ainda lembrou da filha como “uma menina sonhadora e inteligente”. “Era uma jovem cheia de planos. Ela desenhava e escrevia, tinha dois livros já escritos. Amava ler e escrever. Era muito inteligente, passou duas vezes na UnB. Essa semana mesmo ela falou: ‘mãe vou juntar esse dinheiro para comprar um carro’. E agora acabou tudo”, disse aos prantos. “Acabou o sonho de ver minha filha formando. Eu pagando tudo para ver o sonho dela sendo destruído por esse jovem. Eu sei que foi ele, eu quero justiça”, completou Edivânia.

Natália era estudante de letras na Universidade Paulista (Unip) e, segundo Edivânia, completaria 20 anos no próximo dia 24. “Agora está lá um quarto cheio de roupa nova, sapato. O que eu vou fazer com essas coisas? Por que fizeram isso, uma maldade dessa com minha filha?”, questionou a mulher.

Imagens desmentem versão de suspeito

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela Polícia Civil do DF, nesta terça-feira, desmentiram a versão do suspeito de assassinar Natália. Inicialmente, Wendel disse à polícia que não havia entrado no lago com a jovem. Em segundo depoimento, porém, ele assumiu ter acompanhado a estudante, mas negou ter cometido algum crime.

Segundo o delegado-chefe da 5ª DP, Gleyson Gomes Mascarenhas, na segunda vez em que foi ouvido, o rapaz confessou aos investigadores que mentiu em sua primeira versão, alegando ter sentido medo de contar a verdade. “Na primeira versão, ele disse que não tinha entrado com ela, que ela foi sozinha. Mas na segunda, falou que ela foi para o lago e puxou ele, nas imagens dá para ver que ela puxou mesmo, e que depois ela desapareceu, ele olhou para o lado e ela desapareceu. Ele diz que tem flashes na verdade”, relatou. “Ele, primeiro, disse que desceu para ficar num parquinho lá e ela foi atrás. Disse que não a conhecia e começaram a conversar e a brincar de morder. Depois mudou a versão e disse que foi com ela lá”, completou.

Quanto à possibilidade de ter sido um crime, o delegado diz que não descarta, mas que ainda aguarda o laudo do IML para uma conclusão. “A gente ainda não trata como afogamento, como homicídio ou feminicídio. Estamos analisando os fatos para dar uma capitulação jurídica, para ver se é um crime ou não é. Não descartamos nada neste momento. Estamos esperando os laudos, ainda tem mais gente para ouvir”, disse.

Ainda segundo Gleyson, a corporação também não pode afirmar se a jovem estava alcoolizada sem o laudo, mas que testemunhas confirmaram a questão. “Estamos esperando o laudo para saber a quantidade de álcool no sangue dela, mas testemunhas falaram que ela estava muito bêbada”, contou.

Entenda o caso

O corpo de Natália Ribeiro foi encontrado pelo Corpo de Bombeiros, nessa segunda-feira (1º), boiando no Lago Paranoá, na altura da Capitania Fluvial de Brasília. A morte da jovem ocorreu no Clube Almirante Alexandrino, Setor de Clubes Esportivos Norte, na noite do dia anterior, após ela ser vista pela última vez dentro do lago, por volta das 18h. A polícia, porém, ainda não sabe a causa do acontecimento.

Inicialmente, informações da ocorrência policial relatavam que a estudante foi encontrada nua. No entanto, bombeiros e familiares afirmaram que ela vestia short e blusa no momento em que foi achada.

De acordo com o delegado Gleyson Mascarenhas, tanto Natália quando o suspeito, Wendel, estavam bêbados quando entraram na água. Ele, porém, relata que não viu a jovem se afogar. “Eles estavam bem próximos à margem, onde a água fica batendo. Às vezes ela pode ter enganchado a perna em alguma coisa, mas a gente não sabe, tem que esperar o laudo”, reforçou o delegado.

Natália Ribeiro. Foto: Reprodução.

 

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