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Brasília

Jovens do DF acampam em escola do Cruzeiro durante evento cultural

Arquivo Geral

20/04/2018 20h55

Foto: João Stangherlin

Rafaella Panceri
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Em pleno feriado do aniversário de Brasília, 150 jovens do Distrito Federal e Entorno decidiram participar de um evento cultural. A proposta é acampar em uma escola nesta sexta (20), sábado (21), e domingo (22). Programação não falta. Organizado pelo Grupo Pellinsky, atuante no Distrito Federal há 31 anos, o evento é gratuito e oferece aulas de coreografia, oficinas de montagem de figurinos, palestras motivacionais, peças de teatro e um espetáculo de dança inspirado no Festival Folclórico de Parintins.

Quinze voluntários da ONG Associação do Desenvolvimento Humano Artístico e Social (ADHAS) auxiliam nas atividades do encontro, financiado pelo cachê recebido pelo grupo de dança em apresentações.

Coordenador do grupo e do Encontro de Arte e Cultura do Pellinsky (EACP), o coreógrafo e professor de dança Andreoni Pellinsky, 38, explica que o grupo trabalha noções de cidadania e meio ambiente por meio da dança. “Procurando sempre agregar valores como o respeito ao próximo e às diferenças, solidariedade e espírito de união”, detalha. O evento deste fim de semana leva essa mensagem aos jovens.

Foto: João Stangherlin

Imersão
Os participantes do encontro estão acampados no Centro Educacional 01 do Cruzeiro. O clima é de imersão. Nos corredores da escola, adolescentes trocam experiências e compartilham da ansiedade que é esperar pelo evento.

A pequena Nicolly Mariano Amorim, de 8 anos de idade, veio de Águas Lindas com a avó para participar. Mal conseguiu dormir. “Dançar balé é o sonho da minha vida. Quando vejo uma bailarina dançando, fico triste porque não estou junto com ela”, conta, animada.

Nicolly Mariano Amorim / Foto: João Stangherlin

A estudante Camila Pereira da Silva, de 15 anos, já participou do encontro três vezes. Em 2018, recebe os novatos. “Quando vi o Pellinsky pela primeira vez, decidi que queria assumir essa responsabilidade e ampliar meus horizontes. Conheci muito da cultura do Brasil e minhas notas no colégio até melhoraram”, relata. Para ela, o evento é pura emoção. “Nós, mais antigos, recepcionamos os novos alunos e ajudamos a arrumar a escola. Depois bate uma saudade”, confessa.

Superação na dança
Para uns, a dança é a realização de um sonho. Para outros, ela é responsável por mudar a história. Reginaldo da Silva Souza, 33, está no Pellinksy há 10 anos e se orgulha dos caminhos que trilhou por meio da arte. Ele conta que assistiu a uma apresentação do grupo pela primeira vez no Centro Educacional 02 do Cruzeiro, quando era estudante, e se encantou pelo ritmo e pelas cores.

“Gostei muito do trabalho e perguntei ao diretor da escola como poderia participar. Fui atrás deles”, lembra. “É divertido fazer parte. Nosso trabalho e nossa dedicação são muito valorizados”, destaca.

Para Naldo, como é chamado pelos colegas, a apresentação mais marcante como integrante do Pellinsky foi a primeira de que participou, no Dia das Mães, em 2008. O sentimento tem tudo a ver com o passado. O homem foi abandonado pela mãe três vezes, quando criança. O coreógrafo Andreone Pellinsky conta que Naldo, hoje, é parte da família. Os dois cresceram juntos.

“Minha mãe é como se fosse a mãe dele. No começo, tivemos de ter muita paciência. Insistimos para que ele não desistisse de dançar. Hoje, ele evoluiu muito e construiu uma história muito bonita”, compartilha Andreoni.

O grupo
Durante 31 anos de existência, o Grupo Pellinsky já se apresentou em eventos a nível internacional, nacional e local. Em 2012, foi premiado com três troféus no Festival Internacional de Dança de Cabo Frio (RJ) e, em 2017, recebeu o Prêmio Plumas e Paetês na cidade do Rio de Janeiro, em reconhecimento ao trabalho social e cultural prestado à sociedade.

O público alvo do Pellinsky são crianças e adolescentes de baixa renda. Todos os anos, o grupo oferece aulas gratuitas de folclore brasileiro em escolas públicas do DF. Os alunos que se interessam pelo projeto são convidados a participar. O encontro anual está na 22ª edição e serve para apresentar os novatos às atividades da ONG.

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