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Brasília

Novembro Azul: é tempo de deixar o preconceito de lado e cuidar da própria saúde

Arquivo Geral

01/11/2017 7h00

Foto: Kleber Lima

João Paulo Mariano
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Com uma alegria e a grafia do nome inigualáveis, o comerciante Jorje Eustáquio de Freitas, 61, entra mais um mês de novembro lutando contra o câncer de próstata. A doença levou um pouco de saúde dele, mas não a felicidade. Para ele, o Novembro Azul, campanha em que se discute a conscientização em relação ao câncer de próstata e à necessidade dos homens cuidarem da saúde, é um tempo de fazer a doença se tornar mais conhecida.

Apenas no ano passado, em Brasília, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), 840 homens descobriram algo de errado com essa pequena glândula. Assim, ações como o Novembro Azul se mostram importantes para levar mais e mais homens a descobrirem precocemente a doença. Jorje Eustáquio não teve a sorte de um diagnóstico precoce e identificou a doença acidentalmente em 2014.

Ele, que sempre foi saudável, teve um AVC em 2006 e desde então convive com sequelas na mobilidade do lado direito do corpo. Em meados de 2014, o homem sofreu uma queda e quebrou o fêmur. Com a demora na recuperação, os médicos começaram a desconfiar que havia outro problema. Durante uma ressonância, a constatação: era câncer com origem na próstata, que havia passado para os ossos e atingido a medula.

O tratamento foi iniciado imediatamente. Jorje começou a quimioterapia e atualmente faz tratamento com comprimidos, já que a primeira alternativa não teve a resposta esperada. Se isso foi motivo de desânimo para ele? A resposta dele é bem clara: “Os médicos sempre se surpreendem com como eu estou. Meu organismo é resistente e forte. Quero viver até 2056. Depois posso ir embora”. Naquele ano, Jorje quer comemorar seu centenário em grande estilo.

Saiba Mais

  • O movimento do Novembro Azul começou na Austrália em 2003. O 11º mês foi escolhido porque em seu 17º dia ocorre o Dia Mundial do combate ao Câncer de Próstata.
  • A intenção não é apenas falar do câncer de próstata, mas fazer com que os homens se conscientizem da necessidade de buscar auxílio médico e tenham mais saúde.
  • A Secretaria de Saúde informa que o atendimento urológico ocorre nos hospitais de Base, da Asa Norte, de Sobradinho, de Taguatinga, do Gama, de Santa Maria, de Ceilândia e da Região Leste.
  • A porta de entrada para atendimento especializado são as Unidades Básicas de Saúde. Os hospitais citados também oferecem o tratamento via cirurgia.

Terceira idade
A doença que o acometeu é o segundo tipo de tumor que mais mata homens no Brasil, perdendo apenas para os de pele não melanoma. De acordo com o Inca, é considerado um câncer da terceira idade, já que três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. É um tipo de tumor propenso a grande parte dos homens, se viverem até os 90 anos.

A próstata fica abaixo da bexiga e tem o tamanho de um noz. Em contato com a parte inicial da uretra, é nela que é produzida parte do sêmen. Em um adulto jovem, ela tem cerca de 20 g, mas cresce durante boa parte da vida do homem de forma bem lenta – cerca de 15 anos para atingir 1 cm³. Quando esse aumento ocorre rapidamente, o homem pode ter sérios problemas nos sistemas urinário e sexual, além de grande chance de apresentar algum tumor.
Em todo o Brasil, foram 61,2 mil novos casos contabilizados pelo Inca. São 61,82 novos relatos a cada 100 mil habitantes. O último dado em relação a pessoas que morreram da doença datam de 2013, quando 13.772 homens faleceram. Para evitar mais mortes, até o fim de novembro, governo e sociedade civil desenvolverão uma série de atividades para combater e conscientizar sobre a doença e a facilidade do diagnóstico.

Doenças se alastram sem sintomas

Uma das complicações para a identificação do câncer de próstata é o fato de ser assintomático na maior parte do tempo. Em geral, o homem só sentirá algo depois que a doença já se alastrou. O oncologista do Instituto Onco-Vida, Paulo Lages, identifica isso como uma das maiores dificuldades para o tratamento, pois quando se descobre mais partes do corpo já estão comprometidas.

Porém, o pior é o preconceito, que insiste em permanecer. “O exame do toque é muito rápido. Mas há muitos homens que acham que isso vai diminuir a sua masculinidade”, lamenta.

Lages lembra que o exame do toque retal é necessário para os casos em que a desconfiança sobre um possível tumor é grande e não foi possível detectar por meio do exame de sangue, conhecido como PSA. O oncologista explica que o toque não dura mais que 20 segundos e nele é possível perceber a textura da próstata – se ela estiver enrijecida é sinal de problema.

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