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Brasília

Loja de carros na Cidade do Automóvel acusada de calote declara falência

Arquivo Geral

23/01/2019 16h52

Concessionária Wall Multimarcas fecha as portas e clientes reclamam. Myke Sena/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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Em um comunicado publicado na terça-feira (22), a Wall Multimarcas declarou falência da loja especializada em venda de carros usados, situada na Cidade dos Automóveis, no SIA. No texto, a empresa diz que encerrou suas atividades desde terça-feira (22) e culpa a crise econômica pelo fechamento das portas. Conforme o Jornal de Brasília mostrou em dezembro, a empresa se envolveu em um problema com um cliente, que alegou ter vendido o carro, mas nunca recebeu o dinheiro. Na época, a revenda já colecionava reclamações na internet.

“Tal suspensão deve-se ao agravamento da crise econômica que assola o país e em especial as atividades desta empresa, a qual vem passando por grandes dificuldades financeiras, o que inviabilizou a continuidade de seu funcionamento”, diz o comunicado.

O texto, que não foi assinado por nenhum responsável, aponta ainda que a loja tentou de todas as formas dar continuidade ao serviço prestado, “contudo, algumas ações impossibilitaram que as atividades pudessem se sustentar até a quitação de todos os débitos”.

“Fecharam a loja e roubaram tudo”

Segundo o aposentado  Eider Faria de Oliveira, que procurou o JBr. no ano passado para denunciar a empresa, ele só conseguiu reaver o veículo depois de a reportagem ter sido veiculada e de uma tentativa na Justiça. “Eu e várias pessoas fomos à Justiça ficamos totalmente desamparados. Aconteceu o que iria acontecer: eles fecharam a loja e roubaram tudo. No meu caso, eu coloquei três advogados, fiz uma petição, fui atrás e peguei meu carro no dia 3 janeiro”, relata.

“Ontem tinham dezenas de pessoas lá na porta, desesperadas, sem saber o que fazer. Dizem que eu fui o único caso que peguei o carro de volta. A empresa prometeu entregar amanhã (24) e fecharam ontem (22). Só deixaram uma nota lá no site dizendo que lamentam, mas que fechou. A polícia não fez nada, a Justiça não fez nada”, reclama.

Relembre

No dia 19 de novembro, o GM Prisma 2015 do aposentado  Eider Faria de Oliveira, 58 anos, foi colocado à venda no site OLX. Segundo ele, na mesma data, a empresa o contatou para que fechasse contrato de consignação. Como já havia feito vendas por consignação outras duas vezes sem dificuldades, ele foi convencido de que seu carro seria vendido por um bom preço e em um processo simples. No dia 21, o aposentado entregou o veículo ao estabelecimento.

Eider Faria de Oliveira. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

“Falei ‘tudo bem, vou deixar o carro aqui por dez dias’. Passou esse tempo e tentei duas vezes tirar o carro de lá, porque achei que não seria fácil vender mais, já que eles tinham aumentado o preço para compensar para eles [passou de R$ 40 mil para R$ 42,9 mil]. Mas me convenceram a deixar mais um pouco. Até que uma pessoa me ligou, viu meu anúncio na OLX e eu falei pra ir à Wall Multimarcas que meu carro estava lá. No fim do dia ele me retornou e disse que meu carro não estava na empresa”, narrou o aposentado.

Segundo Eider, no dia 12 de dezembro, ele descobriu que seu carro havia sido vendido. “Liguei, me identifiquei e falaram que foi vendido. Disseram que venderam o carro por financiamento, mas eu nem sei como porque nem entreguei o DUT (Documento Único de Transferência). Aí falaram que a funcionária estava doente e que depois entraria em contato. Liguei depois de dois dias e me falaram que quem estava cuidando do assunto estava de licença médica. Depois disso tudo comecei a desconfiar”, contou.

No site Reclame Aqui, onde é possível analisar a reputação de uma empresa segundo a visão dos clientes, são várias as avaliações da loja Wall Multimarcas que relatam problemas semelhantes ao do aposentado. “Eu fiz a pesquisa, que eu deveria ter feito antes, e o que eu achei lá (Reclame Aqui) foi estarrecedor. Então, fui lá pessoalmente e uma moça se identificou para mim como gerente. Eu expus o caso e só aí ela me disse que em 30 dias úteis me daria uma solução, porque estavam em uma situação difícil”, relatou.

Eider com relatos de reclamações da empresa que encontrou no site Reclame Aqui. Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

Na época, a gerente da loja, Elaine Peixoto, informou que havia comunicado o cliente da existência de um prazo de 30 dias úteis para repassar o dinheiro. “Hora alguma a gente está errado com isso. Não descumprimos prazo em hora nenhuma”, frisou.

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