Jéssica Antunes e Ana Karolline Rodrigues
[email protected]
O médium João de Deus apareceu nesta quarta-feira (12) pela primeira vez após o escândalo envolvendo 206 denúncias de abuso sexual. A Casa de Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia-GO, amanheceu lotada. Os atendimentos ali ocorrem todas as quartas, quintas e sextas-feiras, com início às 8h e às 14h.
Assim, diferente de segunda e terça-feira, dias em que o Jornal de Brasília esteve no local, na manhã desta quarta (12), o estacionamento e a casa em que o médium realiza as sessões espirituais foram ambientes de grande movimentação.
João de Deus chegou à Casa às 9h26, em meio à confusão foi rodeado por jornalistas e seguidores. Ao se aproximar do palco, foi recebido com aplausos. Na área onde faz atendimentos, ele fez breve discurso, negando as acusações. “Acredito nas justiças brasileira e divina e me coloco à disposição”, disse.
A expectativa era que ele concedesse uma entrevista coletiva. Em vez disso, teve tumulto. Seguidores distribuíram socos e empurrões. Ao passar pelo ambiente lotado, João de Deus seguiu cercado pelos fiéis, que tentavam obstruir a passagem da imprensa. Às 9h35, ele entrou em um carro e saiu em disparada.
Leia também: “A máscara caiu”: vítima relata abuso de João de Deus há 19 anos
Mulheres acusam João de Deus de abuso sexual durante atendimento espiritual
Filha de João de Deus acusa o pai de estupro
João de Deus já respondia a outros inquéritos por abuso sexual, afirma delegado
No momento, a movimentação dentro da casa é normal e seguidores fazem rezas no ambiente. Muitos deles não acreditam nas denúncias de abuso sexual que vem surgindo desde sexta-feira contra o médium. Alguns, inclusive, chegaram a rogar pragas contra jornalistas.
Denúncias
Até as 17h desta terça-feira (11), o Ministério Público de Goiás realizou 206 atendimentos a mulheres que se apresentaram como vítimas João de Deus. As vítimas são de diversos estados do País, além de duas do exterior: uma é dos Estados Unidos e outra da Suíça.
De acordo com a assessoria de imprensa do órgão, a maioria das mulheres (156) fez contato por meio do e-mail criado exclusivamente para essa finalidade. Todas as possíveis vítimas estão sendo orientadas a procurar o Ministério Público de seu estado, que ficará responsável por coletar os depoimentos. No Distrito Federal, o MPDFT começou, nesta terça-feira (11), a colher depoimentos das mulheres que comparecerem a instituição.
Após os depoimentos, as provas serão enviadas para a força-tarefa do MPGO, que conta com cinco promotores de Justiça e duas psicólogas.
As possíveis vítimas podem procurar o MPGO pelo e-mail [email protected], pelos telefones (62) 3243-8051 e 8052 ou presencialmente.