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Brasília

No DF, desemprego é maior entre jovens

Arquivo Geral

29/09/2016 7h00

Jarjour , Rennó e Adalgiza Amaral, coordenadora de pesquisa: setor de serviços pode até retomar as contratações. Foto: Angelo Miguel

Raphaella Sconetto
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Cerca de 18,5% da população brasiliense está desempregada, o que corresponde a 290 mil pessoas. Quem mais sofre com a falta de oportunidades no mercado de trabalho são os jovens de 18 a 29 anos, que acumulam uma taxa de 36,8% de desemprego.

Em um ano, a taxa de desemprego 4,3 pontos percentuais, uma vez que em agosto de 2015 a proporção era de 14,2%. Os dados, relativos a agosto, são da Pesquisa de Emprego e Desemprego do DF (PED-DF), conduzida pela Companhia de Planejamento do DF (Coodeplan).

“Houve um crescimento no número de desempregados nos últimos dois anos em decorrência do cenário nacional de recessão e que se reflete na economia do Distrito Federal, que também se encontra em crise”, apontou o presidente da Coodeplan, Lúcio Rennó.

No mês, melhora

Comparando julho e agosto deste ano, houve até redução: o desemprego diminuiu 0,4%, com criação de 7 mil empregos de carteira assinada, após a abertura de quase 10 mil postos de vagas na área de serviços, que responde por 57% do mercado de trabalho do DF.

A auxiliar administrativa Rayanne Blougeux, de 25 anos, foi uma dessas pessoas a conseguir um emprego no setor. Com menos de um mês na empresa em que trabalha atualmente, ela acredita que está cada vez mais complicado encontrar uma vaga no mercado de trabalho. “Tem uns seis meses que procuro um emprego”, conta.

Os dados mais preocupantes apontados pela PED-DF referem-se ao desemprego dos jovens de 18 a 29 anos, que atinge taxa de 36,8%. “Mais de um terço dos jovens estão desempregados e sentem dificuldades de entrar no mercado de trabalho”, destaca Rennó.

A farmacêutica Gabriela Arcanjo, de 22 anos, sofre por não conseguir um emprego. Ela procura um posto de trabalho há cerca de um mês. “As vagas que existem no mercado de trabalho já são destinadas a quem tem uma especialização ou experiência”, critica.

Ela conta que para enriquecer o currículo ela procurou um trabalho voluntário. “Faço o trabalho voluntário para conseguir uma experiência na área e poder ser contratada”, acrescenta Gabriela.

O cientista ambiental Gleidson Oliveira, de 23 anos, também acredita que os pré-requisitos excluem os recém-formados. “Sondei algumas vagas de trainee, mas a maioria exige muitas experiências e conhecimentos que um jovem não tem”, lamenta Oliveira.

Para o secretário adjunto do Trabalho, Thiago Jarjour, o que falta é capacitação. “Todos os setores, seja comércio, serviços, construção civil, batem na tecla de que às vezes a vaga de emprego existe, mas falta mão-de-obra qualificada”, diz o secretário.

As regiões que mais sofrem com o desemprego, com uma taxa de 22,2%, são as que apresentam renda mais baixa: Brazlândia, Ceilândia, Samambaia, Paranoá, São Sebastião, Santa Maria e Recanto das Emas. Já nas regiões de renda mais alta, como Plano Piloto, Lago Sul e Lago Norte, a taxa é de apenas 7,3%.

Saiba mais

Embora os sinais da crise ainda marquem a economia, os pequenos negócios voltaram a contratar mais do que demitir em agosto. Desde fevereiro deste ano, as micro e pequenas empresas não apresentavam número de contratações superior ao de demissões, mas no último mês o saldo ficou positivo em 623 vagas. No mesmo mês, as médias e grandes empresas fecharam 34 mil vagas. O recorte dos dados foi feito pelo Sebrae com base no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No acumulado de 2016, porém, a geração de empregos desse segmento de empresas – que faturam até R$ 3,6 milhões por ano – é negativa, em 51 mil postos fechados. As médias e grandes empresas, por sua vez, fecharam 620 mil vagas nos oito primeiros meses do ano.

Menos dinheiro para empréstimos

As concessões de novos empréstimos voltaram a cair em agosto, revelou o Banco Central. A média diária de empréstimos totalizou R$ 12,3 bilhões no mês passado, queda de 2,9% na comparação com julho e recuo ainda maior, de 7,4%, na comparação com agosto de 2015.
A taxa média de juros em agosto chegou a 32,9% ao ano, redução de 0,1 ponto percentual em relação a julho, mas aumento de 3,9 pontos percentuais na comparação com o mesmo mês do ano passado.

No crédito para consumidores, houve uma leve queda de 0,2 ponto percentual entre julho e agosto, para 41,9% -no ano passado, entretanto, essa taxa estava 4,9 ponto percentual mais baixa.

Os juros do cartão de crédito rotativo alcançaram 475,2% ao ano em agosto, maior taxa para essa modalidade de crédito desde que o Banco Central começou a divulgá-la, em março de 2011. É uma taxa 71,7 pontos percentuais maior do que a observada no mesmo mês do ano passado, e 3,75 pontos percentuais mais alta que em julho.

Esse tipo de operação somou R$ 38,1 bilhões no mês passado, 0,3% a mais que em julho e 18,2% de alta na comparação com o mesmo mês de 2015, o que mostra que um número crescente de consumidores estão migrando do crédito parcelado para o rotativo, ou seja, deixando de pagar o débito mensal.

Benefícios deixarão de seguir mínimo

O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) confirmou ontem que o governo Temer estuda a desvinculação de benefícios, como a pensão por morte e o BPC (Benefício de Prestação Continuada), do salário mínimo. A medida não alcançará as a aposentadorias porque o governo entende que uma alteração nessa regra poderia gerar questionamentos na Justiça.

“Isso continua sendo estudado”, afirmou Padilha, ao ser questionado sobre desvinculação dos benefícios. O ministro participou do evento Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa 2016, em Brasília.

O ministro confirmou que a reforma da Previdência a ser enviada ao Congresso terá uma idade mínima de 65 anos para a aposentadoria. Disse, ainda, que o presidente Michel Temer definirá a data de envio da proposta ao Congresso e que ele quer passar um “olho clínico” no texto e conversar com centrais sindicais, confederações e com líderes no Congresso.

“Nós devemos concluir o grupo de trabalho possivelmente nesta semana. Ele [Temer] quer conversar com as centrais sindicais, depois com as confederações, e depois com todas as liderança , para que se chegue na Câmara já com 50% do caminho percorrido”, afirmou Padilha.

Após reunião com parlamentares na terça-feira, o governo sinalizou que o envio da reforma da Previdência ficará para novembro.

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