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Brasília

Investigação da máfia dos concursos deve levar mais presos na próxima semana

Arquivo Geral

23/08/2017 7h00

Atualizada 22/08/2017 22h05

Foto: Reprodução

João Paulo Mariano
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A investigação da máfia dos concursos, deflagrada pela Operação Panoptes no início desta semana, deve levar mais pessoas para trás das grades. É o que adianta o delegado-adjunto da Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) da PCDF, Adriano Valente, um dos responsáveis pelo inquérito.

Ele alega que existam ao menos outras três organizações que desempenham fraudes semelhantes às feitas por Hélio Ortiz e seus comparsas. Valente também não descarta o envolvimento direto de outras pessoas neste grupo e acredita que na semana que vem devem ser feitas novas diligências para garantir que todos respondam criminalmente pelos delitos cometidos.

“Estamos analisando o que foi apreendido ontem (segunda). Foram muitos documentos, computadores, HDs e pen drives. Temos que analisar as provas documentais para decidir o próximo passo”, explica o delegado da Deco. Ele tem a convicção de que conseguiu desarticular essa quadrilha e que o grupo não concretizou a fraude nos concursos do Corpo de Bombeiros e da Terracap.

Assim, o próximo alvo da quadrilha, o concurso da Câmara Legislativa do DF, terá um risco bem menor de qualquer tipo de fraude. “A gente não descarta nada na investigação. Mas, até o momento, não há indícios de envolvimento da banca responsável pela aplicação da prova”, completa o responsável pela apuração dos fatos.

Saiba mais

  • Após o anúncio das prisões, o governador Rodrigo Rollemberg sinalizou que os servidores que tiverem a participação na compra das vagas nos certames devem ser exonerados.
  • Porém, para ter certeza das medidas a serem tomadas, será preciso esperar mais informações da investigação, pois seria prematuro tomar qualquer medida em um momento de investigação.
  • Para o delegado Adriano Valente, a decisão da exoneração dos servidores ou do cancelamento dos concursos depende de quem os promoveu.

Compradores de vaga

A estimativa da Polícia Civil é de que cerca de cem pessoas tenham se beneficiado da máfia. Porém, nem todas devem ser indiciadas. Deverão depor apenas aqueles que apresentarem forte envolvimento com a compra das vagas. Os fraudadores podem responder por falsidade ideológica, uso de documento falso e fraude a certame, que consta no Artigo 311 A do Código Penal. A pena varia de um a quatro anos, mais multa. Se a ação for cometida por funcionário público, a pena pode ser aumentada em 1/3.

Já no caso de Hélio Ortiz, considerado o chefe do esquema, a pena pode ser bem maior. Na rua onde foi preso, na QE 15 do Guará, os vizinhos ficaram surpresos. “Sempre o achei muito educado. Nunca deu problema”, diz uma moradora. Ela lembra que conheceu os filhos dele ainda pequenos e que todos sempre foram muito tranquilos.

A casa de Hélio se destaca entre na vizinhança por ter três andares, com fachada simples mas bem arrumada. De acordo com a apuração da polícia, Hélio vivia com o dinheiro obtido de forma escusa.

Indiciados continuam na cadeia

Hélio Otiz, considerado pela polícia o chefe da quadrilha, Bruno Ortiz, seu filho, Rafael Rodrigues da Silva Matias e Johann Guttemberg, que foram presos durante a operação na segunda-feira, continuam na cadeia. O último, além do pedido de prisão pela Panoptes, responde por posse de arma de fogo e de um veículo roubado – ambos encontrados em casa no momento da diligência.

Ontem, em audiência de custódia, Guttemberg teve a liberdade concedida pela juíza Lorena Alves, mediante fiança de R$ 3 mil. Porém, como havia a prisão preventiva a pedido da Polícia Civil, ele não pôde aproveitar a liberdade.

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