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Brasília

Médico Wesley Murakami é preso em Goiânia pela Polícia Civil do DF

Arquivo Geral

21/12/2018 8h49

Médico Wesley Murakami. Foto: Jornal de Brasília

Da Redação
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Foi preso na manhã desta sexta-feira (21), em Goiânia, o médico Wesley Murakami, acusado de deformar rostos de dezenas de pacientes em Brasília e na capital de Goiás. Ele foi detido junto com a mãe, que administrava uma de suas clínicas. Outra administradora de um estabelecimento do profissional foi presa no DF. As prisões são temporárias. 

Policiais da Coordenação de Repressão a Crimes contra o Consumidor, Ordem Tributária e Fraudes (Corf/PCDF) ainda cumpriram cinco mandados de busca, sendo apreendidos diversos materiais entre medicamentos, prontuários e computadores. Ação recebeu o nome de Operação Dismorfia. 

Murakami está impedido de atuar no Brasil com a suspensão de seus registros.  Nos Conselhos Regionais de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) e de Goiás (Cremego), o registro dele consta em situação de “interdição cautelar” desde 14 de dezembro por prazo indeterminado, até julgamento de processo ético. Em Goiânia e no DF, a Polícia Civil registrou 28 denúncias contra o profissional.

Segundo a defesa, o médico está em estado grave de depressão, tomando medicamentos e sendo acompanhado por um psiquiatra”. Recluso, ele aguardava a comunicação das autoridades policiais e do Conselho de Medicina para dar suas explicações e entregar os documentos necessários, segundo o texto. 

JBr denunciou 

O Jornal de Brasília fez uma série de reportagens a partir de queixas de pelo menos 40 pacientes, que se uniram para compartilhar as experiências ruins e buscar soluções. Depois de receber e relatar as reclamações, a reportagem marcou uma consulta com o médico. A intenção era conhecer a forma de atuação do profissional, uma vez que muitos pacientes relataram tê-lo procurado para procedimentos simples, mas ele acabava os convencendo de fazer a bioplastia. Em uma sala do Taguatinga Shopping, o médico cobra entre R$ 80 e R$ 130, em espécie, para avaliar cada paciente.

“Inflamações naturais”

No DF, o advogado de Wesley Murakami negou erros médicos e defendeu que as deformações nos pacientes são inflamações naturais causadas pela aplicação do polimetilmetacrilato (PMMA).

“Também consideramos um número grande (de pacientes insatisfeitos). Mas as imagens que estão sendo divulgadas são apenas no início do tratamento, de pacientes de 2014, 2016 e 2017. E a maioria delas é no dia da aplicação do produto, que fica avermelhado e um pouco dolorido. Mas com o passar dos dias desaparece”, disse na época.

Usado nos procedimentos estéticos, o PMMA é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas pode causar riscos porque não há nenhuma especificação da quantidade máxima que pode ser aplicada. A falta de regulação é uma crítica de médicos especialistas em dermatologia e em cirurgia plástica, que são os mais recomendados para realizar os tratamentos estéticos. A Sociedades Brasileiras de Cirurgia Plástica e de Dermatologia desaconselham o uso do PMMA devido ao histórico de complicações.

JBr. marca consulta

Depois de receber as reclamações, a reportagem marcou uma consulta com o médico Wesley Murakami. A intenção era conhecer a forma de atuação do profissional, uma vez que muitos pacientes relataram tê-lo procurado para procedimentos simples, mas ele acabava os convencendo de fazer a bioplastia.

Em uma sala do Taguatinga Shopping, o médico cobra entre R$ 80 e R$ 130, em espécie, para avaliar cada paciente. Dentro do consultório, Murakami recebeu a repórter com música. Ela disse que sua intenção era fazer limpeza de pele e tratar marcas de espinha.

Na primeira conversa, porém, o médico logo disse que o que mais lhe incomodava eram os lábios dela, e não pele. Por isso, indicou a aplicação do PMMA (usado na bioplastia). Para atestar os bons resultados, ele mostrava fotos comparativas de antes e depois de pacientes. Em um caso, ele citou que trabalhou apenas o preenchimento para solucionar marcas de espinha de um homem.

Durante a consulta, Murakami pediu que a repórter ficasse de pé e segurasse um espelho na sua frente. Olhando para o objeto, ele citava imperfeições e como poderia melhorá-las. Em outros momentos, o médico disparava frases sobre a aparência da repórter, como “você é bonita, mas vai ficar ainda mais perfeita” e “seu rosto não é gordo, só precisa de harmonização”.

Ao final da consulta, ele apresentou o orçamento: R$ 4,5 mil para fazer a aplicação do PMMA nos lábios e no nariz, indicados como prioridade. Porém, o motivo inicial da consulta – a limpeza de pele – ele só orçou após insistência da reportagem. Para esse último tratamento, ele recomendou peeling e sessões de laser, além de prescrever medicação: ômega 3, antioxidante e lactobacilos. Sobre as formas de pagamento, foi proposto o parcelamento em até 4 vezes.

 

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