Menu
Brasília

Lei Seca: motoristas insistem no erro e flagrantes explodem no DF

Arquivo Geral

17/08/2017 7h00

Atualizada 16/08/2017 23h20

Ao contrário do que muitos pensam, as blitze não têm ocorrido somente aos fins de semana, mas de domingo a domingo. Foto: Divulgação/Detran

Raphaella Sconetto
[email protected]

As autuações por embriaguez ao volante aumentaram em 72% neste ano no Distrito Federal. De janeiro a julho, o Departamento de Trânsito do DF (Detran), a Polícia Militar e o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-DF) flagraram 14.943 condutores dirigindo após o consumo de bebida alcoólica. No mesmo período do ano passado, foram 8.685 infratores. Quem arrisca em combinar álcool e direção acaba esbarrando nas fiscalizações que os órgãos de trânsito têm feito diariamente na capital.

Somente em julho deste ano foram 2.542 autuações, contra 1.429 o mesmo período de 2016, o que representa um aumento de 77,8%. No último fim de semana, por exemplo, de quinta-feira à madrugada de segunda-feira, equipes de fiscalização do Detran flagraram 149 motoristas sob efeito de álcool.

Segundo o diretor-geral do Detran, Silvain Fonseca, o aumento nas autuações se deve ao fato de ter mais fiscalização nas ruas. “A legislação tem sido alterada para que possa ser mais preventiva. Com a melhoria da lei, isso vem favorecendo que os órgãos possam investir nas atividades de fiscalização”, afirma.

Para Fonseca, o objetivo central é justamente a prevenção. “É um investimento que deixa de gastar recursos no socorro, nos atendimentos hospitalares. Tanto que os números de morte têm diminuído desde novembro do ano passado”, diz. E quem acredita que as blitze têm ocorrido somente aos fins de semana, o diretor do Detran dá o recado: “As fiscalizações são de domingo a domingo, não tem mais dia da semana nem hora”.

Apesar dos números expressivos, Silvain Fonseca garante que os brasilienses conseguiram mudar os hábitos. “A população já está consciente e sabe dos riscos, seja pelo valor alto da multa ou pelo risco de ser preso. Mas não podemos ignorar a parcela que insiste em dirigir depois de consumir bebida alcóolica”, conta.

Saiba mais

  • De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, dirigir sob a influência de álcool é infração gravíssima, com multa no valor de R$ 2.934,70 e suspensão do direito de dirigir. A reincidência no período de até 12 meses acarreta multa em dobro, ou seja, R$ 5.869,40. Além disso, a recusa à realização de exame que comprove a influência de álcool ou outra substância psicoativa também é considerada infração de trânsito.
  • O condutor que apresentar concentração de álcool igual ou superior a 0,3 miligrama por litro de ar alveolar comete crime de trânsito, cuja pena de detenção varia de seis meses a três anos.

Consciência

O publicitário Lázaro (nome fictício), de 30 anos, foi pego em uma blitz do Detran da Lei Seca há quatro anos. Na época, preferiu recusar o teste do bafômetro e também não assinou o auto da infração. “Se eu assinasse, o prazo para interpor o recurso contaria a partir daquele momento”, alega.

Passados cinco dias da blitz, o homem foi até o Detran para retirar a carteira que havia ficado retida. “Isso foi em 2013, e até hoje não me notificaram. Cheguei até a renovar a carteira e não deu nada. Mas, depois que fui pego na blitz, fiquei mais consciente e não bebo quando dirijo”, assegura.

A consciência é algo que sempre esteve ao lado do empresário André Amaral Breda, 32 anos. Para ele, o “amigo da vez” tem que estar presente em todas as saídas. “Eu e meus amigos buscamos alternar os motoristas. A ideia é que ninguém tenha que dirigir depois de beber”, aponta.

Exemplo é o que não falta para Bedra, pois a mãe e amigos já foram pegos na fiscalização. “Mas o que eu vejo é que a consciência vem por conta da penalidade financeira, já que a multa é alta. E não a consciência de poder causar um problema maior por beber e dirigir”, acredita o empresário.

Ponto de vista

A certeza da impunidade é determinante para quem insiste em dirigir após consumir bebida alcóolica. A visão é do especialista de trânsito Márcio de Andrade, que aponta também três fatores que influenciam nos números de autuações por alcoolemia: aumento da fiscalização, novos motoristas habilitados e pessoas que ainda não estão conscientes.

“A fiscalização está mais intensa. Mas tem o fator de que todos os dias surgem novos habilitados, e, consequentemente, isso aumenta a estatística. Então, precisa haver mais campanhas educativas, uma força-tarefa de conscientização”, afirma.

Para Andrade, as campanhas devem ser voltadas aos jovens: “São eles que lideram o ranking de motoristas que dirigem após beber, então as campanhas precisam ser mais atrativas, e que não sejam pontuais, mas constantes e permanentes”, conclui.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado