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Brasília

Número de queixas contra agências de viagem duplica no DF

Arquivo Geral

05/01/2017 7h00

Atualizada 04/01/2017 22h11

Aeroporto fica ainda mais movimentado nesta época do ano. Para evitar contratempos, é importante desconfiar de preços de passagens e pacotes muito baratos. Foto: Myke Sena

Eric Zambon e Raphaella Sconetto
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Janeiro é sinônimo de férias para boa parte da população. Mas nem sempre o período de descanso sai conforme o planejado. O Instituto de Defesa do Consumidor do Distrito Federal (Procon-DF) contabilizou 769 reclamações contra agências e operadores de viagem em 2016. De acordo com o balanço de reclamações fundamentadas do último ano, isso representa aumento de 93% em reivindicações contra essa categoria de prestadores de serviço.

Em agosto, o Jornal de Brasília apurou denúncia contra a empresa Caldas Hot Turismo, que oferece viagens para Caldas Novas (GO) e teria deixado de fazer reservas mesmo após o depósito dos clientes. Nas últimas semanas, o JBr. voltou a ser procurado por consumidores lesados.

De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal, a Caldas Hot Turismo acumula 19 ocorrências. Já o Procon-DF contabiliza 17 reclamações contra a empresa. A Polícia Civil de Minas Gerais, por sua vez, já registrou sete ocorrências.

Um dos clientes lesados é o engenheiro agrônomo Rodrigo Resende, de 23 anos, de Uberlândia (MG), que conheceu a empresa pela página do Facebook. “Fechei um pacote de três dias por R$ 280. Mas, um dia antes da viagem, me falaram que não tinha mais a disponibilidade da vaga”, relata.

Rodrigo conta também que, desde então, a empresa não atende suas ligações. “Quando ouvem minha voz, desligam. A menina que me atendeu uma vez disse que o que podia fazer era me devolver o dinheiro depois de 15 dias. Mas já faz três meses”, diz.

Para o engenheiro não ficar sem aproveitar a viagem, ele optou por ir a Caldas Novas na mesma data, mas arcou com as despesas de uma nova hospedagem. “O pessoal que foi comigo pegou folga, não podíamos ficar sem viajar”, conta. “Acho um descaso. Eles não estão nem aí para a gente. O dono me disse que isso era por conta da crise que a empresa vem passando e que iam me passar os R$ 280 parcelados”.

A servidora pública Roseane de Oliveira, 26, já viajou três vezes pela empresa, e na terceira teve problemas. “O check-in estava previsto para 12h, mas não estava conseguindo fazer. No hotel, me pediram pra aguardar. Então, tentamos contato com a empresa, mas não me respondiam pelo WhatsApp. Telefonamos, mas desligaram na cara do recepcionista. Até que, depois de tanto estresse e desconforto, eles nos liberaram”, relembra.

Roseane alega ainda que o recepcionista do hotel comentou que a empresa costuma dar problemas. A servidora diz que acompanha a página da agência no Facebook e sempre vê reclamações.

Mudança de tratamento

Outra pessoa que alega ter tido problemas com a Caldas Hot Turismo é a vendedora Raiane Santos, de 21 anos. Ela comprou uma viagem para um fim de semana, mas, depois que fez o pagamento, a empresa não atendeu suas ligações. “Eu considerei que a viagem já estava cancelada, pois eles não deram retorno. No início me atenderam super bem. Depois, me bloquearam no WhatsApp e no Facebook”, afirma.

O proprietário da Caldas Hot Turismo, Isaías Reis, foi procurado pela reportagem. Mas, até o fechamento desta reportagem, ele não se pronunciou sobre o caso.

Facilidades seduzem

O representante comercial Hélio Venâncio de Souza, 65, costuma comprar suas passagens em uma agência de viagens, mas garante nunca ter sido lesado. Para ele, as pessoas são seduzidas por facilidades ao caírem em esquemas. “Eu não entro nessa. Tenho confiança na minha agência, que está há anos no mesmo ponto. Eu já comprei pacotes em outros lugares, mas hoje em dia prefiro eu mesmo escolher hotel, transporte etc. Tenho mais segurança em saber meu destino”, destaca.

O estudante Leonardo Pereira Conejeros, 19, não compra em agências, mas diz já ter tido problemas com companhias aéreas. “Foi há um ano, no aeroporto de Cumbica (Guarulhos). Trocaram meu portão de lugar três vezes e eu perdi o voo. Até resolver, perdi mais uma hora e meia”, lamenta o rapaz, que emenda: “o atendimento das companhias no Brasil não é ruim, mas as aeronaves parecem piores.”

Conforme o Procon-DF, empresas de transporte foram responsáveis por 325 atendimentos do instituto em 2016. O Procon lembra que é uma via administrativa para solução de conflitos de consumo, mas em caso de fraudes orienta recorrer à Delegacia do Consumidor.

Ponto de vista

O presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), Geraldo Tardin, afirma que as denúncias mais comuns ouvidas por ele se referem a contratos descumpridos e propaganda enganosa. Ele alerta, porém, que as pessoas devem ficar bastante atentas às tentativas de estelionato.

“A principal suspeita para a possibilidade de ser um chamariz deve ser a facilidade, como quando anunciam que a empresa não consulta o SPC/Serasa”, diz Tardin, que aconselha os consumidores a ter mais malícia ao comprar pacotes de turismo. “As pessoas têm de estar atentas com as ofertas que chamam muita atenção pelo preço. Ou então quando o preço está OK, mas a qualidade do pacote está acima do que é oferecido normalmente”, reitera.

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