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Brasília

Justiça solta assassino de esposa e avós de criança temem consequências

Arquivo Geral

08/08/2017 6h30

Foto: Kleber Lima

Manuela Rolim
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A decisão da Justiça de colocar em liberdade o homem que matou a esposa dentro de casa, na semana passada, abalou não apenas a família da vítima. Emocionado, o pai do autor do crime, o operador de máquinas José Hilton Gomes, 52 anos, falou com exclusividade ao Jornal de Brasília. O filho dele atacou a vítima com pelo menos 20 facadas, em Ceilândia. Um menino de sete anos, fruto do relacionamento do casal, está aos cuidados da família materna.

Por volta das 22h30, José Hilton recebeu a reportagem em casa, na Expansão do Setor O. “Não sabia que já estava solto. Não me procurou ainda, nem apareceu aqui”, afirmou. No entanto, ao ser questionado sobre a liberdade concedida ao filho, José Hilton foi enfático. “O que se faz aqui, se paga aqui. Ele não tinha o direito de destruir a vida dela, nem a daquela criança. Em nenhum momento, pensou no próprio filho”, completou.

Com os olhos cheios de lágrima, o operador declara que também se sente vítima da situação. “Não esperava por isso. Parece que parei no tempo”, acrescentou. Ele ressalta que não sabe como vai reagir ao encontrar o filho. “Se ele me procurar, não sei como irei recebê-lo. Até porque também estou correndo risco. Por onde passo, as pessoas falam mal. Meu coração está dilacerado”, disse.

Segundo José Hilton, o acusado foi criado pela mãe. “Nossa relação nunca foi tão próxima, conversávamos pouco. Soube por terceiros do envolvimento dele em outro crime no Maranhão”, declarou, sobre um suposto homicídio cometido anteriormente pelo homem. Ele frisa ainda a dor da família da vítima, em especial do neto. “Imagina como vai ficar a cabeça dessa criança quando souber que o pai matou a mãe? Minha vontade era estar longe daqui. Só peço a Deus que dê conforto a todos”, concluiu ele, aos prantos. Após a tragédia, o operador encontrou o menino. “Toda vez que o vejo, ele diz que quer voltar para a casa dele”, lamentou José.

Revolta
Na residência dos avós maternos, o clima é de emoção, revolta e medo. O eletricista e zelador Paulo Henrique dos Santos, 49 anos, avô da criança, diz que se sente injustiçado. “Estamos em pânico. A qualquer momento ele pode agir de novo. Se fez isso com a esposa, o que poderá fazer a gente? Além disso, ainda estamos sujeitos a perder a criança para ele”, afirmou. Durante a entrevista, a mãe da vítima, Cristina Maria Feitosa, 46, chegou a passar mal.
“É assim que estamos vivendo, à base de remédio. Agora, eu só acredito mesmo na justiça de Deus, porque a Justiça no Brasil só protege bandido. Ele não tinha residência fixa, a casa era alugada e o proprietário até já pediu para retirarmos os móveis. Também já é acusado de outro assassinato no Maranhão. Como essa pessoa pode estar solta? Ela não oferece risco?”, declarou o avô.

Agora, Paulo só pensa em proteger o neto. “Nem que eu saia daqui, dessa cidade. Ele só vai conseguir tirar essa criança de mim se arrancar meus pulsos. Quero que minha filha descanse em paz sabendo que seu filho está comigo”, concluiu.

Saiba mais
Na manhã da última quinta-feira, o autor do crime deixou o filho na escola e, ao voltar para casa, matou a companheira G.M.F.S., de 23 anos, que gritava o nome do agressor durante uma discussão, segundo a vizinhança. Em seguida, F.P.S., de 27 anos, se entregou à polícia e foi detido em flagrante delito.

Segundo o delegado Ricardo Viana, ao se entregar, o suspeito confessou ter matado um senhor mais velho, também a facadas, no Maranhão, há quatro anos, também por ciúmes da esposa. No entanto, até o momento, a Polícia Civil do estado ainda não confirmou.

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