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Brasília

Imóveis abandonados em área nobre de Brasília viram focos de dengue

Arquivo Geral

25/04/2017 7h00

Atualizada 24/04/2017 22h17

Foto: Ariadne Marçal

Amanda Karolyne
[email protected]

Casas abandonadas são um prato cheio para a proliferação da dengue e de outras doenças. Só no Lago Sul, estima-se que há 60 lotes em situação de negligência e abandono, segundo levantamento recente da administração regional. Moradores se preocupam e alegam que denúncias ao governo não resolvem o problema.

Na QI 19, o mato alto denuncia o descaso com um casarão. A piscina acumula água suja, lodo e lixo. A última manutenção ocorreu há mais de um ano, conforme o relato da jornalista Mariana Domenici, 29 anos, que mora ao lado.

A vizinha alega ter tentado contato com o dono da casa, mas ninguém sabe onde ele se encontra. Depois de procurar os órgãos governamentais competentes, ela já não sabe o que pode ser feito. A constante preocupação é com a dengue, devido à água parada.

De tão alto, o mato chegou à propriedade em que Mariana reside com a família. “Já está maior que o muro que divide os imóveis”, observa. Nem a dedetização e a limpeza semanais impedem a invasão de bichos. “Por mais que tentemos manter a casa higienizada, não conseguimos porque o matagal e a sujeira da outra casa é maior”, reclama a jornalista.

Gambás, macacos e ratos, entre outros animais, já foram flagrados ali. A dona de casa Sheila Gonçalves, 55 anos, mãe de Mariana, comenta que achou graça na primeira vez que viu os macacos andando em bando em cima do muro, e até levou comida. Mas logo o marido interveio, explicando que isso atrairia mais animais e que eles nunca sairiam de lá. Mas nem isso adiantou. Gatos tomaram conta das almofadas da área de lazer – até carne roubaram –, e gambás se apossaram de um banheiro.

“Não consigo aproveitar minha área de lazer por medo desses bichos”, salienta Sheila, ao ponderar que não faria nada para feri-los. Outros vizinhos pensam diferente e foram mais longe, colocando veneno para matar os inquilinos inconvenientes. “Apareceram três gatos mortos aqui em casa”, frisa.

Morando ali há 15 anos, ela acrescenta que a casa ao lado costumava ser alugada.

Denuncia, apesar de tudo

Apesar de as moradoras do Lago Sul se queixarem da falta de resposta, o governo alega fazer a sua parte e incentiva as denúncias. A Secretaria de Saúde informou que pratica ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, com atividades que vão desde conscientização dos moradores e comerciantes até a erradicação de focos.

Por meio de nota, a pasta também informa que, no caso de terrenos sem manutenção ou abandonados, a administração regional local é acionada. Se o proprietário não for localizado, os agentes são autorizados a entrar para checar se há focos de dengue. “E podem efetuar ações de combate, caso haja necessidade”, destaca o texto.

A Administração do Lago Sul, por sua vez, destaca que as denúncias de casas abandonadas são registradas pelo número 162, e os casos são encaminhados aos órgãos competentes. “Vale ressaltar que a maioria das denúncias é sobre lotes abandonados, o que oferece risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti. Por isso, a administração também encaminha a demanda à Vigilância Sanitária”, esclarece.

Por fim, apesar dos problemas denunciados, a administração ressalta que os casos de dengue diminuíram, assim como a quantidade de lotes sem conservação. Ainda segundo o órgão, o poder mandatário e fiscalizador dessa demanda é da Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis).

Procurada, a agência assegurou que a denúncia a respeito da QI 19 está sendo averiguada e um inspetor de limpeza urbana será enviado ao local. A Agefis ressalta que a legislação determina a manutenção e a limpeza dos lotes, que devem ser mantidos cercados e com calçada. Ao ser notificado, o proprietário terá 30 dias para seguir as normas. “Se comprovado o descumprimento, a multa é de 1,5% do valor do imóvel”, adverte a Agefis.

Serviço

As denúncias podem ser feitas pelos telefones 160 (Secretaria de Saúde) e 162 (Ouvidoria do GDF) ou pelo site www.ouvidoria.df.gov.br. Também há a opção de enviá-las para o endereço [email protected] com a foto ou a filmagem anexada, além do número do protocolo registrado no 162. A Agefis garante o sigilo de quem repassar as informações.

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