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Brasil

Influenciadores digitais dominam linguagens e estratégias para atingir públicos

Arquivo Geral

14/12/2017 7h00

Rafaella Panceri
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Likes, hashtags, marcações, comentários, compartilhamentos e seguidores — esses são alguns dos vários elementos que determinam a popularidade de alguém na internet. Se no passado o acesso à rede era possível por banda larga ou ocupava a linha telefônica, hoje o cenário é democrático. Podemos nos conectar à web com um smartphone na palma da mão e alguns cliques. Os formadores de opinião – antes celebridades e jornalistas selecionados –, hoje são gente comum, que domina o universo digital.

Eles estão presentes em todo o mundo, e em Brasília não é diferente. Influenciam comportamentos e consumo de milhares de seguidores ao publicar conteúdo relevante em plataformas como Facebook, Instagram, YouTube, blogs, sites e Snapchat. Medida pela audiência, a popularidade é atraente para marcas de diversos setores, que veem nos influenciadores digitais maneiras de obter sucesso em campanhas, aumentar vendas e ampliar o público. Não por acaso, a internet é usada por 26% dos brasileiros, atrás da TV, que tem audiência de 63% das pessoas, segundo a Pesquisa Brasileira de Mídia 2016.

Os influenciadores digitais de Brasília provam que o potencial dessa atividade vai além do eixo Rio-SP. Com publicações frequentes e de impacto, eles têm público-alvo específico, construído a partir da afinidade entre gostos e hábitos, ao lado de linguagem adequada para se comunicar.

Linguagem personalizada

Criadores do site Ryqueza, o casal Felipe e Daniel Abem, ambos com 28 anos, gosta de usar o humor para produzir conteúdo sobre gastronomia e estilo de vida. Com mais de 25 mil seguidores no Instagram, destacam que os influenciadores permitem às empresas usar uma linguagem personalizada. “Você não precisa ter uma estrutura jornalística, formal. Pode se utilizar da sua personalidade, do carisma, para passar a informação. Muita gente se identifica, cria uma empatia com você, confia, admira. A forma de se comunicar é mais próxima e direta”, opina Daniel Abem.

O casal não vive só de internet. Um é dentista e outro é servidor público. Começaram a carreira na web compartilhando idas a restaurantes com os amigos. Com o tempo, perceberam que isso gerava resultado. “Sempre com muito humor e sinceridade”, pontua Daniel Abem, e acrescenta que a participação e a vitória em um reality show voltado a influenciadores alavancou a carreira digital. Para ele, a atividade caminha para a profissionalização, com regulamentação própria. “Mas acho que sempre tem que manter a proximidade com o público. Quanto maior a intimidade com as pessoas que te acompanham, melhor vai ser o resultado”.

Para Sarah Gomes, 28 anos, o sucesso veio com o compartilhamento de conteúdo de maneira estratégica. A empresária, fundadora da empresa #PleasePostMe e influenciadora de marcas como Adidas e Grupo BHG Hotéis, pensa que os influenciadores são importantes para as marcas porque proporcionam uma comunicação natural, próxima do público alvo.

“Sempre há margem para inovação, porque cada influenciador tem uma relação diferente com o público. No futuro, acho que vai haver um esgotamento de tudo o que não é orgânico”, afirma.

“Divido minha vida e sei que tenho um lifestyle que as pessoas gostam de assistir. Compartilho moda, marketing, viagens. Tenho como princípio também não compartilhar negatividade e críticas. Só positividade”, avalia, se referindo ao sucesso profissional – só no Instagram, tem mais de 44 mil seguidores.

Estudo para saber o que compartilhar

Aline Souza, 24 anos, compartilha estilo de vida, mas dá destaque à moda e à estética, áreas que escolheu para estudar e compartilhar com seus 170 mil seguidores no Instagram. “Hoje em dia, o que mais bomba é gastronomia e moda. No nível em que eu estou, alguns restaurantes me convidam para conhecer o cardápio. As pessoas demonstram muito interesse”.

Ela acredita que as empresas trocam os altos gastos com anúncios em televisão e procuram os blogueiros. “São preços mais acessíveis e eles conseguem atingir um público muito grande”, avalia. Por causa da internet, ela conta que já recebeu excelentes propostas de trabalho, fez grandes viagens e realizou sonhos. Em um futuro próximo, quer reconhecimento. “Querendo ou não, é um trabalho. Você dedica tempo, se esforça e corre atrás de tudo para dar o seu melhor”, desabafa.

Dono de um canal no YouTube sobre cinema, Max Valarezzo, 25 anos, conta que a dedicação ao trabalho é integral. “São muitas horas para produzir no ritmo e na qualidade que produzimos. Ainda não conseguimos receber proporcionalmente à quantidade de trabalho que a gente tem”, afirma, e acrescenta o motivo: o canal está em plena ascensão. A equipe, formada por ele e dois editores de vídeo, atualmente gera conteúdo para mais de 88 mil pessoas.

“Em 2017, saímos de 7 mil para quase 90 mil, ganhando em média 200 inscritos por dia. Estamos indo bem e chamando a atenção de anunciantes”, expõe Valarezzo, e diz viver um sonho. “É meu emprego como eu gostaria”. O canal nasceu da paixão pelo cinema, que vem desde a faculdade de Comunicação Social.

Para ele, é crucial que as empresas saibam trabalhar ao lado dos influenciadores digitais. “A importância que o público dá para eles é cada vez maior. O público está no número de seguidores e é isso que as empresas querem: a atenção dessas pessoas”, opina. Na visão do youtuber, a divulgação de serviços e produtos tem efeito certo. “Com certeza. Principalmente com um público engajado, que comenta, participa, assiste a todos os vídeos. Quando você faz uma divulgação para um público que confia em você, a chance de eles se interessarem pela marca e pelo produto é muito grande”.

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