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Brasília

Justiça inicia audiência sobre funcionário da JBS que morreu ao cair em processador no DF

Arquivo Geral

16/02/2018 19h18

Reuters/Paulo Whitaker

Ana Clara Arantes
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Foi aberta nesta sexta-feira (16) a audiência de instrução sobre o caso do funcionário da JBS que morreu depois de cair em uma máquina de processamento de aves, há seis meses, em Samambaia. Na época, a empresa informou que José Eudes Ferreira da Rocha, de 51 anos, fazia higienização do equipamento quando a fatalidade ocorreu. O advogado da família da vítima, Eduardo Lemos Barbosa, rebate a versão de acidente e culpa a falta de manutenção do maquinário e imprudência por parte da empresa. Duas testemunhas foram ouvidas pela manhã, na 4ª Vara do Trabalho do Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10).

Um engenheiro de 44 anos relatou que trabalha para a empresa desde dezembro de 2014, na função de engenheiro de segurança, e que na contratação da vítima, houve uma instrução de trabalho promovida pelo técnico de segurança da empresa. Além disso, ele afirmou que, a cada seis meses, José participava de um treinamento teórico e prático e que desconhece qualquer outro acidente anterior na máquina que vitimou José Eudes.

A outra testemunha, que é engenheira de alimentos e trabalha na unidade desde 2015, contou que não estava no local, mas foi chamada a comparecer na empresa após o acidente. Segundo seus relatos, chegando lá, encontrou a vítima fora da máquina, ainda com vida. De acordo com a testemunha, José poderia ter feito o desligamento da máquina na qual se vitimou com a utilização de um cadeado de bloqueio próprio que foi informada ter sido encontrado com ele. Ainda de acordo com a engenheira, a vítima deveria ter desligado a máquina durante o manuseio. Assim como a primeira testemunha, ela não sabe de nenhum acidente anterior na máquina que vitimou José Eudes. Ela ainda cita que o funcionário era exemplar.

Defesa

De acordo com o advogado da família, Eduardo Lemos, os depoimentos deixaram claro que o acidente não ocorreu por descuido da vítima. “A audiência estava aberta para apresentação de provas e ficou comprovada a competência e eficiência do José Eudes”, ressalta.

A defesa alega que o equipamento já havia apresentado defeito, o que teria sido inclusive relatado ao supervisor. Apesar do desconhecimento das testemunhas a respeito de acidentes anteriores, Lemos afirma que duas semanas antes do acidente, José teria ficado preso na mesma máquina, ficando apenas com um machucado no peito.

O juiz estipulou prazo de até 28 de fevereiro para que as partes entreguem os resumos dos fatos. A 32ª Delegacia de Polícia (Samambaia Sul) investiga as causas do acidente.

Relembre o caso

No dia 30 de agosto de 2017, por volta das 3h, José Eudes higienizava um equipamento quando foi puxado por uma máquina, que tem o mecanismo de sugar e soltar. Colegas de trabalho sentiram falta do companheiro e, quando foram à sua procura, o encontraram preso pela cabeça e um dos braços.

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) encontrou José com lesões graves no braço esquerdo, cervical e dorso. Ele sofreu uma parada cardiorrespiratória e não reagiu aos estímulos de reanimação dos socorristas. A causa da morte foi asfixia por sufocação indireta.

José Eudes trabalhava na empresa desde 2014, desempenhando a função de Ajudante de Higienização I. Ele deixou quatro filhos e uma esposa. Na época, em nota, a JBS lamentou o ocorrido e garantiu que foi prestado todo atendimento necessário.

Saiba mais

Segundo a Agência Pública, com dados do Ministério da Previdência Social, por meio da Lei de Acesso à Informação, as empresas do Grupo JBS registraram os maiores índices de acidentes de trabalho no Brasil, de 2011 a 2014.

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