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Brasília

Morto pela PRF após apontar arma, jovem passou a noite comemorando aniversário de 18 anos

Arquivo Geral

20/02/2019 15h28

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Maykon Douglas Ribeiro Lopes passou a noite bebendo e comemorando o seu aniversário de 18 anos. Na manhã desta quarta-feira (20), ele e dois parentes pararam em um posto para comprar mais bebidas e ficaram dançando e ouvindo música ao lado do carro. Ao ser abordado pelas polícias Rodoviária Federal e Militar, o jovem pegou uma arma. Nesse momento, um policial da PRF reagiu e fez os disparos contra Maykon. Família está revoltada e pede explicações. O caso ocorreu por volta das 8h.

Segundo Tatiane Kawamura, porta-voz da corporação, a PRF foi acionada pelo disque-denúncia – 191. As informações eram de que o trio estava perturbando a ordem pública, além de embriaguez às margens da rodovia.

No posto Itiquira, na entrada de Planaltina, a equipe da PRF chegou junto com uma outra viatura da Polícia Militar. “Encontraram os jovens do lado de fora do veículo. No momento que o policial deu voz de comando, um deles retornou ao veículo e pegou uma arma”, relata.

Morte de jovem aconteceu no posto Itiquira, em Planaltina. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Tatiane explica que Maykon tentou esconder a arma na cintura e, quando o policial deu o comando, o jovem apontou aos policiais. “Não temos informação sobre onde o disparo atingiu. Acionamos a perícia da Polícia Civil e da Polícia Federal, eles que vão analisar”, aponta. Questionada se os policiais não poderiam ter disparado em uma parte do corpo em que não corresse risco de matar, a porta-voz da PRF esclarece:

“O protocolo da Polícia Rodoviária Federal não é atirar para matar, mas sim para cessar a agressão. É isso que aprendemos na nossa formação policial. A partir do momento que ele estava com uma arma em punho, ele estava oferecendo risco à vida do policial e das pessoas ao redor”.

Vídeo

O Jornal de Brasília teve acesso a um vídeo que mostra viaturas da Polícia Militar e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no posto. Segundos depois, o homem sai de perto dos policiais. Nesse momento é possível enxergar um policial atirando contra o homem.

Aniversário

Familiares da vítima estavam no local. A mãe do jovem, Aurineide de Lopes Silva, 40 anos, disse apenas que “a ficha não caiu”.  Abalados, amigos e parentes conversaram com a reportagem, mas não quiseram se identificar. Uma menina, que disse ser amiga de Maykon, conta que o rapaz estava feliz pelo aniversário. “Estava comemorando na casa dele. Virou o dia se divertindo por conta dos 18 anos. Quando amanheceu, eles vieram comprar mais cerveja e falaram que iam para uma cachoeira aqui perto”, conta.

Amigos alegam que ele não possui passagens pela polícia. “Era um menino muito bom. Trabalhava desde cedo, ajudava a cuidar de cavalo em uma fazenda de um policial”, comenta a amiga de Maykon. Ela não soube dizer se a arma que o rapaz portava poderia ser desse policial para quem trabalhava. Ela ainda questiona: “Cadê a arma? Aparentemente, ninguém viu. Se tivesse, onde ela estaria? A família não viu e a polícia não deixou ver”.

A família ainda cobrou uma resposta da PRF. “Ninguém falou nada para a gente. Não vieram dar explicações, nada. A única coisa é que chegaram para gente e falaram para nos afastar”, critica a irmã do rapaz.

Familiares e amigos ficaram sabendo do ocorrido por volta das 8h. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Embriaguez 

Uma mulher que trabalha no posto, que também não quis se identificar, conta que chegou para trabalhar por volta das 7h30 quando viu Maykon e outras duas pessoas no posto. “Eles estavam visivelmente bêbados. Estavam dançando em cima do carro. Um deles quase foi atropelado, porque estava andando de um lado pro outro. Estavam muito bêbados mesmo”, enfatiza. A mulher entrou para trabalhar. Já no serviço recebeu a informação de que a polícia estava no posto para contê-los. “Me disseram que ele pegou a arma e saiu correndo”, acrescenta.

Investigação

A Polícia Federal foi acionada e investigará o caso. Os outros dois ocupantes do carro, um tio e um primo do rapaz, foram encaminhados à delegacia para serem ouvidos. Até a publicação desta reportagem, não havia informações se os dois também foram presos e por qual motivo.

A arma que Maykon portava será enviada para perícia, para ficar constatado se era ou não um simulacro.

Divulgação/PRF

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