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Brasília

Jovem reage a assalto e é esfaqueado em parada de ônibus, na Asa Sul

Arquivo Geral

19/02/2017 10h22

Atualizada 20/02/2017 7h29

Reprodução/Facebook

Jéssica Antunes
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Iago Guedes Gomes tinha 24 anos. Ele aguardava um ônibus no ponto da Superquadra Sul 112 com dois desconhecidos, na madrugada de sábado, quando um casal chegou e anunciou o assalto. Uma das vítimas correu, outra entregou a mochila, e Iago enfrentou os criminosos. Ele levantou-se, discutiu, tentou intimidar, se negou a entregar os pertences e levou uma facada no abdômen. Morreu no Hospital de Base. Os suspeitos fugiram.

Uma garçonete foi ouvida pela polícia como testemunha. Foi ela quem entregou a mochila, acenou para uma viatura que passava pelas redondezas e garantiu que Iago fosse resgatado ainda com vida pelo Corpo de Bombeiros. Em depoimento, ela contou sobre a reação do jovem.

“Não tenho nada para você, ‘vaza’ daqui”, teria dito o rapaz antes de empurrar o assaltante e ser esfaqueado. Iago completou 24 anos em 2 de janeiro. Ele tinha saído do trabalho, uma loja de conveniência em um posto de combustíveis na 313 Sul, e iria para casa, no Guará 1, onde morava com os avós.

A 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul, investiga o caso, mas não há informações sobre o paradeiro da dupla que cometeu o crime. “O que sabemos é que não eram andarilhos. Estavam bem vestidos e fugiram sentido SQS 114. Essa área é de fácil dispersão. Chamamos cinco viaturas para buscar os suspeitos, mas não foram encontrados”, contou Adriana Vilela, 1º tenente da Polícia Militar. De acordo com ela, a vítima não tinha histórico criminal.

O erro, diz, foi Iago ter reagido. “A região é tranquila. Há policiamento constante nessa área, tanto que uma viatura que passava foi chamada pelas testemunhas. É o primeiro caso de latrocínio (roubo seguido de morte) em bastante tempo na região, que não é insegura. Foi totalmente atípico e muito por conta da reação da vítima. Nunca se deve reagir a um assalto. Não se sabe o armamento que os criminosos têm”, afirma a militar.

Na delegacia, a ocorrência foi registrada como roubo a transeunte e latrocínio. Em todo o ano de 2016, nenhum dos 42 casos de latrocínio aconteceu na área do Plano Piloto, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP). Roubos a pedestres, por sua vez, ocorreram pelo menos 3.186 vezes na área.

Neste ano, ainda não há dados específicos sobre a região, mas, em todo o DF, quatro latrocínios e 3.067 roubos a transeuntes foram computados pela pasta somente em janeiro.

“É cada vez pior”, dizem moradores

“Essa parada de ônibus é muito movimentada”, conta Estrela Simões, aposentada de 65 anos que mora na quadra onde o crime aconteceu. “De vez em quando temos umas notícias tristes como essa, mas felizmente são casos excepcionais e lamentáveis”, diz a mulher, que mudou hábitos por temer pela segurança. “Não dá para vacilar. Eu costumava caminhar à noite, mas hoje não dá para sair depois de certo horário. A gente tem que se precaver”, acredita.

“É cada vez pior”, lamenta Luciana Heinzer, artesã de 41 anos. A moradora de Águas Claras vai à região regularmente. Ontem, quando soube do crime, não conteve os olhos arregalados. “Tranquilos, nunca estamos. Já tivemos mais sensação de segurança”, afirma a gaúcha que mora com a família há cinco anos em Brasília.

Homenagens

Uma enxurrada de mensagens de despedida foi postada na página do Facebook de Iago Guedes. “A vida é muito frágil. Iago sempre vai ser aquele moleque espontâneo. Ficam as lembranças das aventuras e a esperança de que ele possa repousar em paz”, disse um internauta. “A pessoa mais doce, que possui os melhores conselhos, se foi. Deus certamente precisava de um conselheiro no céu. Meu coração está doendo. Descanse em paz, meu amigo”, publicou outro.

A família também usou a rede social para lamentar. “Fico indignada com tamanha violência”, reclamou uma prima. “Senhor, tanta dor. Até agora não estou conseguindo acreditar”, escreveu uma irmã da vítima. De acordo com ela, a despedida de Iago será hoje, na Capela 2 do cemitério Campo da Esperança da Asa Sul, às 8h.

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