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Brasília

Novo trânsito esvazia comércio de Taguatinga

Arquivo Geral

10/06/2016 6h15

Renato de Oliveira

Douver Barros
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A mudança de sentidos no trânsito das avenidas Comercial e Samdu, em Taguatinga, causa cada vez mais divergências. Lojistas relatam queda nas vendas e atribuem a frustração à intervenção, que deu mão única às vias. Passageiros de ônibus também reclamam do fato de terem de caminhar mais para chegar até a parada de ônibus desejada. Por meio de nota, a Vice-Governadoria afirma que fará um levantamento para avaliar as vendagens no comércio.

O dono de uma loja de roupas da comercial norte, Liu Wenjun, afirma que o impacto foi sentido no caixa e na prestação de serviços, uma vez que os funcionários não conseguem chegar no horário habitual. “Está muito difícil com essas vendas praticamente paradas. Quem usa ônibus, por exemplo, desce na parada oposta, o que prejudica a visualização da loja”, lamenta, ao afirmar que não consegue vislumbrar uma melhora.

Quem também percebeu um fluxo menor de clientes foi o vendedor de mercearia Dedé Pereira da Silva. “A rotatividade de clientes era a cada dez minutos. Hoje, entra um a cada 20”, afirma. A funcionária de uma loja de colchões também relata quedas. “Vendedores estão praticamente sem ter o que fazer. A clientela reduziu muito”, diz Nilde Vieira.

“Ainda é cedo”

Justo Magalhães, presidente da Associação Comercial e Industrial de Taguatinga (Acit), diz que ainda é cedo para fazer uma avaliação. Ele possui uma loja de tecidos na avenida Samdu e diz não ter visto diferença durante esta semana. Para ele, a crise financeira nacional é a principal responsável pela baixa.

“Sou do tipo que gosta de cobrar quando algum serviço não está bom. Por ora, não dá para avaliar. A gente também precisa observar que muitos trabalhadores receberam pagamento apenas na terça-feira passada. Ou seja, as pessoas estavam sem dinheiro”, defende.

Enquanto alguns têm dificuldades para vender, outros não têm do que reclamar. Caixa de uma loja de variedades, Hermandelo Costa diz que começou a perceber gente nova no estabelecimento. Ele ressalta que não foi uma mudança muito grande, mas que já deu uma melhorada. Renato Rodrigues, gerente de loja infantil, também viu diferença. “As pessoas estão andando mais para pegar os ônibus, veem a loja e acabam comprando”.

Passageiros precisam andar mais

A mudança afetou o horário que a jovem Liliane Gomes chega ao trabalho. O novo trajeto inclui uma caminhada da Avenida Samdu até a Comercial Sul. “Estou atrasando demais na chegada ao trabalho. Agora, vou ter que sair mais cedo de casa para chegar pontualmente”, lamenta.

Maria Francisca, estudante de Gestão de Pessoas em uma faculdade da Samdu, também reclama do tempo que precisa caminhar até a Comercial Sul, e, assim, pegar condução para Luziânia (GO), onde mora. “Além da caminhada, demoro a chegar em casa em consequência dos semáforos que retêm os ônibus por muito tempo”, aponta.

Motoristas também reclamam que agora o congestionamento aumentou pela região. Para fugir dos pontos de retenção, os condutores têm optado por trafegar pelo interior das quadras, o que também teria provoca grandes complicações. Veja vídeo enviado por um leitor:

Na edição da última terça-feira, o Jornal de Brasília mostrou que o Ministério Público havia entrado com uma ação para que a inversão fosse cancelada. A Procuradoria- Geral do Distrito Federal (PGDF) informou que o Governo de Brasília já se manifestou no processo e que “agora aguarda a decisão da Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano Fundiário sobre o caso”.

Saiba mais

A Vice-Governadoria está à frente da questão. Inclusive, fez pesquisa sobre a intervenção no ano passado.

Os estudos técnicos para que fosse feita a inversão no trânsito ocorreram há cerca de quatro anos, como parte do projeto para as obras do Corredor Eixo Oeste.

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