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Brasília

Morte de Babu é sentida por funcionários, visitantes e por sua parceira, Belinha

Arquivo Geral

09/01/2018 7h00

Atualizada 08/01/2018 22h43

Divulgação

Raphaella Sconetto
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A Fundação Zoológico de Brasília amanheceu ontem sem a sua figura mais ilustre. O elefante Babu, que chegou ao espaço em 1995, morreu aos 25 anos após sofrer uma parada cardiorrespiratória no domingo. Sua falta já é sentida pela elefanta Belinha, que agora está sozinha no recinto que dividiam. As causas do óbito ainda estão sendo investigadas.

Nascido na África do Sul, o elefante nunca tinha ficado doente desde que chegou à capital. No domingo, segundo a superintendente de Conservação e Pesquisa do Zoo, Ana Raquel Faria, Babu acordou indisposto. “Ele estava com dificuldade de levantar e imediatamente acionamos a equipe de veterinária. Iniciamos, então, a terapia de suporte, que consiste na administração de soro, glicose e medicamento para dor”, explica.

Naquele dia, haver poucos laboratórios abertos, foram feitos somente exames básicos, como hemograma. “Com o resultado prévio, fizemos um tratamento específico para proteção do fígado e dos rins, e muito soro. Ele foi bastante hidratado”, conta Ana Raquel. “Fizemos o isolamento, mantivemos aquecido, ficamos o tempo todo monitorando as frequências cardíaca, respiratória e de temperatura”, completa.

A notícia fatídica veio às 20h30, quando a equipe médica confirmou a parada cardiorrespiratória. Até ontem, no momento em que o Jornal de Brasília visitou o Zoo, o elefante ainda estava em seu recinto, mas cercado para que ninguém pudesse vê-lo morto. A intenção era que os técnicos pudessem fazer análise e a preservação de órgãos e ossos, também para pesquisas.

Ritual da perda

Com a morte de Babu, a elefanta Belinha será o foco dos veterinários. Toda a preocupação é para que ela não sofra de depressão. “Hoje (ontem) tivemos o primeiro momento com ela, em que a deixamos circular próximo ao Babu. Os elefantes têm um comportamento social muito forte, então é importante ela viver esse luto”, explica a superintendente.

A tristeza de Belinha, companheira de recinto, era visível. Foto: João Stangherlin

“Ela rodou, foi até perto dele, levantou a tromba, sentiu o cheiro. E aí ela internalizou e sentiu que ele tinha ido, e passou a rodar mais, sair do recinto, se alimentar. É importante esse primeiro passo para que ela não se sentisse excluída do processo. Ela precisa entender o que tinha acontecido”, completa. A aproximação com o elefante Chocolate não foi descartada, mas Ana Raquel garante que não será uma medida a curto prazo.

Jeito sapeca deixará saudade

Babu era conhecido pelo público e pelos funcionários do Jardim Zoológico pela sua diversão. Ana Raquel resume os 25 anos de vida do animal em uma palavra: sapeca.

“Além de lindo, ele tinha um temperamento sapeca mesmo. Ele gostava de jogar terra nas pessoas, interagia, tinha as manias. Com certeza vai deixar muita saudade”, lamenta a superintendente de Conservação e Pesquisa.

Preservação

Apesar de animais como Babu proporcionarem momentos de lazer e entretenimento ao frequentadores do Zoo, a profissional alerta que esta não é a única visão que a população pode ter do espaço. Nos 60 anos de criação da fundação, o entretenimento deu lugar à conscientização e à preservação dos animais. O zoo possui, atualmente, 21 projetos de conservação das espécies, sendo dez voltados ao Cerrado. O espaço cuida de mais de 250 espécies, sendo que destas 50 estão em extinção.

“A gente sofre a rebarba de um zoológico que foi criado com o circo. Por isso, algumas pessoas, não todas, não conseguem vir ao zoológico e desvincular essa imagem de que os animais estão aí para a pura diversão. Elefantes do porte do Babu e da Bela não podem crescer aleatoriamente, se proliferar. Há uma necessidade de manejo, e é encaminhar justamente às instituições que têm capacidade para receber”, alega Ana Raquel.

Origem

Para acolher os animais, os zoológicos precisam de uma autorização do órgão ambiental. “Essa visão de que vamos à natureza fazer a captura não pode existir. O zoo só pode receber animais reproduzidos em outros os zoológicos ou então depositados pelo órgão ambiental, vindos de resgates. A preservação e a conservação dos animais são trabalhos que poucas pessoas conhecem”, conclui a superintendente.

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