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Brasília

Indígena vence concurso de fotografia apoiado pelo Jornal de Brasília

Arquivo Geral

27/11/2018 21h25

Reprodução/Instagram

Ana Karolline Rodrigues
redacao@grupojbr

O fotógrafo indígena Edgar Corrêa Kanaykõ, morador da terra Xakriabá, no norte de Minas Gerais, venceu o prêmio Brasília Photo Show 2018,  maior festival de fotografia popular do Brasil, na categoria Foto Jornalística/Documental. A categoria foi apoiada pelo Jornal de Brasília.

Em uma festa do ritual Kuarup, do qual participou em agosto de 2015, o fotógrafo de 28 anos registrou a chegada de vários povos à Aldeia Ipatsé com a imagem “Entardecer do Kuarup”, que será publicada no livro Brasília Photo Show 2018/19, além de ser estampada na edição do JBr..

Esta foi a quarta edição do concurso, e teve como tema a frase “Fotografia sem amarras, arte sem fronteiras”. A divulgação dos vencedores dos prêmios ocorreu no evento Brasília Photo Expo, realizado entre os dias 15 e 18 de novembro na capital. Edgar, porém, não pôde viajar para participar do evento. Para ele, receber o prêmio é uma vitória não apenas sua, mas que pertence também à toda população indígena.

“É uma honra representar a mim e aos outros indígenas também, porque esse prêmio é uma forma de garantir a preservação dos nossos costumes e valores”, afirmou.

Com cunho etnofotográfico – movimento próprio de fotógrafos indígenas brasileiros -, o trabalho de Edgar documenta a vida e luta destes povos. “Busco registrar a nós mesmos e o que somos a partir do nosso ponto de vista”, disse.

Batizada de “Entardecer do Kuarup”, a imagem vencedora do concurso Brasília Photo Show 2018 revela a chegada de vários povos à Aldeia Ipatsé. Foto: Edgar Corrêa Kanaykõ

Ritual

O momento representado na imagem vencedora do prêmio é um exemplo desse trabalho documental. Realizado pelo povo Kuikuro,  no Alto Xingu (MT), o ritual Kuarup representa a “despedida do luto” com uma homenagem aos mortos celebrada pelo povo Xingu e por outros povos convidados a participar da festa final.

O rito vem de crença da população Xingu de que um indígena mitológico, Mawutzinin, desejando reviver os mortos, cortou três troncos da árvore kuarup, os pintou e adornou com colares e penas de cada um. Após um dia, os troncos da árvore se transformaram naquelas pessoas, que voltaram à vida.

O ritual indígena acontece durante uma semana de danças e cantos e, ao final, outros povos chegam ao local para celebrar a despedida e jogar os troncos no rio. Edgar, que foi convidado a participar por parentes da tribo no Mato Grosso, não foi para o local com a intenção de fotografar. Porém, ao observar a chegada dos outros povos, decidiu fazer o registro vencedor do prêmio.

O fotógrafo, então mestrando em Antropologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), se inscreveu no concurso no meio deste ano com mais 12 mil outras pessoas, que pela primeira vez no festival puderam escolher entre as 16 categorias disponíveis. Ele, que não conhecia a premiação, participou após a indicação de uma amiga e se surpreendeu com o resultado. “Essa vitória tem um grande significado para nós, indígenas”, comemorou.

 

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