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Brasília

Mudança no Ensino Médio vai chegar a todas as escolas

Arquivo Geral

18/01/2018 7h00

Atualizada 17/01/2018 23h14

Foto: Myke Sena

Raphaella Sconetto
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Oano letivo na rede pública de ensino começará com mudanças: todas as 92 escolas de Ensino Médio terão de adotar a semestralidade como forma de organização pedagógica. A medida afetará 83 mil alunos, que dividem opiniões quanto ao assunto.

A diretora de Ensino Médio da Secretaria de Educação, Lilian Sena, explica o novo sistema: “Em vez de se fazer todas as matérias ao longo do ano, os componente curriculares serão divididos em dois blocos”. Português e Matemática são exceções, por conta da carga horária maior. “A questão é que a semestralidade não interfere na carga anual. Como divide algumas matérias ao longo do ano, a quantidade de aulas por semana aumenta. Isso reforça o contato com o professor, com a disciplina, favorecendo o aprendizado”, afirma Lilian.

A medida provém do Plano Distrital de Educação (PDE), elaborado em 2015 e em vigor até 2024. O PDE justifica a adoção da semestralidade “de modo a enfrentar os índices de reprovação e de percursos diferenciados de escolarização”.

Dois pesos

Prestes a cursar o segundo ano do Ensino Médio, a estudante Érika Conceição Santos, 18, já passou pela experiência da semestralidade em 2017, em São Sebastião. Ela elenca pontos positivos e negativos.

“É muito ruim ver as matérias todo bimestre. Agora, você tem um semestre para focar naquele conteúdo. Claro que a matéria anda, você precisa aprender outras coisas, mas, se tiver alguma dificuldade, fica mais fácil para o professor tirar dúvida”, destaca.

Érika avalia que o modelo tradicional faz com que as disciplinas se acumulem, assim como os trabalhos. No entanto, apesar dos benefícios, ela teme que greves prejudiquem o conteúdo. “Se a paralisação se estende, algumas matérias ficam curtas”, diz. “O outro problema é a questão do vestibular e de a gente esquecer as matérias do primeiro semestre”, completa.

Diferentemente de Érika, a estudante Maria Isabela Lopes de Souza, 18 anos, ainda não conseguiu enxergar pontos positivos. Para ela, o que vai contar muito é o costume na forma de estudar. “Se fosse só para os alunos do primeiro ano seria melhor, mais fácil de se adaptar. Quem está no terceiro ano, como eu, pode ter algum problema porque não está acostumado”, alega.

Maria Isabela, que estuda no Centro Educacional 6 de Ceilândia, critica a falta de esclarecimentos. “Fizeram uma reunião em novembro, na parte da manhã, mas não pude ir porque trabalho. À tarde os professores só comentaram por alto. Tinham ter divulgado antes, preparar para tudo dar certo. A gente não está acostumado, sempre estudamos de uma maneira e no último ano muda tudo. Pode dar problema”, reclama.

A jovem também se preocupa com o impacto de possíveis ausências dos professores. “No ano passado perdi aulas de História porque a professora ficou de atestado. Como vai ser na semestralidade?”, questiona.

Modelo iniciado em parte dos colégios

Esse modelo de organização começou em parte das escolas ainda em 2013. Até o ano passado, 37 colégios do total de 92 já haviam adotado a semestralidade. Desde então, a Secretaria de Educação afirmou ter dado orientações às unidades. “Fizemos trabalhos para preparar a implementação,
por meio de formações, atendimentos nas regionais”, esclarece Lilian Sena.

A diretora da pasta enfatiza que todas as escolas de Ensino Médio terão que adotar esse modelo a partir de 15 de fevereiro de 2018, data que marca a volta às aulas.

Questionada se esse modelo pode afetar, de alguma forma, os estudantes que forem prestar vestibulares, Lilian garante que não haverá prejuízos. “A proposta é adequada para o tipo de exame não tem sentido, porque, por exemplo, o estudante que faz Enem no terceiro ano não lembraria
o que estudou no primeiro”, compara.

“A semestralidade proporciona uma interdisciplinaridade. Vamos ter aulões, projetos pelos quais o aluno possa lembrar o que estudou no primeiro bloco”, acrescenta a gestora.

Ponto de Vista

A semestralidade é bem vista, em certos pontos, pelos representantes do Sindicato dos Professores do DF (Sinpro). Segundo a diretora de Política Educacional da categoria, Berenice D’arc Jacinto, esse é o início de um avanço na educação. “Essa não é uma mudança que a gente gostaria, porque a seriação não consegue dar conta das dificuldades pedagógicas. Mas, de certa forma, vamos dar início a uma mudança com possibilidades de avanço com essa organização”, aponta.

Para ela, o ideal seria a adoção de ciclos nas escolas. “É a tendência. Os ciclos trabalham a partir da perspectiva da idade, é um grupo de conteúdo pensando no desenvolvimento e conhecimento dos alunos”, conclui.

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