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Brasília

Motoristas reclamam que obra no Setor Comercial Sul reduziu vagas de estacionamento

Arquivo Geral

22/06/2016 6h15

Renato de Oliveira

Altieres Losan
Especial para o Jornal de Brasília

Muitas mudanças, pouca efetividade. O Setor Comercial Sul tem passado por melhorias no trânsito, mas as reclamações a respeito da falta de vagas continuam. Obras de uma ciclovia estão sendo feitas na pista entre o SCS e o Hospital de Base, retirando três estacionamentos do local. A população está apreensiva, pois ainda não sabe se novas vagas serão feitas ali. O Governo de Brasília, por sua vez, nega redução e promete a criação de 111 novos espaços.

“Achar vaga aqui é como ganhar na loteria”, garante Maurílio Marques, vigilante de 36 anos. Ele estava parado em fila dupla enquanto a esposa fazia compras em uma loja de departamentos no local. “É complicado porque todo mundo sabe que não pode parar assim, mas é a única forma que tem. De repente pode passar um agente do Detran aqui e a gente ainda acaba notificado”, lamenta.
complicou

Um guardador de carros, que se identificou apenas como Antônio, trabalha no local há 20 anos. Ele afirma que as mudanças têm mais atrapalhado do que ajudado.
“Aqui tinha as calçadas. O povo parava e tomava multa. Agora, eles ainda vêm com essa obra da ciclovia, que estão dizendo que vai diminuir o número de vagas. Vai complicar mais ainda o que já não é bom”, prevê.

Antônio revela que as vagas existentes são todas ocupadas logo cedo pelos trabalhadores e que eles ainda precisam chegar antes do horário de trabalho para conseguir estacionar. “Eles chegavam às 9h e hoje já estão aparecendo às 7h para conseguir estacionamento. Depois das 8h, não tem mais nenhuma vaga aqui. Só em fila dupla mesmo”, explica.
tráfego piorou

De acordo com o taxista Raimundo Dias, de 70 anos, não é apenas a falta de vagas que causa problemas no Setor Comercial Sul: “O trânsito também complicou, porque aqui não tem mais saídas como no Setor Hoteleiro, por exemplo, e a gente tem que ficar dando voltas. É ruim para nós e para os passageiros”, resume.

Ele ainda reclama que os carros parados em locais irregulares por vezes travam o tráfego. Por outro lado, Raimundo espera que as obras tragam melhorias à população. “Falaram que essa ciclovia vai ter estacionamento dos dois lados. Se for, vai dobrar o número de vagas que tinha hoje, e aí vai ficar melhor”, acredita.

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Versão oficial

O Governo de Brasília afirma que os projetos não excluíram, mas organizaram os estacionamentos. “A impressão de redução de número de vagas ocorre porque os veículos estacionavam em locais irregulares. O projeto também demarca as vagas para idosos e pessoas com deficiência e motos, em cumprimento à legislação”, explicou, em nota.

Das vagas que deixaram de existir por conta da ciclovia, 111 devem ser demarcadas. A recomendação é que o acesso seja prioritariamente pelo transporte coletivo, apesar de as mudanças terem mantido “um número significativo” de vagas. De acordo com a Administração Regional do Plano Piloto, não há registro de solicitações ou reclamações.

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Transporte público é a única saída

“Sempre vai ter problema de vagas ali”, sentencia o especialista em trânsito Carlos Penna Brescianini. Ele cita que, quando foi permitido ao Setor Comercial Sul aumentar a quantidade de prédios, um dos elementos-chave era a possibilidade de uso do metrô, fato que acabou não se concretizando.

“O metrô não funciona e as pessoas têm que se virar. E uma das maneiras mais comuns de as pessoas se virarem em Brasília é o automóvel”, observa.

Por conta disso, Carlos Penna lembra que o número de pessoas que precisam estacionar no local é muito maior do que o previsto. Por isso, o problema se estende até as quadras residenciais. “É só ir às quadras ao redor do Hospital de Base para ver que elas se tornaram enormes estacionamentos”, completa.

Reforço urgente

A única solução, na visão do estudioso, portanto, é a melhoria do transporte público, principalmente o metrô: “Há várias estações por perto, então tem que melhorar a estrutura.

A melhor forma é colocar os 32 trens que o metrô possui para funcionar. Só que, no horário de pico, eles colocam 24. Um metrô eficiente seria a única solução para diminuir o fluxo de carros daquele local”, conclui o especialista em trânsito.

Saiba mais

Em 2010, a frota de veículos do DF contava com 1,23 milhão. Cinco anos depois, em 2015, 1,62 milhão de automóveis passaram a circular no DF. Além de mais congestionamentos, esses veículos provocam um déficit de 30 mil vagas para estacionar no Plano Piloto, segundo um estudo da Companhia Paulista de Desenvolvimento, feito sob encomenda para o Governo do Distrito Federal.

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