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Brasília

Mulher que despencou de prédio na Asa Sul teve pena de denunciar marido

Arquivo Geral

08/08/2018 11h03

João Stangherlin/Jornal de Brasília

Jéssica Antunes
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A mulher de 37 anos que morreu após cair do terceiro andar do bloco T da 415 Sul teve pena de registrar boletim de ocorrência. A palavra foi dita por ela em 2016, quando interrompeu o silêncio e iniciou uma sucessão de reclamações contra o homem com quem estava junto há cerca de 20 anos. Na ocasião, ela acusou agressões físicas e morais, com lesões no maxilar e enforcamento. Para a Polícia, o histórico de violência e as circunstâncias indicam o crime de homicídio qualificado como feminicídio. Laudos periciais devem dar detalhes da ocorrência.

Leia mais: Vítimas da covardia. DF registra três casos de feminicídio em três dias

Em 2017, Jonas Zandona, 44 anos, foi preso em flagrante. Conforme a ocorrência registrada como injúria, ameaça e lesão corporal, a vítima cita que ele tinha personalidade violenta e que ingeria bebida alcoólica todo dia. Na ocasião, Carla Grasiele Zandona, 37, recebeu socos no rosto e nas costelas após uma discussão sem motivo aparente. Segundo os relatos, Jonas havia dito “puta velha, alma sebosa e filha do diabo” e feito ameaças. “Eu posso até ser preso, mas quando sair da cadeia eu te mato!”, descreveu a mulher, que não quis ser acolhida.

“Ele progrediu nas agressões e culminou na morte da vítima. A testemunha que vivia com eles relatou agressões e injúrias recíprocas e constantes. Dois dias antes do crime, ele teria visto o suspeito estrangular a mulher”, informa o delegado João Ataliba Nogueira, da 1ª Delegacia de Polícia. Em todas as ocasiões, o suspeito usou o alcoolismo como justificativa para não se lembrar de nada.

“Por mais embriagado que estivesse, se tivesse visto a esposa caída teria tomado alguma atitude para salvar a vida. Pelo contrário, uma testemunha interfonou e ele não reagiu. Se trancou, depois se recusou a abrir a porta aos policiais. O comportamento não é de uma pessoa que não tivesse feito nada de errado. Todos os elementos levam a crer que aconteceu alguma agressão. Ele permaneceu inerte e omisso”, diz. Após ser preso em flagrante no dia do crime, em conversa com outro detento, Jonas chegou a falar que estava na prisão porque havia matado a esposa.

Carla Grasiele Zandona foi socorrida desacordada e levada ao hospital. Ela teve parada cardíaca enquanto fazia tomografia e morreu na mesa do exame. Os laudos cadavérico, de local e de corpo de delito do autor devem sair em breve. O prazo é de 30 dias, mas pode ser divulgado antes. Parentes e testemunhas devem ser ouvidas na semana que vem.

SAIBA MAIS
Em 2015, a mãe da vítima também registrou boletim de ocorrência contra Jonas. O caso de agressão e ameaça foi feito na 23ª Delegacia de Polícia, em Ceilândia.

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